Desporto

Ferrovia revela serenidade na gestão do caso Vingumba

Honorato Silva

Jornalista

A direcção do Ferrovia do Huambo tem revelado serenidade na gestão do “caso Vingumba”, de modo que o técnico Agostinho Tramagal continue a utilizar o atleta, por desconhecer, defende, a existência de qualquer impedimento, pois a licença desportiva está em posse do clube e a Federação Angolana de Futebol (FAF) não comunicou a suspensão.

19/05/2021  Última atualização 10H35
Agostinho Tramagal tem utilizado o atleta por desconhecer a existência de qualquer impedimento © Fotografia por: Arão Martins| Edições Novembro
Considerada nos meandros da modalidade fonte lactente de problemas para as restantes equipas envolvidas no Girabola, com destaque às que disputam o título e as que estiverem na luta pela permanência, a situação do jogador dos locomotivas pode acarretar, a médio prazo, embaraços à instituição federativa, sem afastar o surgimento de novo caso judicial, à semelhança do processo que há seis meses impede a tomada de posse do elenco de Artur de Almeida e Silva.  

Dispensado pelo Wiliete de Benguela, Alberto Elizeu Xavier "Vingumba”, chegou ao Ferrovia a pedido de Tramagal, seu treinador na temporada passada. De acordo com relatos atribuídos a dirigentes afectos ao clube do Planalto, a qualificação do atleta só passou a ter irregularidade depois da vitória (2-0), sobre a formação das terras das acácias rubras, no dia 7 de Fevereiro, em jogo referente à 9ª jornada da competição.   

A seguir à disputa do desafio, a relação entre os dois emblemas azedaram. O Conselho de Disciplina da FAF aguardou pela realização da última partida em atraso, na qual o Sagrada Esperança derrotou o Petro de Luanda, por 1-0, para anunciar a penalização aplicada à equipa do Huambo e, em tempo recorde, homologou a primeira volta do campeonato, sem ter em consideração o surgimento de eventuais reclamações.   

A direcção do Ferrovia, encabeçada por Adriano Marquês, requereu uma providência cautelar com efeitos suspensivos, junto da Comarca de Luanda. A FAF foi notificada e tem esta semana como período limite para contestar. Dentre os vários cenários desenhados, estão a restituição dos 16 pontos subtraídos nos jogos em que Vingumba foi utilizado e a perda dos restantes, se ficar provada a culpa dos locomotivas.  Os dirigentes do clube planáltico, actual último classificado com 9 pontos, prome-tem chegar à Confederação Africana e à FIFA, pela convicção de que procederam em conformidade no processo de inscrição do atleta, contrariamente à alegação dos líderes do Wiliete, que falam em falsificação do comprovativo da transferência.  Dívidas com Tramagal 

O Conselho de Disciplina é acusado de falta de distanciamento no caso, por ser integrado por José Faria, irmão do presidente do Wiliete, Wison Faria. Entretanto, fonte do Jornal de Angola junto da FAF assegura que o advogado sempre pediu escusa dos processos que envolvem o familiar, já desde o período em que o mesmo fez parte do elenco directivo do 1º de Maio de Benguela.  Agostinho Tramagal re-clama de incumprimento contratual do anterior clube e a resposta da equipa liderada por José Carlos Miguel tem sido o silêncio, comportamento que contrasta, advogam os críticos, com a acuti-lância revelada na resolução de casos de outros clubes, para muitos um dos principais ganhos do consulado de Artur de Almeida, face à maior valorização que atletas e treinadores passaram a gozar das direcções, obrigadas a honrar os acordos assinados.  Legitimidade questionada 

Tem sido questionada a legitimidade do anterior elenco federativo praticar actos, considerados de gestão corrente, quando vozes contrárias defendem a constituição de uma comissão administrativa, em Assembleia-Geral Extraordinária, saída prontamente rejeitada pelo presidente da Mesa, Mota Liz, que convocou para 5 de Junho uma reunião de sócios já contestada, por alegado carácter ordinário, a julgar pela agenda de trabalho, que contempla a análise do actual momento desportivo (selecções nacionais e Girabola).  Recentemente a Associação de Luanda tornou públicas, em comunicado, as acções a levar a cabo, caso persistir a recusa da abordagem da situação do organismo federativo, preso nos tribunais:  

"Serão desencadeados todos os procedimentos que a legislação aplicável permite, nomeadamente a convocação/organização de uma Assembleia-Geral Extraordinária por parte dos filiados da Federação (...) Perante esta recusa e de forma a "chamar à razão” o presidente da Mesa da Assembleia, bem como alertar o Ministério da Juventude e Desportos das graves ilegalidades que estão a ser cometidas, a Associação de Futebol de Luanda fez um novo pedido, para discutir justamente o momento menos bom que a FAF atravessa (...)”.  

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