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Executivo negoceia com a Rússia vacina Sputnik V

Depois de o país ter recebido um primeiro lote de 160 mil vacinas oferecidas pelo consórcio Covax, liderado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Executivo está em conversações para adquirir as vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas pela Rússia, disse ontem, em Luanda, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta.

05/03/2021  Última atualização 08H48
© Fotografia por: Eduardo Pedro| Edições Novembro
"Como acontece em vários países, a vacina Sputnik V está aprovada, é segura e estamos a trabalhar entre Governos para adquirir esse produto. Neste caso, como as conversações são feitas a nível bilateral, o preço de compra é mais baixo em relação a outros procedimentos. Em princípio, o país vai pagar 9,9 dólares por cada vacina Sputnik V”, explicou a governante durante a conferência de imprensa de lançamento do plano de vacinação.

Em relação à vacina de origem russa, não foram adiantados mais pormenores sobre o número de doses que serão adquiridas, nem quando estarão disponíveis no país. Também estão a ser analisadas outras opções  (da Pfizer, Johnson & Johnson, a vacina chinesa, entre outros) com recurso a fundos próprios.
Sobre o plano de vacinação contra a Covid-19, que já foi iniciado, a ministra da Saúde explicou que a primeira fase prossegue já amanhã, sábado, nas províncias com mais casos positivos e casos activos da doença (Luanda, Benguela e Cabinda).
O objectivo central é reduzir a mortandade, o número de casos novos de Covid-19 e reabrir a economia para melhorar os indicadores sociais e de bem-estar.

"As duas fases de vacinação podem levar alguns meses até serem concluídas. Ou demorar até 2022 para chegar a todos os cidadãos que devem receber a vacina. Não queremos voltar aos indicadores de Outubro e Novembro do ano passado, onde perdemos muitas vidas e registámos um alto nível de infecções. O vírus pode tornar-se pior e também não queremos uma variante angolana”, frisou a governante.
No total, o Governo prevê vacinar cerca de 17 milhões de angolanos em duas etapas. Numa primeira fase, serão priorizados os cidadãos com 40 anos ou mais. Até final de Julho, o país conta receber 12,8 milhões de doses da vacina desenvolvida pela AstraZeneca até final de Julho.

Os dados demonstrados pelos países que já iniciaram o seu plano de vacinação apresentam vários benefícios: a Inglaterra, por exemplo, regista uma redução de 80 por cento de casos graves e sem novos casos mortais nos profissionais de saúde. Em Angola, tal como noutras regiões, as vacinas são gratuitas.
"Foram definidas prioridades. Já conhecemos a história da doença e os piores cenários acontecem em casos que acumulam doenças crónicas e idade avançada. Também os trabalhadores da linha da frente são prioritários nesta fase - médicos, enfermeiros, auxiliares, entre outros - porque têm um nível elevado de exposição ao vírus”, disse Sílvia Lutucuta.

A governante acredita ainda que não serão registados casos de fraude ou de incumprimento das regras definidas para as duas fases de vacinação. As lideranças políticas serão atendidas consoante os grupos definidos.
"Os políticos estão enquadrados no resto das prioridades da população e têm os seus direitos assegurados como seres humanos e não como políticos. Os governantes estão quase todos acima dos 40 anos, estão muito expostos e estão dentro das prioridades. Não temos como tirá-los da primeira fase, é um direito que lhes vai caber ", explicou a ministra da Saúde.

Sílvia Lutucuta referiu que a vacina não é obrigatória mas acredita também que "ninguém quer morrer”. "Não queremos pessoas arrependidas, a vacina é gratuita e salva vidas. Mesmo se adoecer depois de receber a vacina, estará prevenido e não vai precisar de ir para o hospital”, referiu.

"Não estamos a testar menos”

Apesar do investimento no aumento da capacidade de vários laboratórios em diversas províncias, o número de testes realizados tem sido relativamente baixo (cerca de mil por dia).
Sílvia Lutucuta explicou ontem que esta realidade resulta da menor incidência da doença nas últimas semanas. "Não estamos a processar menos testes”, garantiu. "Estamos é a utilizar diferentes tecnologias. Neste momento, só os casos altamente suspeitos ou muito bem identificados são encaminhados para os testes de diagnóstico por RTP-PCR”, referiu.
A governante explicou que "em caso de necessidade”, os laboratórios estão preparados e que podem rapidamente aumentar a sua capacidade.

Todos os restantes (de viajantes, por exemplo) são encaminhados para os chamados testes rápidos de anticorpos ou antígeno. Só os casos reactivos dão origem a testes de diagnóstico para a confirmação da infecção.
"Temos registado um número reduzido de casos positivos. Apesar disso, não podemos baixar a guarda nos hospitais e noutros locais mais expostos. Não é preciso muito para termos uma segunda vaga. Os testes são realmente muito caros mas considero que tem sido um investimento muito bem feito”, defendeu Sílvia Lutucuta.

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