Entrevista

“Executivo gasta mais de 35 mil dólares por ano para manter um único doente em tratamento de diálise”

Alexa Sonhi

Jornalista

“Vivendo bem com a doença renal” é o tema escolhido para assinalar, este ano, o Dia Mundial do Rim. Em Angola, apesar dos vários centros de diálise existentes, o apelo continua a ser feito ao Executivo para criar condições mais adequadas para a realização de transplantes no país.

11/03/2021  Última atualização 06H45
Matadi Daniel, Presidente da sociedade de nefrologia © Fotografia por: Eduardo Pedro | Edições Novembro
O que dizer sobre o tema "Vivendo bem com a doença” escolhido para celebrar o Dia Mundial do Rim?
Escolheu-se este tema para ajudar os doentes renais a verem que, apesar da crise e da pandemia da Covid-19 que assola o mundo, estes pacientes são pessoas vulneráveis, que devem adaptar-se à nova realidade.

Qual é o número de doentes renais controlados pela Sociedade Angolana de Nefrologia (SAN), e qual é a situação clínica dos mesmos?
Até Dezembro de 2020, a SAN tinha registado um total de 1.809 doentes em programas crónicos de hemodiálise, em todo o país, com o maior número concentrado em Luanda, contrariamente às estatísticas de 2018 que eram de apenas 1.600 doentes.

Qual tem sido o papel da SAN na vida destes pacientes?
A SAN tem colaborado com o Ministério da Saúde, seus associados e médicos especialistas na área, no sentido de tratarem os doentes com o humanismo que se exige e garantir uma assistência médica cada vez mais digna. Mas, temos de convir que quem tem o protagonismo todo na vida destes doentes e que deve definir linhas de actuação é o próprio Ministério da Saúde.

O Índice de mortalidade dos doentes renais é preocupante?
Nós ainda não temos os dados actualizados de 2020, porque falta compilar algumas informações. Mas fazendo cálculos do que aconteceu, em 2018, até Dezembro de 2020, o registo é de cerca de 270 a 300 mortes por Doença Renal Crónica. Isto quer dizer que cerca de 14,5 por cento dos doentes que faziam diálise acabaram por morrer. É uma taxa elevada e que não foge do padrão europeu, fixado entre 11 e 12 por cento dos doentes.

Todos estes pacientes morreram exclusivamente de falência renal ou tiveram outras cormobilidades?
A maior parte desses doentes morreram por doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial e ataques cardíacos, isto como primeira causa. Já a segunda causa está relacionada às infecções dos acessos vasculares e intercorrentes, nomeadamente a malária, tuberculose e pneumonias. E, em terceiro lugar, tivemos os acidentes vasculares cerebrais.

A Covid-19 não teve qualquer influência na morte destes pacientes?
Também não sabemos ainda qual foi a dimensão real dos estragos causados pela Covid-19, em pacientes com insuficiência renal. Mas pelo menos dez doentes renais foram acometidos pela pandemia, sendo que dois acabaram por morrer. Estes dados, não estão ainda finalizados por faltarem informações para serem compiladas. Temos três meses para fazer isso e só depois é que poderemos aferir, com maior segurança, qual foi a magnitude da Covid-19, como causa de mortes nestes doentes dialíticos.

Apesar de a doença ser silenciosa, não é possível evitar que o paciente chegue à falência renal crónica?
A doença renal de facto é silenciosa. O paciente não se apercebe de quase nada. Só na fase mais tardia é que a pessoa começa a se queixar de falta de apetite, falta de força, e há uma inversão do ciclo do sono, porque o paciente dorme mais durante o dia do que de noite e apresenta falta de apetite sexual. A maior parte dos nossos doentes é jovem em idade produtiva. É aqui onde entra o grande papel do Estado na prevenção desta doença, porque a insuficiência renal tem cinco estádios. Quando atinge o último, significa que os rins já perderam mais de 90 por cento das suas funções, e logo tem de ser feito um tratamento de filtração do sangue, a hemodiálise.

