Cultura

Escritora Yola Castro pede mais incentivos

A falta de incentivos e de uma política mais forte de promoção e valorização da literatura infantil no país é um dos maiores entraves ao desenvolvimento deste género, criticou, ontem, a escritora Yola Castro.

02/04/2021  Última atualização 12H10
Autora critica ausência de políticas mais consistentes © Fotografia por: DR
A autora disse em entrevista ao Jornal de Angola, por ocasião do Dia Mundial do Livro Infantil, celebrado hoje, que a ausência de políticas de incentivo ao livro infantil é dos principais motivos para a redução dos hábitos de leitura, uma situação cada vez mais agravante, quando associada à falta de bibliotecas nas escolas e comunidades.

"Outro pormenor que muito prejudica no renascimento dos hábitos de leitura é o fraco poder de compra das famílias, uma realidade mais facilmente invertida se o livro infantil no país fosse dos primeiros contactos das crianças”, defendeu.O livro, destacou, não serve apenas para educar as crianças. "Quando avaliado numa perspectiva mais ampla é uma boa ferramenta para o combate à pobreza, delinquência e outros problemas sociais”.

Para a escritora, a literatura infantil precisa estar presente na vida de cada cidadão todos os dias e não apenas em datas festivas e efemérides. "Precisamos criar o gosto pela leitura e o hábito de comprar livros às crianças”, sustentou, além de manifestar descontentamento pelo facto de os autores deste género ainda não terem a devida valorização. "Temos feito muito na promoção da literatura infanto-juvenil, mas ainda assim, falta-nos o merecido reconhecimento”, disse.
A efeméride

O Dia Internacional do Livro Infantil, celebrado hoje em homenagem ao escritor dinamarquês Hans Christian, serve de reflexão sobre o estado deste género e, para Yola Castro, é uma oportunidade para um maior envolvimento da sociedade na divulgação deste género literário.A autora de "O guloso”, "A borboleta colorida e a linda joaninha” e a "Colectânea do conto infantil e Vuvukyetu”, lamentou o facto de até hoje o livro ainda não ser visto como elemento essencial ao desenvolvimento da Nação.

O livro infantil, explicou, precisa ter uma linguagem simples, com mensagens de paz, alegria, amor, solidariedade, respeito aos mais velhos, cidadania, valorização do património e de promoção da harmonia familiar. "Os principais textos literários infantis nacionais têm respeitado os conteúdos e perfis universais. Como consultora literária tenho mantido o contacto com a literatura angolana e internacional e, portanto, posso garantir este respeito pelos padrões universais, sob orientações do Fundo das Nações Unidas para a Infância”, aclarou.  

Quanto aos avanços das novas tecnologias, a escritora garante não existir risco de extinção da literatura infantil. A família, disse, tem um papel determinante no incentivo à leitura e à compra de livros. Os professores e directores de escolas devem ser os principais promotores da literatura no meio académico. "É importante a criação de cantinho de leituras na ausência de bibliotecas”, pediu.A escritora, que tem estado a dar formação particular aos gestores de bibliotecas e promotores de livros, acredita num futuro melhor para a literatura infantil, apesar de reconhecer ainda existirem dificuldades para se editar livros do género no país. 

Por ser uma escrita delicada, continuou, é preciso alertar os futuros autores para terem em conta alguns elementos importantes neste género, como a pureza, transparência, responsabilidade e comprometimento, visto ser um livro direccionado a um público muito sensível.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Cultura