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Dimuca à espera de dias melhores

Na comuna de Dimuca, cerca de 35 quilómetros da cidade de Negage, no município com o mesmo nome, há falta de quase tudo. A população passa por várias dificuldades.

01/03/2021  Última atualização 17H53
Ângulo da sede da comuna de Dimuca onde a população espera por mais acções para melhorar a qualidade de vida © Fotografia por: Edições Novembro
A vila não tem energia eléctrica há mais de cinco meses, por falta de combustível para o grupo gerador de corrente eléctrica, com capacidade de 250 KVA.
Há mais de oito meses que a água deixou de jorrar nas torneiras das residências dos cerca de 13.850 habitantes, devido à uma avaria verificada no equipamento que a bombeia da fonte até ao tanque aéreo, responsável pela distribuição domiciliar, por via de gravidade, o que faz com que a população seja obrigada a percorrer mais de três quilómetros até aos rios mais próximos.

"Embora estejamos a viver em residências de construção definitiva, nosso estilo de vida é muito primitivo. Não temos acesso à televisão e o sinal da Rádio Negage chega com muitas dificuldades. A partir da 18 horas nosso isolamento é total. Ficamos todos dentro de casa, porque a vila fica muito escura, por falta energia eléctrica”, disse um funcionário da administração comunal, que preferiu não ser identificado.

Acrescentou que há cerca de quatro meses deu-se início aos trabalhos de terraplanagem da estrada que dá acesso à sede comunal, com 35 quilómetros, e do troço de cerca de 23 quilómetros até à ponte sobre o rio Lulovo. A empreitada, a cargo da brigada de recuperação e manutenção de estradas, afecta ao Gabinete Provincial dos Serviços Técnicos e Infra-estruturas, não foi concluída.

"Um boa parte do troço já tinha sido intervencionada, com trabalhos preliminares de desmatação, alargamento da estrada e nivelamento dos solos. Chegou-se até a colocar brita para evitar a lama. Tínhamos esperança que até a ponte sobre o rio Lulovo seria reconstruída, mas, para o espanto de todos, as máquinas foram desmobilizadas e levadas para outro local. Todo o trabalho que estava a ser feito começou a se degradar”, disse o funcionário da Administração Comunal.
Na comuna, referiu, existem várias escolas, algumas com necessidade de serem reabilitadas, tendo em conta o estado de degradação que apresentam.  O principal problema para o sector da Educação é a falta de professores, devido às deficientes condições de acomodação e de vida.

Apenas um enfermeiro
Nogueira Marques é o único enfermeiro que presta assistência médica e medicamentosa aos cerca de 13.850 habitantes da comuna de Dimuca há cerca de oito meses, altura em que os outros colegas, que trabalhavam por regime de contrato, abandonaram o local, por falta de pagamento dos subsídios. Diariamente, o enfermeiro atende mais de 50 pessoas provenientes das aldeias e regedorias que compõem a comuna. Nogueira Marques defende o aumento de pelo menos mais quatros técnicos, para facilitar o trabalho.

"É desgastante ter que atender diariamente mais de 50 pacientes. Algumas vezes, de tanta sobrecarga, peço para regressarem no dia seguinte, mas nunca sou bem sucedido e sou, infelizmente, obrigado a suportar a rotina todos os dias”, referiu. A malária, hipertensão arterial, gastrite e doenças diarreicas e respiratórias agudas são as mais frequentes na região. O enfermeiro Nogueira Marques garante que no posto de saúde existem medicamentos suficientes, sobretudo antipalúdicos e testes rápidos para malária.

Encontrar soluções
Recentemente, deputados da Assembleia Nacional, pelo círculo provincial do Uíge, estiveram na comuna de Dimuca para constatar a situação socioeconómica daquela região, tendo visitado a obra de uma escola de sete salas de aula, inserida no Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) e a ponte sobre o rio Lulovo, destruída durante o conflito armado
O coordenador da missão dos parlamentares, Pedro Augusto Conga, reconheceu que a região enfrenta muitas dificuldades e que é necessário encontrarem-se soluções para as mesmas.

Pedro Augusto Conga sublinhou que os deputados constataram, com alguma preocupação, a morosidade verificada nas obras do PIIM, provocada pelo atraso na disponibilização dos recursos financeiro ao empreiteiro. Consideraram ser necessário a reposição da ponte sobre o rio Lulovo, tendo em conta a sua importância para a circulação de pessoas e bens, sobretudo no escoamento da produção agrícola.

"A reposição da ponte vai facilitar o escoamento da produção agrícola de Dimuca para os municípios do Puri e Alto Cauale e permitir um novo acesso às província de Malanje e Cuanza-Norte. Fizemos anotações e vamos procurar trabalhar com o Governo da província para se encontrar soluções pontuais para algumas preocupações e, na Assembleia Nacional, defendermos a inclusão do projecto de reconstrução da ponte sobre o rio Lulovo no próximo Orçamento Geral do Estado”, salientou o coordenador da missão dos parlamentares.

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