Estado deve investir
mais na prevenção

Neste contexto, qual seria a intervenção do Estado?
Se o Estado investir mais na prevenção, conseguiremos evitar que os doentes do estádio 1, 2 e 3 evoluam para os estádios 4 ou 5 e passem o resto da vida a fazerem hemodiálise. É preciso saber quem são as pessoas hipertensas, diabéticas, quem são as crianças com inflamações nos filtros renais para se começar com o tratamento precocemente. Portanto, os 1.809 doentes que nós temos em diálise é simplesmente a ponta do iceberg, porque por baixo disso está a maior parte dos doentes com falência renal crónica, que apesar de ainda não atingirem o estádio 5 correm o risco de evoluírem para estes níveis. Segundo estudos, por cada um milhão de habitantes existem 100 pessoas que entraram em falência renal crónica. Isso significa dizer que se Luanda tiver oito milhões de habitantes, 800 pessoas entrarão em diálise todos os anos. Se formos hipertensos ou diabéticos e não tivermos um médico assistente, que nos acompanhe de forma regular, podemos estar no estádio três e nos sentirmos aparentemente bem, por não termos quase sintomas nenhuns, e depois, quando menos esperamos acabamos por evoluir para o estádio cinco.

A hipertensão e a diabetes milites são as únicas causas da falência renal?
Não. Não são só estas doenças. Apesar da hipertensão arterial ter 41,4 por cento de culpa, seguida das diabetes milites com 11,5 por cento, ainda assim, temos quase 34 por cento dos casos de falência renal que ainda não sabemos quais são as causas, porque a maioria dos doentes chega nos hospitais em situação de emergência ou urgência nefrológica, já com necessidade de fazer a diálise. Vamos continuar a bater na mesma tecla. O segredo para revertermos isso está na prevenção, que consiste em potencializar todas as unidades de saúde com meios para fazer exames de urina, medir as glicemias, tensão arterial dos doentes, e uma outra situação importantíssima é a subvenção da medicação.

O Estado não subvenciona a medicação dos doentes renais?
Bem, a questão da subvenção devia ser 100 por cento para as pessoas pobres e 70 a 80 por cento para as pessoas de rendimento médio, porque temos de convir que 95 por cento das pessoas que estão em diálise são de baixos rendimentos, logo não têm condições para tratar da hipertensão ou das diabetes milites, e são estas as duas grandes causas da falência renal crónica. Tem de haver uma política de subvenção de medicamentos urgentes para as doenças que levam à falência renal crônica e aguda. Neste caso, incluo também a subvenção em 100 por cento da medicação para a malária, porque esta doença quando mal tratada causa a falência renal aguda.

E, para as pessoas que já padecem de diabetes e hipertensão, devem ir quantas vezes por mês às consultas de nefrologia?

O doente com hipertensão arterial e diabetes milites em fase inicial, não precisa ser consultado ainda por um nefrologista. Este paciente deve ter um médico assistente que, na consulta, realiza uma série de análises e exames, como o de função renal, urina, bem como exames imagiológicos para verificar se há ou não alguma alteração.

E se tiver alguma alteração?

Aí sim, o paciente deve ser referenciado a um nefrologista para fazer os devidos segmentos, porque um doente diabético ou hipertensivo só apresentará alterações no rim e não de falência ainda, só 15 anos depois do diagnóstico da hipertensão ou diabetes, mas isso se estiver a ser tratado. Agora, para entrar em falência renal crónica será necessário mais 15 ou 20 anos, e há pacientes que morrem de hipertensão ou diabetes milites sem terem desenvolvido a falência renal crónica. Por isso digo novamente, que a detecção precoce da doença, assim como o seu tratamento rigoroso diminui significativamente a ida destes doentes para a falência renal.

Qual é a percentagem de crianças, em tratamento de diálise, controlados pela instituição que dirige?
Cerca de 4,2 por cento de doentes em diálises são menores de 15 anos, e isto porque muitos deles têm má formação nefrológica ou inflamação dos filtros renais. E estas crianças foram dando sinais como febres, inchaço nos olhos e nos pés, e dificuldades ao urinar. Mas as mães achavam que era malária, simplesmente, e não atacavam as causas. Por isso, apelamos ao país a estarem mais atentos quando registarem três episódios de infecção do trato urinário, em crianças, e de imediato procurarem um especialista em nefrologia para se excluir qualquer fenómeno de má formação nefrológica ou inflamação dos filtros renais.

