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Falta de laboratórios inviabiliza prática nos cursos de engenharias

Estácio Camassete | Huambo

Jornalista

Os estudantes dos cursos de Engenharia, do Instituto Superior Politécnico do Huambo, manifestam-se apreensivos com a falta de laboratórios na instituição, um quadro que consideram prejudicial à consolidação da formação e ao incentivo a investigação científica.

31/01/2021  Última atualização 18H51
Universidade situada na cidade do Huambo conta este ano com mais de três mil estudantes e já formou mais de 1500 quadros © Fotografia por: DR
António Pedro, estudante do 5º ano do curso de Electromedicina, afirma serem excelentes os conhecimentos teóricos ministrados pelos formadores, incluindo alguns de nacionalidade cubana e vietnamita, mas a falta de laboratório não têm permitido aprofundamento do conhecimento. 

" O Instituto não dispõe de aparelhos para fazer os ensaios práticos, portanto, isso é mutilar os estudantes, pois, fazer um curso de electromédico sem prática é distorcer a formação, porque o técnico que sair desta escola não terá capacidade  para reparar um aparelho, por não ter recebido instruções adequadas”, deplorou.

O estudante finalista garantiu nunca ter efectuado uma ressonância magnética, To-mografia Axial Computadorizada (TAC), nem teve contacto com uma bomba de infusão em boas condições. "Se me colocarem a trabalhar com estes aparelhos, com os quais nunca me familiarizei, fico perdido”, desabafou.

O estudante apelou às entidades de direito para resolverem a questão com  urgência. "Imagine uma electrocirurgia mal realizada, para além de cortar a massa muscular, pode dar cabo de outros órgãos. Por isso, devem nos pôr à disposição um laboratório em condições, para  que tenhamos uma formação sólida”, realçou.    

Um outro estudante do 4º ano de Engenharia Mecânica, que falou sob anonimato, por temer represálias, reforça a ideia de que os professores expatriados e nacionais "transmitem os conhecimentos de forma irrepreensível”, mas o sistema de ensino acaba por ser débil por falta de aulas práticas. "Na aula o estudante aprende a funcionalidade da cambota, mas ele como nunca viu terá dificuldades parta consertar  o aparelho”, admitiu.

 "O curso de Engenharia Mecânica tem laboratório apenas com um motor de automóvel, uma caixa de velocidade e um sistema de embraiagem e mais umas poucas peças”, descreveu.


Projecto de montagem 

A vice-decana para os Assuntos Académicos do Instituto, garantiu ao Jornal de Angola existir um projecto de montagem de alguns laboratórios para os cursos de Engenharia Mecânica e Hidráulica, informando que a instituição possui sete laboratórios, dos quais quatro para os cursos técnicos e três para os de Saúde.

Bernácia  Benguela salientou que, na área da Construção Civil, os estudantes fazem as aulas práticas em algumas empresas do ramo, e os alunos  de Arquitectura têm uma sala onde praticam as actividades e fazem, igualmente, estágios em algumas empresas.  
"No Instituto Superior Politécnico do Huambo, destacou, há invenções criadas por estudantes e docentes do curso de Electrónica, como bicicleta movida pelo vento, passadeira electrónica e higienizador automático, que serve para lavar as mãos nesta altura de pandemia”, informou. 
 

Três mil estudantes

O Instituto, que já formou mais de mil e quinhentos quadros, conta com mais de três mil estudantes, distribuídos por nove cursos, dos quais três ligados à Saúde, mormente Enfermagem, Laboratório Clínico e Electromedicina.
A área de Engenharias, segundo a responsável, tem os cursos de Construção Civil, Hidráulica, Mecânica e Arquitectura. os sectores de  Informática e Computadores contam, com os cursos de Electrónica e Telecomunicações.
 
A instituição funciona com 128 professores, dos quais 66 expatriados, entre cubanos e vietnamitas, 35 angolanos efectivos e 27 contratados. O número de docentes, segundo Bernácia Benguela, é insuficiente e por este motivo alguns têm sobrecarga horária, leccionando três a quatro cadeiras.  

 

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