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Diplomata considera agricultura o grande pilar da economia em África

A diplomata angolana e comissária do Departamento de Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável da União Africana (DARBE-UA), Josefa Sacko, revelou, em Puglia, Itália, que a agricultura continua a ser o pilar da economia africana, representando 17,2 por cento do Produto Interno Bruto do continente.

29/09/2024  Última atualização 10H48
Josefa Sacko disse que o continente possui ingredientes naturais para a produção agrícola © Fotografia por: DR
Josefa Sacko avançou os dados durante o evento da cúpula do G7 (grupo dos países mais industrializados do mundo), referindo que o sector consome 52 por cento do emprego total em África e 75 por cento do comércio interno.

A agricultura do continente, disse a diplomata, tem um "enorme potencial", por possuir os ingredientes naturais necessários para aumentar consideravelmente a produção agrícola, a julgar por cerca de 600 milhões de hectares de terra arável não cultivada, incluindo perto de 65 por cento da terra arável disponível no mundo, uma abundância de água doce, para além de uma mão de obra jovem e crescente, aumento da urbanização e grandes mercados regionais, especialmente com a assinatura da Área de Comércio Livre Continental.

A diplomata angolana referiu, ainda, que, desde 2000, a África Subsaariana registou, também, a taxa de crescimento agrícola mais elevada de todas as regiões do mundo, e, apesar do imenso potencial e do desempenho recente, o continente não tem sido capaz de transformar as vantagens do sector num fulcro de desenvolvimento, devido a problemas multifacetados.

"Ainda assiste-se a dificuldades em adquirir terras aráveis para a agricultura em grande escala, devido a direitos legais mal definidos, infra-estruturas deficientes, especialmente em termos de estradas e electricidade, que tornam as empresas agro-industriais pouco rentáveis e pouco competitivas”, explicou a Comissária do DARBE-UA.

Josefa Sacko sustentou a tese considerando que a agricultura africana continua a ser predominantemente de sequeiro e liderada por pequenos agricultores com baixa produtividade, sublinhando que aproximadamente 80 por cento das terras agrícolas na África Subsaariana são ocupadas por pequenos agricultores, que cultivam culturas de subsistência ou de rendimento, em pequenas parcelas de terra.

Para mudar o quadro actual, referiu, a União Africana concebeu uma nova estratégia de impulsionar a agricultura, que consiste num programa de dez anos, com vista a modernizar o sector e aumentar a resiliência, cujo plano será apresentado no próximo ano pelos Chefes de Estado e de Governo africanos, na cimeira extraordinária aprazada para Kampala.

"África está pronta para o negócio e estamos a convidar investidores privados dos países mais industrializados do mundo a virem investir na agricultura africana, especialmente no agronegócio, que deverá atingir um bilião de dólares, até 2030”, realçou.

A qualidade da cooperação actual com G7, analisou a diplomata, é boa, embora reconheça que pode ser melhorada, apelando à necessidade de se estabelecer diálogos sérios e dedicados a montante com os países africanos e organizações africanas, como a Organização Africana de Cooperação e Desenvolvimento Económico, para se identificar e co-desenhar programas e projectos conjuntos.

"Por exemplo, no caso da Alemanha, estamos a trabalhar muito bem, para rever as nossas políticas agrícolas. Queremos esse tipo de apoio de outros países do G7, especialmente para mitigar o impacto das alterações climáticas nos agricultores africanos”, esclareceu.

Josefa Sacko citou que, no ano passado, o Governo italiano lançou um plano, denominado "Plano Mattei”, cujo objectivo é ajudar os países africanos a desenvolver a própria agricultura, de modo a serem auto-suficientes em termos alimentares e evitar a migração.

Acrescentou que será importante utilizar o "Plano Mattei”, para atrair investimentos públicos e privados nos grandes programas africanos, como o Programa Global de Desenvolvimento Agrícola em África, o Programa de Desenvolvimento de Infra-estruturas em África e a Zona de Comércio Livre Continental Africana”.

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