Além dos 4,2 por cento de pacientes menores de 15 anos, qual é a faixa etária dos restantes pacientes?
As restantes são pessoas muito jovens, dos 21 aos 50 anos de idade. Isso corresponde a 60 por cento do número total de doentes. Infelizmente estes pacientes estão a perder as suas capacidades produtivas, quer do ponto de vista biológico como do ponto de vista laboral.


Lei sobre o transplante de órgãos

A lei sobre o transplante de órgãos foi aprovada pela Assembleia Nacional, em Setembro de 2019. Que avanços foram dados sobre o assunto?
Honestamente, não sei dizer nada sobre isso. Esta pergunta tem de ser feita ao Ministério da Saúde, porque a lei já foi aprovada pela Assembleia Nacional e promulgada pelo Presidente da República, em Setembro de 2019, mas até agora não se vê nada. Eu, como parte integrante do Hospital Militar e de todos outros nefrologistas, lutamos durante 17 anos para que a lei fosse aprovada. Fui à Assembleia Nacional esclarecer o assunto aos deputados, mas até ao momento não conheço as equipas que estão a trabalhar na elaboração do documento. Portanto, se houve promotores da proposta de lei até a sua aprovação, é natural admitir que é ético, nesta fase de implementação, chamar estas mesmas pessoas para estarem envolvidas no grupo de trabalho, perspectivando como as coisas devem ser feitas.

Como presidente da Sociedade Angolana de Nefrologia, sente que nada está a ser feito a respeito?
Já devia estar a ser feito o seguinte: como a lei foi aprovada há mais de um ano, e já se sabe o número de nefrologistas existente, então devia-se mandar para um centro diferenciado alguns destes especialistas para fazerem estágios, durante um período de seis meses ou um ano na área de pré-transplante, transplante e seguimento pós-transplantados. Depois, devia-se mandar, também, para os centros diferenciados, médicos anatomopatologistas, para passarem a fazer biópsias nos rins transplantados, e os farmacêuticos para fazerem a gestão das drogas imunossupressoras. O paciente transplantado tem de tomar a medicação regularmente e na dose certa, para que o rim se adapte ao novo organismo.

E no que concerne às unidades para a realização de transplantes, na sua opinião como deverão funcionar?
A criação de áreas de transplantes tem de ser paralela às condições que já mencionei acima. Eu sou daqueles que defendem que a área de transplantes deve ter um bloco operatório, cuidados intensivos com três camas, mais 10 para o internamento dos doentes transplantados, e um bom laboratório. Porque se eu tiver 1,1 de quereatinina, e depois este valor subir para 1.4, em pessoas normais não transplantadas é perfeitamente admissível, mas no doente transplantado não é. Por isso, o técnico que vai trabalhar no laboratório tem de passar por um centro altamente diferenciado, de formas a saber fazer leitura dos valores com maior equidade possível. Por isso digo sempre que a questão não está em erguer estruturas tão grandes, quem faz as coisas são os homens e temos bons exemplos lá fora.

Pode mencionar alguns desses exemplos?
O Hospital Santo António, onde me formei, em Portugal. Não é tão grande e muito menos é luxuosa, mas ainda assim faziam 75 transplantes renais por ano, tudo porque a aposta esteve sempre direccionada ao homem que realiza as actividades, e não às paredes.

Na falta de condições no país,  discorda que os doentes transplantados no exterior regressem?
Eu concordo com a política de que os doentes devem sim regressar ao país. Mas temos de criar condições para que estes pacientes sejam seguidos aqui. Quando estes doentes chegarem quem fará a gestão das drogas imonussupressoras? Quem será o responsável pelas biópsias? Se houver alguma desconfiança de rejeição do órgão, quem é que vai fazer as análises com alguma equidade nestes doentes? São questões que devemos analisar com muito cuidado.

