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França e países do Sahel apoiam transição no Tchad

A França e cinco países da região do Sahel (G5 Sahel) manifestaram o “apoio ao processo de transição civil-militar” no Tchad, a ser conduzido pelo filho do Presidente Idriss Déby Itno, morto na frente de combate, anunciou, ontem, o Eliseu.

25/04/2021  Última atualização 06H05
Presidente francês assistiu às exéquias do ex-Presidente tchadiano, Idriss Déby Itno © Fotografia por: DR
O Presidente francês, Emmanuel Macron, e os homólogos do Níger, Burkina Faso, Mali e da Mauritânia foram recebidos, na sexta-feira, em N´Djamena, pelo general Mahamat Idriss Déby, antes do início das cerimónias fúnebres do ex-Chefe de Estado tchadiano, a quem manifestaram "unidade de pontos de vista”, indicou à AFP uma fonte não identificada da Presidência francesa. "O G5 Sahel está mobilizado no apoio ao Tchad e manifestou o apoio conjunto ao processo de transição civil-militar para a estabilidade da região”, acrescentou a mesma fonte.

O filho do Presidente morto, Mahamat Idriss Déby, um tenente-general de 37 anos, até então comandante da Guarda Republicana, é o novo homem forte no Tchad, e está rodeado pelos generais leais ao seu pai.
Mahamat Idriss Déby foi investido de plenos poderes, dissolveu o Parlamento e o Governo anterior, suspendeu a Constituição, anunciando uma "Carta de Transição”, e formou um "Conselho de Transição” com 15 generais, prometendo "novas instituições” após eleições "livres e democráticas” dentro de 18 meses.  Para muitos opositores do regime, regularmente vítimas de intimidação e violência, esta tomada de poder não é mais do que um "golpe de Estado institucional”.

A presença de Macron no Tchad representou um sinal claro de que a França, que salvou militarmente, pelo menos, duas vezes o regime do falecido Idriss Déby, ameaçado pelos rebeldes em 2008 e 2019, mantém o apoio ao seu sucessor.
Paris estabeleceu o quartel-general da Barkhane, a sua força anti-jihadista no Sahel, no Tchad, o aliado mais forte contra os extremistas islâmicos na região. Desde que chegou ao poder pela força das armas, em 1990, com a ajuda de Paris, Idriss Déby contou sempre com o apoio da antiga potência colonial. Depois da morte de Idriss Déby, a França reiterou a preocupação com "a estabilidade e integridade territorial do Tchad”.

Josep Borell, Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, fez uma observação semelhante: "Temos de ajudar o Tchad. Alguns observadores, contudo, são da opinião que a grande ameaça pode vir ainda de dentro do regime. A tomada do poder pelo jovem Mahamat Idriss Déby pode revelar-se frágil num contexto de clivagens importantes dentro do próprio clã do Chefe de Estado falecido.

Avanço sobre a capital
Os rebeldes no Norte disseram, ontem, estar a preparar-se para avançar sobre a capital N’Djamena.
Caso os rebeldes cumpram a ameaça, isso coloca-os na senda de uma confronto com a França que mantém mais de cinco mil soldados  naquele país e outros na região.
Um porta-voz da Frente para a Alternância e Concórdia no Tchad (FACT) disse que os rebeldes "não aceitam qualquer Governo Mililtar”.

"Estamos a preparar para avançar”, disse o porta-voz.
Após a morte do Presidente na linha de combate, um Conselho Militar assumiu o poder.
A 11 de Abril milhares de rebeldes da FACT entraram no país provenientes da Líbia onde lutaram ao lado do comandante militar Khalifa Haftar na guerra civil.
Os rebeldes não aceitaram a realização de eleições, vencidas por Idriss Déby num processo em que a maioria esmagadora da oposição não participou.

O Presidente francês, Emannuel Macron, reiterou o aviso de que não permitirá qualquer ameaça à integridade territorial do país.
Os rebeldes não estão associados aos grupos islamitas que operam na região.
A FACT foi formada por oficiais dissidentes que se refugiaram na Líbia com os seus apoiantes.

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