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Estiagem provoca danos à maior parte das culturas

Noventa e cinco por cento de terra cultivada foi afectada pela estiagem que assola Benguela, desde Outubro de 2020, início da presente época agrícola, segundo o presidente local da União Nacional dos Camponeses Angolanos (UNACA), Simão Januário, que prevê perdas financeiras superiores a três mil milhões de kwanzas.

24/03/2021  Última atualização 08H20
Várias plantações, como as de milho e massambala, não resistiram à prolongada seca © Fotografia por: Nicolau Vasco | Edições Novembro
"Na agricultura, não há possibilidade de se recuperar absolutamente nada, mesmo a massambala,  sobre a qual tínhamos alguma esperança, dada a sua resistência à estiagem, também secou. No sector pecuário, nos municípios de Caimbambo e Chongorói o gado já se apresenta debilitado”, explicou.

Na presente época agrícola (2020/2021), acrescentou, o sector cooperativo, que congrega 620 organizações e 54.775 membros, tinha perspectivado colher pelo menos 77 milhões e 431 toneladas de produtos diversos, plantados em 103.166 hectares.
Os números da UNACA- Confederação de Benguela- indicam que as cooperativas e associações de camponeses existem desde 1990 e que a agricultura familiar representa 91 por cento da produção do campo.

Simão Januário perspec-tiva que, no decurso deste mês e do próximo, pelo menos 30 por cento dos filiados da UNACA possam recorrer às cinturas verdes, ao longo dos rios, e, com auxílio de motobombas, produzir batata-doce e mandioca.
"Neste momento a segurança alimentar das famílias camponesas está ameaçada, pois no início da estiagem os camponeses socorreram-se das reservas da época agrícola anterior, que esgotaram”, esclareceu.

Segundo Simão Januário, os trabalhadores rurais estão a abandonar as áreas agrícolas. "Registámos um movimento migratório de mão-de-obra rural que ficou sem ocupação e também sem suporte alimentar, principalmente nas fazendas de banana do vale do Cavaco e no vale do Coporolo. Há aglomerados de pessoas, algumas até oriundas da província da Huíla, que deixaram os campos agrícolas, nos municípios do interior, à procura de novos empregos”, alertou o presidente da UNACA- Federação de Benguela.


Água no litoral
A estiagem também está a afectar as infra-estruturas integradas do sistema de captação, tratamento e distribuição de água no Lobito e em Benguela.
Nos últimos dias, as cidades de Benguela, Lobito, Catumbela e Baía Farta têm registado, com frequência, cortes no fornecimento regular de água potável, que, por vezes, se prolongam por 15 a 16 horas.

As Empresas de Água e Saneamento do Lobito e Benguela têm feito intervenções no dique de retenção da albufeira do rio Catumbela, que abastece as estações de captação, bombagem e tratamento.
Com uma produção média de 66.015 metros cúbicos/dia, uma carteira de 46.712 clientes e  distribuição média de 55.471 metros cúbicos/dia, a Empresa de Águas e Saneamento de Benguela atende os municípios de Benguela, Baía Farta, Ganda, Cubal, Chongorói e Caimbambo.

Por seu turno, a Empresa de Água e Saneamento do Lobito (EASL), com 40.250 clientes na área urbana cadastrados nas cidades do Lobito e Catumbela, atende também o Bocoio e Balombo, beneficiando cerca de um milhão de habitantes.
Os sistemas de captação da EASL bombeiam, em média, 1.456.176 metros cú-bicos por mês, à razão de 48.539 metros cúbicos/dia. Durante o ano passado produziu um total de 17.474.106 metros cúbicos.

A EASL opera 74 sistemas de abastecimento de água, dos quais 63 nos municípios do Bocoio e Balombo, incluindo os sistemas das localidades do Egipto Praia, Cubango, Canjala, Baixo, Pundo, Biópio.
As quatro cidades do litoral benguelense, nomeadamente Lobito, Catumbela, Benguela e Baía Farta, têm uma população estimada em 1.238.500 habitantes (censo de 2014).

Adão Faustino | Benguela

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