Quando é que começou a ser feita a hemodiálise no país?
A hemodiálise começou a ser feita em 1996, no Hospital Militar Principal, e é uma matéria de domínio técnico que, pelo tempo que fazemos, já devíamos estar a realizar transplantes do rim, para melhorarmos a esperança de vida dos doentes renais crónicos, no país. A saída do doente renal crónico não tem de ser apenas a morte. Com a realização de transplantes, iremos diminuir significativamente o número de mortes por falência renal.

Mais de 57 por cento dos pacientes são homens

Entre homens e mulheres, quem são os mais afectados pela doença?
Dos 1.809 pacientes que temos em diálise, 57.4 por cento são homens e 42,6 são mulheres, e a província de Luanda tem o maior número de doentes, por ter também um maior número de habitantes, primeiro, e segundo, porque é aqui onde estão concentrados mais especialistas e, com isso, os doentes têm mais acesso aos serviços de saúde.

O tratamento em diálise atrapalha a vida conjugal?
Sim. Pelo menos 45 por cento dos doentes em diálise têm separações conjugais, porque acabam por perder algumas funções biológicas, como a erecção, no caso dos homens, enquanto as mulheres ficam sem líbido sexual. Isso cria transtornos ao nível da psique, o que piora o quadro clínico do paciente.

A falência renal pode ser hereditária?
A falência renal como tal, não. Mas, alguns indivíduos descendentes de pais hipertensos ou diabéticos têm maiores predisposições genéticas para desenvolverem, também, estas patologias, que se não forem tratadas e controladas podem desencadear em falência renal crónica.

O programa de diálise a que são submetidos todas as semanas, impossibilita os pacientes de trabalharem?

Os pacientes em diálise podem trabalhar. Mas é preciso existir uma certa flexibilidade e sensibilidade por parte da entidade patronal, porque pelo menos três vezes na semana deverão ser dispensados para fazerem a diálise nos centros onde estão vinculados. Mas, infelizmente, temos notado que as empresas privadas despedem os trabalhadores com falência renal, pelo facto de terem de se ausentar vários dias por questões de saúde. É necessário que haja maior protecção destes doentes, por parte do Ministério do Trabalho, porque se os pacientes já são pobres e vão para o desemprego, isso só irá aumentar os problemas sociais deles.

Quantos especialistas em nefrologia existem no país?
A Sociedade Angolana de Nefrologia tem inscritos quase 50 nefrologistas. Mas este número ainda não é o desejado, tendo em conta a quantidade de doentes que temos. A maior parte destes especialistas estão concentrados em Luanda, e há provinciais que não possuem um único médico nefrologista. Assim, por falta de especialistas, os doentes não são assistidos em diálise e acabam por morrer. É com muita pena que registamos isso em muitas províncias do país. É necessário que se faça um plano estratégico de formação de quadros, não só na área de nefrologia, mas em todas as especialidades médicas. Muitos dos nossos hospitais, principalmente os de níveis terciários, precisam ser potenciados com capacidade técnica e humana, e autonomia administrativa e financeira, para que possam desenvolver os seus quadros.

"Extensão dos centros de tratamento deve ser estimulada”

Em algumas províncias do país foram construídos centros de diálise. Em detalhe, como analisa o funcionamento destes centros?

A extensão dos centros de tratamento da doença renal crónica, a nível das províncias, é sempre bem-vinda e deve ser cada vez mais estimulada. Mas, concomitantemente a isso, o trabalho de casa tem de ser feito. É preciso investir na prevenção, na subvenção de medicamentos e acima de tudo potenciar os hospitais centrais e regionais com serviços de nefrologia, porque são estes serviços que permitem que se formem mais especialistas e é nesta área onde são referenciados os doentes que, na periferia, se detectou alterações renais para depois serem indexados a consultas de nefrologia. Estudos indicam que, todos os anos, em cada um milhão de habitantes pelo menos 100 pessoas entram em falência renal crónica. Construção de mais centros, sim, mas deve-se atacar acima de tudo na prevenção, para se evitar que estes 100 potenciais pacientes entrem em falência renal.

