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Gaviões levam Paulo Duarte do 1º de Agosto para Lomé

Honorato Silva

Jornalista

A notícia estoirou como bomba, na tarde de segunda-feira, com várias reacções, nas redes sociais, à saída de Paulo Duarte do comando do 1º de Agosto, para abraçar um projecto na selecção de futebol do Togo, “Gaviões”, a partir de Setembro, mudança confirmada ontem pelo treinador português, numa comunicação na página do clube na Internet.

05/05/2021  Última atualização 09H20
Treinador deixa comando do clube do Rio Seco no fim da disputa do Campeonato Nacional © Fotografia por: Contreiras Pipa | Edições Novembro
Referenciado em África pelo trabalho realizado à frente da equipa nacional do Burkina Faso, com a qual atingiu o segundo lugar na Taça das Nações de 2013, disputada na África do Sul, o timoneiro começou por realçar que antes vai terminar o vínculo com o 1º de Agosto. "Vou ficar até ao fim do meu contrato. Estou aqui de corpo e alma, para cumprir o objectivo, juntamente com a minha direcção, os  jogadores e o presidente do clube, que é ser pentacampeão. Estarei  como sempre estive. Com o maior profissionalismo, o maior rigor e a maior dedicação possível”. 

Paulo Duarte assumiu que a notícia, irritante para a massa associativa, tem o seu fundo de verdade, porém, considerou desnecessário o anúncio neste momento, pela falta de relevância, visto ser um projecto a concretizar daqui a quatro ou cinco meses. "Depois do término do contrato com o 1º de Agosto”, reiterou, antes de confessar que foi difícil tomar a decisão.

"Custou-me muito. Fui contactado pelo presidente da federação, que pretendia que eu rescindisse o meu contrato, de forma a fazer contrato comigo, para poder reorganizar aquilo que é a equipa do Togo, nomeadamente nos próximos seis anos”.


Proposta recusada
O sucessor do francês Claude le Roy, cuja folha de serviço de uma carreira iniciada no União de Leiria (Portugal) regista passagem pelo Le Mans (França), Sfaxien (Tunísia) e Gabão, destacou a recusa feita de forma clara e directa ao  convite para ir já. "Tenho uma cláusula no contrato que me permite rescindir, caso pretenda, assim como o clube. Eu disse que daqui não saio, enquanto não terminar o contrato. Quanto à possibilidade de futuramente trabalhar no Togo, é uma verdade. Há um compromisso verbal entre a selecção do Togo e o Paulo Duarte, para em Setembro entrar num projecto que entendi ser a melhor solução para aquilo que é a minha vida profissional e a minha vida pessoal”.


Distanciamento da família
Contratado por Carlos Hendrick da Silva, a fim de fazer melhor que o bósnio Dragan Jovic na Liga dos Clubes Campeões, o treinador de 52 anos abriu o coração no momento de justificar a decisão: "Não foi de ânimo leve que a tomei. Foi justamente com os meus. A minha família. Por mim e com muito orgulho representaria essa instituição por mais quatro/cinco anos. Agora, face a um acontecimento familiar, que tem vindo a ser um problema consistente, desde Dezembro, que são os meus filhos, que não estão bem psicologicamente. O pai não foi a casa no Natal, no Ano Novo e na Páscoa. Isso me está a criar alguns problemas ao nível familiar. O mais velho falta à escola, porque não está bem. O mais novo anda num psicólogo”.

Duarte considerou que foi forçado pelas circunstâncias, no entanto conseguiu equilibrar o que não é possível num clube, por ir uma vez ao ano a casa. "Estando numa selecção consigo conciliar a vida familiar com a profissional, indo a casa todos os meses. Não era o que eu queria, mas foi a solução mais acertada, penso, naquilo que é a protecção do lar, aquilo que é a protecção dos filhos”.


Acordo de cavalheiros
A terminar, o técnico do líder do Girabola, escolhido no Rio Seco após superar a concorrência do sérvio Srdjan Vasiljevic, ex-seleccionador dos Palancas Negras, lembrou que o contrato ainda está por assinar. Por enquanto há um acordo de cavalheiros, para começar a trabalhar em Setembro.

"Acho que só me resta terminar aqui esse contrato, com dignidade. Ser pentacampeão, que é aquilo que todos queremos. Representar o 1º de Agosto, um clube que me fez crescer como treinador. Que me deu e está a dar o prazer enorme de lançar imensos jovens, daquilo que é o seu principal objectivo, a Academia de Futebol. E lançar jovens com sucesso. Que estão a se expor no futebol angolano. Seguramente no futuro serão os grandes pilares da Selecção de Angola”, concluiu.

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