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Estado Islâmico reivindica controlo da vila de Palma

O grupo Extremista Estado Islâmico indicou, nesta segunda-feira, 29, através de agência oficial, que assumiu o controlo da vila sede do distrito de Palma, no Norte de Moçambique, onde dezenas de pessoas foram assassinadas nos últimos dias.

29/03/2021  Última atualização 23H08
Estado Islâmico anunciou ter assumido o controlo da vila moçambicana de Palma

Depois de um ataque à sede de distrito desencadeado na quarta-feira, 24, junto aos projectos de gás que estão em desenvolvimento na região, o grupo fundamentalista Estado Islâmico (Daesh) reivindicou o controlo de Palma, no Norte de Moçambique

A agência oficial do movimento, a Amaq, divulgou imagens da vila e reivindicou a ocupação da capital do distrito, junto à fronteira com a Tanzânia. Não existem informações sobre a situação na vila há vários dias e a capital provincial de Cabo Delgado, Pemba, tem sido destino de muitos deslocados.

A vila sede de distrito com 42 mil habitantes, que acolhe os grandes projectos de gás do Norte de Moçambique, foi atacada na quarta-feira por grupos insurgentes "jihadistas" que há três anos e meio aterrorizam a região.

A violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes. Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, cujas acções já foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora existam relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.

O Ministério da Defesa de Moçambique confirmou, igualmente nesta segunda-feira, que dezenas de civis, incluindo sete pessoas que tentavam fugir do principal hotel de Palma foram mortos pelo grupo armado que atacou a vila na quarta-feira.

Portugal enviar militares 

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, revelou esta segunda-feira, em entrevista à RTP 1, que a embaixada portuguesa em Maputo já enviou para Pemba uma equipa que tem "como missão não só referenciar todos os portugueses, como também contactar todas as 15 empresas portuguesas” estabelecidas na vila moçambicana.

Além desta equipa portuguesa, o ministro confirmou o envio de cerca de 60 militares portugueses que vão para Moçambique dar formação às forças especiais do país. De acordo com Santos Silva, os militares portugueses não vão combater, visto que, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, já deixou claro que quem tem de defender "a terra moçambicana são os soldados moçambicanos”.

África do Sul promete agir 

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, reuniu-se sábado à noite, de emergência, com altos responsáveis da Defesa devido ao ataque que resultou na ocupação da cidade de Palma e na morte de, pelo menos, um sul-africano, além de vários desaparecidos, noticiou a televisão estatal, que admite a hipótese de uma intervenção militar caso ela seja solicitada pelas autoridades de Maputo.

A Lusa referiu que o canal público sul-africano avançou ainda que "suspeitos militantes do Estado Islâmico atacaram civis em fuga e ocuparam Palma", salientando que os grupos armados "tomaram" a cidade moçambicana apesar de persistirem combates na área. A Força Nacional de Defesa da África do Sul (SANDF, na sigla em inglês) está a considerar o destacamento de forças especiais para ajudar a conter a situação de guerra no Norte do país vizinho, referiu, por seu lado, uma fonte da segurança ao portal sul-africano News24.

A África do Sul reforçou ainda no sábado a sua missão diplomática em Moçambique na sequência do ataque na cidade de Palma, junto aos projectos de gás no Norte do país onde trabalham centenas de sul-africanos, anunciou o Governo de Pretória.

Pelo menos, um empreiteiro sul-africano foi morto e vários encontram-se desaparecidos, avançou, também, ontem, a imprensa sul-africana, em resultado do ataque contra um hotel onde cerca de 200 trabalhadores expatriados de várias nacionalidades foram instruídos a refugiarem-se.

Só no Amarula Lodge estão cerca de duas centenas de trabalhadores de diversas nacionalidades. E, segundo relatos das agências noticiosas, uma tentativa de resgate de parte dos expatriados correu mal, tendo sido interceptada pelos rebeldes. Segundo uma fonte dos Serviços de Segurança que operavam na região, citada pelo "The Times”, há "muitas vítimas”, porque de um total de 17 veículos que saíram do Amarula para tentar levar parte dos cidadãos que aí se encontravam apenas sete viaturas escaparam.

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