A dimensão dos referidos centros de diálise lhe satisfaz?

Esta é uma perspetiva que se deve mudar porque, actualmente, já não se constroem grandes unidades de diálise com capacidade para 400 doentes. Isto estrangula o processo. O que deve ser feito, tal como nos demais países, é criar pequenos centros de proximidade, com capacidade de internamento para 60 até 120 doentes. Por exemplo, se o município do Cazenga tiver quase um milhão de habitantes, deve-se colocar nesta localidade um centro de diálise para 120 doentes. Isso será muito mais fácil de gerir e não haverá grandes estrangulamentos. Paralelamente a isso, deve-se potenciar os serviços hospitalares para tratarem não só dos doentes em estádio 5, que é a fase mais avançada da doença, mas também a outra parte que constitui 90 por cento dos doentes.

A nível de Luanda, quantos centros de hemodiálise existem?
Em Luanda, até ao mês de Dezembro último tínhamos o centro de hemodiálise Pluris África, localizado no Hospital Américo Boavida, com 342 doentes, o Hospital Maria Pia, com 144 pacientes, Hospital do Prenda, 72, a clínica Sagrada Esperança, 27, clínica Girassol, 63. No interior do país, a província de Malange tinha 64 doentes, Benguela, 137, mais os 114 registados no Lobito, e Huambo com 91 doentes. Isso perfaz um total de 1.055 pacientes que estavam em centros de gestão privadas. Já nos centros do Estado tínhamos, até Dezembro, um na província do Bié, com 21 doentes, 17 doentes no Luena (Moxico), Hospital Pediátrico David Bernardino, com 21, clínica Multiperfil, 170, Hospital Militar, 89, Clínica do Exército, 184, Lubango (Huíla), com 85, e o Hospital Geral de Luanda tinha 237. Isso dava um total de 834 pacientes que fazem diálises nos centros públicos.

Porque é que os centros privados detêm o maior número de doentes? Não devia ser o contrário?
Os centros de gestão privada controlavam 53,1 dos doentes e o Estado 46,9. Mas a política do Estado é tentar inverter esta situação, para que seja ele a assumir quase a globalidade do tratamento dos doentes renais. Daí ter sido inaugurado, pelo Presidente da República, mais um centro de diálise público, denominado Centro Sol, que pertence à clínica Girassol, para se começar a mudar esta realidade. Depois da sua inauguração, alguns centros privados transferiram para lá os doentes, nomeadamente o Hospital Maria Pia, Prenda e o Américo Boavida. Mas, repito, esta política de criação de mais centros de diálises públicos tem de ser multidirecional: prevenção, potenciação dos serviços hospitalares e tratamento ambulatório.

Dependendo dos níveis de falência dos rins, quantas sessões de diálise o paciente deve fazer semanalmente?

O doente renal faz 144 sessões de diálise por ano, o que nos dá uma média de 12 sessões mensais e três semanais. E isto tem custos altíssimos para o Estado. Em termos comparativos, um transplante fica mais barato do que manter um doente em diálise por um longo período de tempo, porque o preço no processo de diálise é fixo, enquanto o valor do transplante vai descendo com o passar dos anos.

Quanto é que o Estado angolano gasta no tratamento de um doente renal?

Para manter um doente em diálise permanente, o Estado gasta entre 35 a 40 mil dólares americanos por ano. Temos doentes que já fazem diálise há mais de 14 anos. E para o doente transplantado, no primeiro ano o Estado chega a gastar aproximadamente 60 mil dólares. Isso inclui análises e medicação com drogas imunossupressoras. Já no segundo ano, após o transplante, o valor baixa significativamente para sete mil dólares, porque já não terá de fazer cirurgias. As análises serão feitas com algum intervalo, e as doses da medicação serão reduzidas. No terceiro ano, pós-transplante, o valor baixa ainda mais, fixa-se entre 3.500 e 4.000 dólares americanos. As consultas passam a ser feitas de três em três meses. Acertadamente, o transplante fica muito mais barato para o Estado.

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