Cultura

Teatro: Circuito Internacional decorre em formato Live

Manuel Albano

Jornalista

Com todas as incertezas e adiamentos possíveis, por culpa da pandemia da Covid-19, ainda assim, não foi suficiente para o cancelamento da 5ª edição do Circuito Internacional de Teatro (CIT), como referiu na sexta-feira, o mentor do projecto, Adérito Rodrigues “BI”, na gala de abertura, realizada no Memorial Dr. António Agostinho Neto.

01/11/2020  Última atualização 20H42
Grupo CIT levou à cena o espectáculo dramático “Catoca” que narra o percurso histórico daquela sociedade mineira © Fotografia por: Vigas da Purificação | Edições Novembro
Apenas com "lives” em directo, nas várias plataformas digitais do festival,  às quintas e sextas-feiras, com transmissão na TPA, a partir das 17h00, o público terá acesso aos conteúdos dramáticos das peças de teatro, uma vez que o festival, este ano, acontece sem a presença do público.

O grande "ensaio” do novo formato aconteceu na gala de abertura oficial, com a exibição de peças dos grupos Tremura Show, atelier D’artes Lucengomono e CIT. O músico Johnny Master, em substituição do cantor e compositor Gabriel Tchiema, animou a gala.

A abertura do festival, que este ano conta com a participação de 13 grupos de teatro, sob o lema "Angola 45 anos com teatro na promoção da cultura de paz”, contou com a performance do grupo tradicional Tremura Show, na qual apresentaram a diversidade cultural e a riqueza rítmica do folclore nacional, particularmente, das províncias das Lundas Norte e Sul. O espectáculo, montado com vários números intercalados, teve seguimento com a peça de teatro "Inocência”, um monólogo de Francisco Makiiesse, que aborda a banalização das artes cénicas no país.

O grupo CIT encenou a peça "Catoca”, que narrou o percurso histórico da instituição, desde a existência, formação de quadros, parcerias, modernização e desafios no contexto actual.
No final do evento, Fragata de Morais, o homenageado do festival, foi distinguido com um diploma de mérito, galardão CIT, um auto-retrato em tela pintado pelo artista plástico Guilherme Mampuya.


A visita

Do novo formato "Live CIT”, foi com a exibição do espectáculo "A visita”, do grupo Catarcis Teatro, no sábado, na Liga Africana, em Luanda, que arrancou "a festa do teatro”. Para o primeiro dia de festival, o grupo Catarse Teatro apresentou a peça "A visita”, adaptada do livro de Fragata de Morais, o homenageado do festival, que retrata a história de Carla Maria, uma mulher de 45 anos, viúva há 10 anos.

O pano de fundo do espectáculo é a residência da protagonista, que começa a relembrar momentos do passado, quando encontra uma ex-amiga de  escola. Porém, as duas são surpreendidas por um ladrão.


  Secretária de Estado destaca o papel pedagógico do teatro
A secretária de Estado para o sector da Cultura, do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, Maria Piedade de Jesus, destacou, em Luanda, a importância das artes cénicas, em particular o teatro como uma das ferramentas pedagógicas para a formação da sociedade, na missão de ajudar a transformar o pensamento humano.

Em declarações à imprensa, na abertura da 5ª edição do Circuito Internacional de Teatro (CIT), a governante explicou que o teatro desempenha uma importante função pedagógica para o desenvolvimento e surgimento de sociedades "pacíficas e resilientes tendo um carácter inclusivo por agregar para a representação, a combinação de outras artes”.

Na qualidade de vice-presidente da Comissão Nacional de Angola para a Unesco, agradeceu o convite para proceder à abertura do festival, tendo recordado que este ano apresenta-se num formato "CIT Live”,  ajustado às regras de biossegurança e distanciamento social, procurando paralelamente, alargar a visibilidade por via dos diversos meios de comunicação social e pelas redes sociais.

A presente edição, frisou, sob o lema "Angola 45 anos, com Teatro, na Promoção da Cultura de Paz”, é também uma oportunidade para se reflectir em torno das conquistas realizadas desde a celebração da Independência, já que o evento vem associar-se às várias iniciativas comemorativas do 45º aniversário da independência do país.

Recordou o "Fundador da Nação” e Primeiro Presidente da República, António Agostinho Neto, destacando o célebre poema "Havemos de Voltar”, para fazer analogia com o seu discurso que "aos nossos batuques, carnavais, havemos de voltar”. E com essa mensagem de resiliência, felicitou a iniciativa que tem procurado resgatar "valores culturais positivos e valorização da cultura, como o símbolo da angolanidade”.

Sublinhou que é a observar o futuro e tendo um entendimento das artes e da própria cultura que se poderá interpretar da melhor maneira a realidade actual, os desafios a enfrentar com pragmatismo.
Apesar das dificuldades actuais, adiantou, para a Unesco, é essencial que os Estados encontrem formas de promover a protecção da diversidade cultural, reunindo artistas, profissionais da cultura, organizações não governamentais e o sector privado para "juntos reflectirem sobre as repercussões da pandemia e o futuro da diversidade cultural, desenvolvida através da inteligência colectiva e construção conjunta.”

Para Maria Piedade de Jesus, o Executivo vai continuar a manter o compromisso de apoiar a melhoria da situação social dos artistas, optimizar as parcerias, bem como o compromisso de apoiar institucionalmente iniciativas sustentáveis, como o Circuito Internacional de Teatro.

O programa do "CIT Live”, lembrou, prevê um mês de teatro nacional que no actual momento de confinamento social, chega a todos pelas televisões e redes sociais. "Encorajamos os mecenas a apoiar o sector como forma de ajudar a mitigar as grandes dificuldades que os grupos e associações enfrentam na materialização dos programas culturais que têm permitido dar ocupação à juventude”.

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