Economia

Estímulos económicos insuficientes em África

O continente africano “não só está no fim da fila de acesso ao capital e financiamento, como recebeu menos do que estava habituado, o que é exactamente o contrário do que aconteceu nos países mais desenvolvidos, que receberam enormes pacotes de estímulo económico precisamente porque tiveram um efeito maior da pandemia, ao contrário de África”

08/02/2021  Última atualização 11H41
Economista Carlos Lopes quer acção mais firme dos governos © Fotografia por: DR
A afirmação é do economista guineense Carlos Lopes, que foi o escolhido pelo Instituto Real de Relações Internacionais britânico (Chatham House) para inaugurar o novo podcast deste instituto, chamado Africa Aware.

Segundo Carlos Lopes, nas economias mais desenvolvidas, a ajuda dos estados é medida em biliões de dólares ou euros, ao passo que em África os governos, já a braços com dificuldades financeiras mesmo antes da pandemia de covid-19, tiveram mais dificuldades em injetar liquidez na economia real e compensar o efeito das medidas de confinamento que são necessárias para conter a propagação do vírus.

O economista elegeu como boas surpresas a solidariedade e a resposta rápida dos governos, nomeadamente na rápida imposição das medidas de distanciamento social, bem como o esforço financeiro da diáspora africana, cujas remessas deverão ter caído não os 20% inicialmente previsto, mas sim menos de 8% no ano passado, para além da resiliência das economias. Pelo contrário, a principal surpresa negativa foi a quantidade de capital que saiu do continente, acima do que o economista previa.

Acção concertada

Na conversa com a Chatham House, o conselheiro africano para as relações entre a União Africana e a União Europeia defendeu que os governos devem agir de forma concertada. Deste modo, argumenta, terão mais voz no plano internacional, além de que os ‘trabalhos de casa’, em termos de políticas macroeconómicas de recuperação das economias, devem ser melhor concertados.

Segundo Carlos Lopes, esta acção visa garantir um efeito mais activo no período pós-pandemia, nomeadamente o aumento da pressão orçamental sobre a mobilização de recursos internos. Também ter-se um acompanhamento mais de perto da evolução económica das empresas públicas. Defende também que nas análises económicas feitas pelas consultoras e agências de rating houve um certo favorecimento para com as economias mais avançadas.

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