Beka Dvali*
A Primeira República da Geórgia e suas perspectivas promissoras para a nação georgiana duraram apenas três anos. Em 1921, a liberdade foi esmagada pela invasão soviética. No entanto, em 9 de Abril de 1991, a Geórgia conseguiu restaurar a sua independência e a República Democrática. 30 anos depois, apesar do ambiente geopolítico desafiador e das ameaças contínuas à sua soberania e integridade territorial do antigo poder colonial revisionista, a Geórgia conseguiu perseverar, consolidar a democracia e seguir em frente.

Nunca antes na história, a Geórgia - com a sua cultura única e herança cristã, idioma e alfabeto distintos - foi integrada tão amplamente com a comunidade global e nunca antes esta nação teve tantos amigos e aliados na sua vizinhança e além. Progredimos firmemente no caminho da integração europeia e euro-atlântica e nos posicionámos como importante centro de energia, comércio e transporte, numa encruzilhada geopolítica, já hospedando grandes oleodutos e gasodutos, bem como uma rota ferroviária que liga o Oriente ao Ocidente.

A Geórgia destaca-se re-gional e globalmente em reformas abrangentes e contínuas, facilidade de fazer negócios, liberdade da mídia, credenciais democráticas e iniciativa anti-corrupção. A melhoria significativa dos serviços do estado também se mostrou exemplar e amplamente reconhecida como um modelo de possíveis reformas estruturais do Estado para qualquer nação determinada.

A Geórgia independente e democrática aproveitou a oportunidade histórica de estabelecer laços, também em todo o continente africano, incluindo a República de Angola. Depois de ter sido acreditado em Angola como embaixador não residente da Geórgia em 2016, visitei o país várias vezes e, em cada visita, vi um maior dinamis-mo e entusiasmo pela mu-dança e desenvolvimento, em particular, sob a liderança do Presidente João Lourenço e com a sua agenda de re- forma abrangente voltada para o futuro.

Iniciámos um trabalho de divulgação activo, junto dos nossos colegas angolanos, para o desenvolvimento de um diálogo político regular, a cooperação em fóruns multilaterais e também os esforços para promover o comércio bilateral e o investimento. Curiosamente, a última década viu aumentos periódicos no número do comércio bilateral entre a Geórgia e Angola. Essa tendência promissora obriga-nos a acelerar os nossos esforços e impulsionar o comércio, de uma forma mais estruturada e substancial.

Angola deve ver a Geórgia como um centro regional no Mar Negro, na encruzilhada da Europa e da Ásia. E as empresas georgianas devem mostrar maior interesse em Angola, como uma potência económica regional em crescimento na África Austral. O turismo pode, naturalmente, ser visto como um sector importante de interesse mútuo e um facilitador fundamental de contactos interpessoais. A Geórgia, sendo o berço do vinho e tendo 8.000 anos de tradição comprovada e ininterrupta de vinificação, pode oferecer vinhos georgianos únicos aos angolanos, bem como compartilhar uma sólida experiência de sua tradição vinícola.

A articulação de instituições de ensino superior, o intercâmbio de estudantes e docentes são áreas que parecem promissoras. A Geórgia também mostra um crescente interesse na cooperação com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que pode servir como mais uma plataforma interessante para interagir com Angola. Temos o prazer de ter o Sr. Nazim Charania, empresário estabelecido e respeitado em Angola, como cônsul honorário da Geórgia em Luanda. O Sr. Charania, no seu gabinete de cônsul honorário da Geórgia, é um elo importante entre a Geórgia e Angola.

O Sr. Charania já começou a contribuir activamente para desbloquear oportunidades e construir pontes de coopera-ção entre a Geórgia e Angola. Recentemente, a Geórgia foi uma das primeiras a abrir as suas portas, sem quaisquer restrições, para todos os cidadãos vacinados de Covid-19 de todos os países. Isso veio como um acréscimo à oportunidade especial da era Co-vid-19 já existente - licenças para "Business Visitor” e "Working from Georgia Remotely” (www.stopcov.ge/en/protocol). À medida que a Covid-19 recua, a Geórgia abre-se totalmente para os turistas que podem desfrutar da hospitalidade georgiana de renome mundial, culinária e vinhos únicos, bem como experiências culturais distintas.

Os georgianos sempre foram guiados pelo princípio consagrado no eterno poema do poeta renascentista georgiano Shota Rustaveli, do século XII, "O Cavaleiro na Pele de Pantera". Rustaveli disse: "Quem não busca um amigo, é seu próprio inimigo”. Estou muito satisfeito por observar uma reciprocidade clara que o meu país está a obter neste princípio dos nossos amigos e parceiros recentemente encontrados em toda a África, em geral, e em Angola, em particular.

*Embaixador da Geórgia na República de Angola (com residência em Pretória). É também embaixador da Geórgia na África do Sul; não-residente no Botswana, RDC, e-Swatini, Lesotho, Madagascar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe

  VALORIZAÇÃO CULTURAL
País das emoções mais calorosas
O Canto polifónico georgiano inclui mais do que vozes diferentes e está na lista de património imaterial da UNESCO. Em 1977, a canção georgiana  "Chakrulo” foi enviada ao espaço como parte da mensagem da NASA ao universo.
Quase todos os tipos de clima num pequeno país. Pode-se esquiar em algumas das montanhas mais altas da Europa e tomar banho de sol nas praias tropicais, viajando de carro em poucas horas.

Berço da vinificação, na Geórgia, quase todas as famílias bebem o seu vinho de casa. O método tradicional georgiano de fazer vinho "qvevri” está incluído na lista do Património Cultural Imaterial da UNESCO.
A cozinha georgiana oferece uma grande variedade de pratos e é perfeitamente adequada para cada tipo de festa. Combinando perfeitamente especiarias, nozes, carne, queijo e vegetais, a comida georgiana é equilibrada, saudável e diversificada. Cada região celebra o seu terroir ao má- ximo e traz a sua própria marca para a culinária excitante do país.

Foram descobertos em Dmanisi, ao Sul da Geórgia, caveiras dos primeiros europeus, de 1,8 milhão de anos. Ushguli está a quase 2.400 metros acima do nível do mar, uma das comunidades mais altas da Europa, continuamente habitadas e um Património Mundial da UNESCO.
Foram preservadas ao longo dos séculos graças à sua localização isolada e suas tradições culturais.