Economia

Alta de preços incentiva aposta na produção local

A depreciação do kwanza e a subida dos preços dos bens importados, verificadas nos últimos anos, são duas variáveis fundamentais para incentivar o aumento da produção nacional.

08/11/2020  Última atualização 23H00
Fundo Monetário Internacional vai disponibilizar mais dois mil milhões de dólares em 2021 © Fotografia por: DR
O chefe da Missão e o representante residente do FMI para Angola, designadamente Mário de Zamaróczy e Marcos Souto, consideram que "quando o kwanza se deprecia, existe uma pressão ascendente sobre a inflação. No entanto, à medida que o preço dos produtos importados aumenta em moeda local, os incentivos estão a mover-se no sentido de aumentar a produção nacional”.

Os dois quadros senior do Fundo Monetário Internacional (FMI) admitem que "isto não só impulsiona o sector privado nacional, mas também ajuda o consumidor angolano a médio prazo, ao trazer para o mercado produtos nacionais mais baratos”.
No artigo publicado pelo Jornal de Angola na edição de sábado, partilham a visão que têm sobre a economia nacional e reiteraram o apoio de dois mil milhões de dólares no próximo ano, além da mobilização de mais parceiros para o desafio da diversificação em curso.

Segundo lembram, o Conselho Executivo do Fundo Mo-netário Internacional (FMI) aprovou a terceira revisão do programa de Angola no âm-bito da linha de financiamento alargado, um mecanismo que apoia a estabilização económica em economias emergentes.

"Isso permitiu o desembolso imediato de mil milhões de dólares a Angola. Cerca de 2,5 mil milhões de dólares já foram desembolsados desde o início do programa em 2018 e a previsão é de que, quando o programa for concluído no final de 2021, sejam disponibilizados mais dois mil milhões”, escrevem.

Para os quadros do FMI, o desembolso recente foi au-mentado em comparação com os planos iniciais, a fim de ajudar os esforços das autoridades em controlar a propagação da pandemia Covid-19 e aliviar os seus impactos.

Taxa de juros atractiva

Nesse sentido, vale ressaltar, conforme advogam, que o apoio do FMI tem condições financeiras "brandas”, com quatro anos de carência para o principal e taxas de juros abaixo do mercado.
Outra posição de acentuado mérito na visão dos homens do FMI foi a decisão do Conselho de Administração da instituição ao aprovar a terceira revisão, prova de confiança dos países membros depositada nas instituições angolanas e nos esforços que têm sido feitos para implementar reformas difíceis, mas necessárias.

É ainda, como assumem, um sinal claro de que a comunidade internacional considera que o programa está no caminho certo e merece um apoio contínuo, especialmente neste momento de crise.
A jornada até agora não foi fácil. No entanto, é importante não perder de vista o ponto de partida, caracterizado por grandes desequilíbrios estruturais e macroeconómicos, acumulados em anos anteriores.

O Governo desde então empreendeu uma profunda transformação institucional, alterando o quadro legal e re-gulamentar de forma abrangente, num esforço para implementar boas práticas de governação.
Preparou um conjunto de leis novas ou revistas que irão regular as finanças pú-blicas, as instituições financeiras, as empresas estatais, o Banco Nacional de Ango-la (BNA), o investimento e o quadro jurídico na luta contra o financiamento ao terrorismo e o branqueamento de capitais.

Medidas importantes foram implementadas para avaliar e melhorar ainda mais a solidez do sector bancário em Angola e as práticas de gestão de risco.
O BNA fortaleceu a regulação e supervisão dos bancos e implementou importantes reformas para promover uma maior flexibilização da taxa de câmbio, em linha com as forças do mercado, a fim de estimular uma alocação mais eficiente dos recursos em moeda estrangeira.

Investir na transparência

A transparência está sendo reforçada em várias frentes, com a publicação de um plano de gestão da dívida pública, de contas auditadas de grandes empresas estatais e de relatórios de execução orçamentária, entre muitas outras iniciativas.
Reconhecem, por via disso, que o Governo angolano em-barcou num programa de privatização ambicioso e o esforço para colocar as finanças públicas em uma posição firme tem sido notável, apesar de uma crise sem precedentes.

Por causa dos recursos fi-nanceiros escassos, explicam, o orçamento precisa ser administrado da maneira mais eficiente possível. Projectos públicos devem ser cuidadosamente avaliados.

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