O festival, realizado este ano sob o tema "Caminhos, contando histórias das diásporas negras do mundo”, aconteceu de 31 de Março a 9 de Abril do mês corrente e contou com a participação de 282 filmes, dos quais 30 foram seleccionados e exibidos por via das plataformas online.

O filme angolano "Merci Chicco et Daddy”, contou o realizador, é uma homenagem a dois actores de nacionalidade congolesa, Chico Pululu e Daddy, que se notabilizaram nos palcos daquele país na década de 80 e 90, ambos já falecidos. A longa-metragem, disse, ficciona o regresso dos comediantes, a partir da Marginal de Luanda, dois anos mais tarde e, no reencontro destes com as pessoas, fica claro que a sua obra continua eternizada na memória colectiva dos indivíduos.

"Chico interpretava, nas exibições, um deficiente físico com problemas mentais e procurava, nas actuações, o valorizar como ser humano. Já o Daddy foi dos actores que me influenciou para seguir artes cénicas, quando estudava teatro e cinema em Kinshasa, na condição de refugiado de guerra, nos anos de 1993 a 1998”, referiu.

O realizador explicou que o filme, falado em lingala e legendado em português, foi gravado o ano passado, em Luanda, mas cumprindo com as medidas de biossegurança. "Apesar de narrar um assunto ligado à República Democrática do Congo, a distinção aconteceu por este incluir valores culturais dos dois povos, desde a forma de chorar os mortos, as crenças no sobrenatural e as práticas de algumas religiões tradicionais.

A versão do filme, legendada em inglês, foi seleccionada pela Secretaria do Cine Club Brasil para ser parte da sua lista, enquanto a versão legendada em francês concorre, este e o próximo ano, nos festivais de cinema nos países francófonos.