À espera da tomada de posse, para o segundo mandato, por força da providência cautelar requerida por Norberto de Castro, no Tribunal Provincial de Luanda, Artur de Almeida e Silva defende a adaptação das normas às reais condições dos clubes, segundo recomendação dos organismos reitores da modalidade no continente e no mundo.

"É verdade que temos um calendário para cumprir, com prazos apertados. Mas sabemos que estamos numa situação atípica provocada pela pandemia. Apesar das exigências feitas no protocolo, a FIFA e a CAF pedem para que as associações locais se adaptem à realidade dos países. A nossa primeira preocupação, depois do bem vida, é a defesa dos interesses dos clubes, porque as condições existentes na Europa diferem das de África”, argumentou o presidente eleito.

Na mesma linha de pensamento está Alves Simões, coordenador da Comissão Organizadora do Campeonato, que tem andado por várias cidades do país com o propósito de acompanhar o cumprimento da limitação da presença dos adeptos em dez por cento da capacidade dos recintos de jogo.

"É verdade que as normas são para serem cumpridas. No entanto, não se pode perder de vista o facto de o desporto, no caso particular o futebol, ser uma actividade social. Por exemplo, a inclusão na lista de convocados um número de jogadores acima dos 18, por forma a prevenir eventuais baixas por casos positivos, como sucedeu há dias com o Bravos do Maquis. Quantos clubes no Girabola estão em condições de alargar o número de elementos?”

Menos condescendente tem sido o médico João Mulima, director do Centro Nacional de Medicina do Desporto: "As equipas inscreveram 35 a 40 atletas. Se estão em quarentena ou testado positivo alguns, a equipa tem de continuar a jogar com os outros que não estão. O 1º de Agosto foi à quarentena com 18 atletas. Inscreveu 35, ainda tem 17. Podia continuar a jogar. Por isso é que houve essa autorização de inscrição de um número superior. O Maquis testou positivo para oito atletas, quando viajou com 18. Poderia perder por falta de comparência naquele jogo, porque era expectável, ninguém deve viajar só com o número limite permitido”.

Protocolo da CAF

O Comité Executivo da CAF, reunido recentemente, decidiu alterar o número mínimo de atletas para que um jogo seja realizado, permitindo que equipas com menos de 15 futebolistas possam ser autorizadas a jogar. Se uma equipa puder alinhar 11 jogadores no início da partida, diz o documento, a mesma pode ser disputada.
A Confederação Africana chama a atenção à necessidade de se levar em consideração as condições de cada país, nomeadamente porque a maioria das competições tiveram início em Dezembro. A preocupação é fazer com que a vertente desportiva esteja salvaguardada, sem colocar em causa o bem vida.

No que toca aos desafios adiados no Girabola, o Sagrada Esperança contestou a forma como foi alterada a data de realização do jogo com o 1º de Agosto, clube isento da competição durante alguns dias, por ter cumprido duas semanas de quarentena, após defrontar o Kaizer Chiefs da África do Sul, nas Afrotaças. O descontentamento foi ouvido na voz do vice-presidente José Alberto Rosa.

"O Grupo Desportivo Sagrada Esperança é uma colectividade que merece respeito. Que deve ser por consequência respeitado. Independentemente dos condicionalismos que compreendemos, aos quais o clube 1º de Agosto esteve submetido. Mas são questões que, a par disso, devem ser observadas, dentro do estrito cumprimento daquilo que é o mais salutar entre as distintas agremiações desportivas”.