Opinião

Futebol angolano mergulha na indefinição de quem gere

Honorato Silva

Jornalista

Por muito que se queira fazer de conta de que está tudo bem, dentro da normalidade, é de todo impossível deixar passar desapercebido o quadro de “comorbilidades administrativas” instalado na Federação Angolana de Futebol (FAF), organismo cuja ociosidade concorreu, por exemplo, para o tratamento abjecto dado ao 1º de Agosto, na tristemente célebre dupla jornada de Dar es Salaam, o “fato à medida” agradecido pelo Namungo FC da Tanzânia, na derradeira eliminatória de acesso à Taça Nelson Mandela.

29/04/2021  Última atualização 10H01
O que parecia uma tímida pretensão acaba de assumir contornos de descaso total do Estado de Direito e Democrático, consagrado no número 1, do art.º 2º, da Constituição da República. Sem tomar posse, o elenco saído das controversas eleições de 14 de Novembro está a praticar actos administrativos sob a capa de gestão corrente, nomeadamente através da participação dos conselhos Técnico, Arbitragem, Disciplina e Jurisdicional na comissão organizadora do Girabola.

A recusa da realização da Assembleia-Geral, solicitada por parte das associações provinciais, com carácter extraordinário, deixou claro que os interesses defendidos estão longe de serem os do futebol angolano, pois nas vestes de presidente da Mesa do elenco anterior, Mota Liz actua como juiz em causa própria, visto estar também à espera de luz verde para a tomada de posse. Logo, por melhores que sejam as intenções por trás da decisão, fica afastada a possibilidade de não ser no sentido de ganhar tempo em benefício do grupo encabeçado por Artur de Almeida e Silva. 

Para deixar ainda mais revolto o mar de incertezas da modalidade com maior abrangência nacional do desporto no país, surgiram deliberações na calada da noite, quiçá a evitar eventuais recursos antes da homologação da primeira volta do Girabola. Tudo indica que teremos mais futebol nos corredores dos tribunais, caso o Conselho Jurisdicional decida pela manutenção do castigo de perdas de pontos aplicada ao Ferrovia do Huambo, por alegada má-qualificação de Vinguma, jogador dado como dispensado no Wiliete de Benguela, clube que aparece agora a reivindicar direitos.

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