Opinião

Género e desastres naturais

Há dias, a comissária da União Africana para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, a angolana Josefa Sacko, defendeu a necessidade de se acautelar os riscos que afectam determinados segmentos da população, particularizando o caso das mulheres, por conta dos desastres naturais.

13/05/2021  Última atualização 06H10
A igualdade de género, uma realidade ainda longe de se efectivar em conformidade com a expectativa e a urgência que a mesma acarreta, afigura-se como uma das apostas eficazes para reduzir os risco de segmentos vulneráveis da população.
O evento em que participou a alta funcionária da Comissão Executiva da União Africana, denominado "Plataforma de gestão  de riscos de género e desastres", tinha como escopo avaliar o impacto das calamidades naturais junto das populações mais vulneráveis.

E não há dúvidas de que as mulheres, em África, além de constituírem a maioria da população, acabam também por ser as mais afectadas pelos piores indicadores sociais. A pobreza, o desemprego, a má remuneração, o analfabetismo, o VIH-SIDA, apenas para mencionar estes males sociais, atingem em proporções desiguais as mulheres. E se a estes fenómenos juntarmos os efeitos das calamidades naturais, numa altura em que as alterações climáticas tendem a agravar a sua eventual manifestação, não há dúvidas de que o impacto sobre as mulheres se multiplica sobremaneira.

"Com o aumento dos desastres naturais e induzidos pelo clima no continente  africano, espera-se que esses grupos carreguem a marca dos desastres", disse a nossa compatriota ao serviço da União Africana. Josefa Sacko defendeu, apontando como soluções, as políticas e  acções de género na gestão do risco de desastres. Trata-se de um desafio que deve ser abraçado pelas lideranças africanas, pelas sociedades, pelas organizações da sociedade civil em cada Estado, pelas comunidades dentro dos Estados e pelas pessoas individualmente.

A União Africana, através da Direcção de Mulheres e Género da União Africana com a chamada Capacidade Africana de Risco (ARC) desempenham um papel importante não apenas na garantia de inserção e participação das mulheres em igualdade de circunstâncias, como também se esforçam na redução do risco e vulnerabilidade. Esperamos que a plataforma para diminuir o impacto dos desastres naturais sobre as mulheres se efective para que os riscos sejam insignificantes. Afinal de contas, falamos de um segmento da população africana que é maioritário e com responsabilidades acrescidas quando  se trata da manutenção das famílias.

É preciso que as questões de género sejam também e fundamentalmente encaradas sob as perspectivas do desenvolvimento que as comunidades precisam. Privar as mulheres do espaço que devem ocupar, das opções que devem adoptar em liberdade, das decisões que têm que tomar e da complementaridade ao lado dos homens, resulta em perdas para todos. 

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