Cultura

Diversidade alimentar do continente reunida em feira gastronómica

Victória Ferreira

Os alimentos de várias regiões do país e de outras partes do continente africano são apresentados no próximo dia 29, das 9h00 às 17h00, no espaço Cantinho do Gosto, Samba, em Luanda, durante a realização de mais uma edição da feira gastronómica “Pitéus da Bwala”.

17/05/2021  Última atualização 08H55
Projecto vai explorar as potencialidades dos pratos nacionais © Fotografia por: DR
A iniciativa da "master-chef” Alzira Paxe e da activista cultural Miriam N’zinga, tem permitido, ainda, divulgar a riqueza dos alimentos africanos, a importância, valor nutricional e aspectos desconhecidos sobre estes aos vários participantes.
O objectivo, contam as organizadoras, é realizar, doravante, no último sábado de cada mês, um encontro para degustar e debater sobre a culinária, com feirantes e expositores convidados, para apresentarem as variedades alimentares típicas do país e da África subsariana.

"Angola é um país onde se pode encontrar uma diversidade de sabores, vindos de vários pontos do continente. A ideia é mostrar se há diferença entre os alimentos de uma e outra região, apesar de, em alguns casos, serem falantes do mesmo idioma. Por exemplo, há pratos típicos bakongo que são feitos cá e noutros países como os Congos ou Gabão. Queremos ao longo da feira mostrar se há ou não diferenças entre estes”, revelou Alzira Paxe.

O hábito de uma alimentação mais saudável, destacou, é fundamental, em essencial para os filhos, "que precisam aprender a valorizar mais os produtos nacionais, com alto valor nutricional”. "Hoje em dia, as pessoas estão cada vez mais familiarizadas com os produtos da terra, mas muitos ainda têm o preconceito de que a melhor  comida é a ocidental”, realçou.

Muitas pessoas, explicou Miriam N’zinga, desconhecem determinados factos culturais ligados à gastronomia. "A ideia da feira é dar a conhecer mais sobre alguns pratos e a influência cultural destes, em especial nesta fase em que há uma crescente aculturação da juventude. A herança gastronómica é parte fundamental da própria identidade, por isso precisa ser melhor preservada”, defendeu.

O valor dos alimentos, enfatizou, em particular alguns como a múcua, que além da culinária já é exportada para outros países, deve ser melhor explorado. "Hoje, há pessoas que têm a moringa nos quintais e não conhecem a importância e valor desta”, lamentou.
Para Miriam N’zinga, "o que falta é uma mudança de consciência para as pessoas perceberem a importância da alimentação com base na actual realidade”. Aficionada pela cultura e culinária africana, a activista cultural acredita que ainda há muito por se explorar a nível da gastronomia.

"A meta é trazer à feira a gastronomia de todas as províncias, povos e grupos étnicos do país, sem esquecer que quando falámos de gastronomia, devemos incluir, igualmente, as bebidas típicas de cada região, sem qualquer tipo de censura. Esperamos ter especialistas capazes de falar um pouco sobre cada uma delas, desde o surgimento ao efeito e conteúdo histórico”, disse.

A primeira edição da feira, realizada no dia 1, deu uma ideia do projecto, apesar de ter sido o passo inaugural. Nesta edição, além da gastronomia, a organização pretende incluir a exposição de artes plásticas, com  peças de artesanato de várias regiões.

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