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Exército dividido no apoio ao novo Chefe de Estado

As Forças Armadas tchadianas começam a dar sinais de divisão, o que aumenta as preocupações sobre o que poderá ser o futuro próximo deste país da região do Sahel.

24/04/2021  Última atualização 06H10
Mahamat Idriss Déby, 37 anos, auto-proclamou-se presidente do Conselho Militar de Transiçãso © Fotografia por: DR
Vários oficiais do Exército tchadiano, liderados pelo general Idriss Abdéramane Dicko, recusam-se a reconhecer a autoridade do Conselho Militar de Transição, liderado por Mahamat Idriss Déby, revelou, ontem, a AFP, no dia em que se realizou o funeral de Idrissi Déby Itno perante alguns Chefes de Estado estrangeiros, entre eles Emmanuel Macron (França), Alpha Condé (Guiné Conacri), Umaro Sissoco Embalo (Guiné-Bissau), Bah Ndaw (Mali), Félix Tshisekedi (RDC), Mohamed Bazoum (Níger), Roch Marc Christian Kaboré (Burkina Faso), Mohamed Ould El-Ghazaouni (Mauritânia), Faure Gnassingbé (Togo), Abdel Fattah al-Burhan (Sudão) e Rose Christiane Ossouka Raponda (Primeiro-Mnistro do Gabão).

 A AFP, citando fontes militares em N’Djamena, diz-se que o general Idriss Abdéramane Dicko e vários oficiais do Exército tchadiano recusam-se categoricamente a legitimar a tomada de poder pelo filho do ex-Presidente.”Dizemos não a esta decisão tomada às pressas e sem consulta popular”, terá dito o general Idriss Abdéramane Dicko numa entrevista ao Africanews e citada pela AFP.

"O povo disse não ao sexto mandato, não ao sistema, não à má governação! Hoje o marechal está morto, mas agora a nova equipa deve ouvir o povo. Se não, teremos os mesmos problemas, que serão difíceis de gerir ", disse aquele oficial do Exército tchadiano. O general Mahamat Idriss Déby, 37 anos, chefe da Guarda Presidencial, é criticado pela falta de experiência. "É melhor o general Mahamat Idriss Déby ouvir a oposição democrática e a sociedade civil. Porque se eles disserem não a este golpe de Estado perpetrado por este pequeno grupo amigo.

Caso contrário, se ele se mover na direcção oposta , terá problemas. Não conseguirá lidar com as consequências. O país é de todos. Todos têm direito a ser consultados ", sublinhou o general Idriss Abdéramane Dicko. Sobre a questão do diálogo entre o general dissidente e o chefe do Conselho Militar de Transição, Idriss Abdéramane Dicko é claro: "Não preciso falar com ele. Se ele precisa falar comigo, estou disponível. Não tenho pressa em ir encontrá-lo ou falar com ele”.

Há temores de que uma divisão nas Forças Armadas possa piorar uma situação delicada, à medida que os rebeldes da Frente para Mudança e Concórdia no Tchad (FATO) continuam a sua ofensiva para a capital N'Djamena. Ontem, o general Mahamat Idriss Déby nomeou os 15 generais que compõem o Conselho Militar de Transição (CMT). Além de Idriss Déby, 37 anos e general do Exército, constam, também, os nomes de 14 generais conhecidos por estarem no círculo mais próximo do Chefe de Estado, que morreu em consequência de ferimentos enquanto liderava uma ofensiva contra rebeldes no país. Na lista estão nomes de familiares do ex-Presidente e cinco são membros da tribo Zaghawa, que monopolizou o Estado desde que Déby subiu ao poder, em 1990.
 
Apreensão internacional
Ainda ontem, o embaixador da França no Tchad, Bertrand Cochery, encontrou-se com o novo líder do país, Mahamat Idriss Deby Itno, tendo-lhe expressado o apoio contínuo do seu país.
Por sua vez, o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, manifestou-se, preocupado com a situação "perigosa” no Tchad. "Recentemente, a evolução no Tchad é muito perigosa”, disse Grandi numa conferência de imprensa em Kinshasa, onde se encontra em visita.

 "O Tchad desempenha um papel importante na estabilidade do Sahel, que é uma região onde as crises humanitárias e as deslocações são muito importantes”, disse o responsável, citado pela AFP.

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