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Dupla ofensiva dos aliados mata 94 rebeldes na RCA

O Exército lançou duas operações na tarde de segunda-feira, que resultaram na morte de 44 rebeldes em Boyali, no Norte do país, e cerca de 50 em Boda, uma cidade a 195 quilómetros da capital centro-africana, Bangui.

26/01/2021  Última atualização 19H55
O Exército governamental centro-africano conta com apoio das forças rwandesas e russas © Fotografia por: DR
As informações foram anunciadas, ontem,pelo ministro da Comunicação da RCA e porta-voz do Governo, Ange Maxim Kazagui, à Efe, não tendo este apresentado as baixas registadas pelas forças centro-africanas.
"O nosso Exército e as tropas aliadas lançaram uma ofensiva na cidade de Boyali contra as posições rebeldes que estão a desestabilizar o país. As nossas forças ma-taram 44 combatentes inimigos, incluindo chadianos, sudaneses e elementos re-negados do Exército nacional", afirmou.

"Em Boda, a Sul da capital, os nossos corajosos soldados libertaram a localidade que estava sob o controlo das forças inimigas. Durante a ofensiva das nossas tropas, cerca de 50 combatentes inimigos foram neutralizados", acrescentou o governante e porta-voz.

A 17 de Dezembro, seis dos grupos armados rebeldes que ocupam dois terços da RCA aliaram-se na Coligação de Patriotas para a Mudança (CPC), tendo, a 19 de Dezembro, oito dias antes das eleições presidenciais e legisla-
tivas, anunciado uma ofensiva para impedir a reeleição do Presidente, Faustin Ar-change Touadéra.
Desde aí, Bangui tem sido bloqueada pelos principais grupos armados, que realizaram vários ataques a im-portantes estradas nacionais que ligam a capital a países vizinhos.

Segundo Kazagui, os confrontos envolveram dezenas de rebeldes da CPC que pretendiam atacar a capital, à semelhança do que aconteceu a 13 deste mês, num ataque repelido pelas Forças Armadas e pela Missão da ONU no país (Minusca).
Na quarta-feira passada, a missão das Nações Unidas na RCA, Minusca, criticou as tentativas dos rebeldes no país asfixiarem a capital, Bangui, alertando para a "tragédia social e humanitária" que poderá afectar a população.

Segundo as Nações Unidas, o preço de alguns produtos essenciais aumentou, pelo menos, 50 por cento em alguns lugares do país, o segundo mais pobre do mundo e com mais de um terço da população a enfrentar um elevado nível de insegurança alimentar.

Depois de decretar um recolher obrigatório em todo o território nacional entre às 20h00 locais (18h00 em Angola) e às 5h00 locais (5h00 em Angola) para lutar contra o avanço dos rebeldes depois destes terem tomado a cidade de Bangassou, o Governo da RCA decretou duas semanas de estado de emergência em todo o território a 22 de Janeiro.
Segundo o porta-voz presidencial, Alberto Yaloké Mokpeme, o país enfrenta "uma tentativa de golpe de Estado por parte da coligação rebelde e a segurança da po-pulação e das instituições está sob forte ameaça".

A reeleição à primeira volta do Presidente, Faustin Ar-change Touadéra, com 53,16 por cento dos votos, foi validada a 18 de Janeiro pelo Tribunal Constitucional, que rejeitou recursos dos opositores que alegavam "fraude eleitoral generalizada".

Touadéra tinha sido declarado reeleito a 4 de Janeiro após uma votação que foi contestada pela oposição e na qual apenas um em cada dois eleitores recenseados teve a oportunidade de votar por causa da insegurança fora da capital, Bangui.
O Tribunal validou a taxa de participação eleitoral em 35,25 por cento, muito abaixo dos 76,31 por cento anunciados provisoriamente pela Comissão Eleitoral no dia 4 deste mês.

A Missão das Nações Unidas no país, Minusca, perdeu, pelo menos, sete Capacetes Azuis desde o lançamento, no final do ano, de ataques coordenados e simultâneos dos grupos armados reunidos na coligação anti-Balaka, aliados do antigo Presidente François Bozizé.

A RCA caiu  na violência a 2013, após o derrube do então Presidente François Bozizé, por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas na anti-Balaka. Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.

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