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Governo da Etiópia nega uso de armas químicas no Norte do país

“A Etiópia não usou e nunca usará tais munições proibidas porque leva muito a sério as suas obrigações à luz da Convenção sobre Armas Químicas.

25/05/2021  Última atualização 09H30
© Fotografia por: DR
Como vítima de ataques com armas químicas, a Etiópia também condena a utilização de armas químicas por qualquer pessoa, em qualquer lugar”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros etíope numa declaração divulgada no Twitter.

Numa reportagem publicada no domingo, o jornal britânico "The Telegraph” noticiou que "os civis no Norte da Etiópia sofreram queimaduras horríveis que se enquadram no uso do fósforo branco, um possível crime de guerra”, com base em gravações e depoimentos de testemunhas e vítimas e nas considerações de peritos em armamento. O fósforo branco pode ser utilizado para vários fins no campo de batalha, tais como a criação de uma cortina de fumo para impedir a visibilidade, para marcar áreas ou como arma incendiária, mas é considerado uma arma química por muitas organizações, o que tornaria ilegal a sua utilização ao abrigo da Convenção sobre Armas Químicas, em vigor desde 1997, assinada pela Etiópia, mas não pela Eritreia, cujas tropas também estão envolvidas na ofensiva em Tigray.

A exposição a uma explosão com fósforo branco, que se inflama ao contacto com o ar, pode causar queimaduras graves e profundas de segundo e terceiro graus, que são mais letais do que outras queimaduras devido à absorção do fósforo no corpo. Por outro lado, a utilização de munições incendiárias fornecidas por via aérea contra áreas povoadas é proibida pela Convenção sobre Certas Armas Convencionais, da qual nem a Etiópia nem a Eritreia são signatárias.

O conflito na região do Tigray começou em Novembro de 2020, depois de o Governo da Etiópia ter lançado uma ofensiva militar contra a Frente Popular de Libertação do Tigray (FPLT), como retaliação a um ataque anterior destas forças a uma base do exército federal.
Desde então, as organizações de defesa dos direitos humanos têm denunciado saques e violações contra a população local cometidos por todas as partes, especialmente pelas forças eritreias destacadas para a região em apoio ao exército da Etiópia.

Perante os relatos de atrocidades cometidas contra civis, a comunidade internacional fez vários apelos ao Governo etíope, nos últimos meses, e a União Europeia (UE) suspendeu, em Janeiro, o apoio orçamental ao país, de 88 mi-lhões de euros, até ser garantido o acesso de organizações hu-manitárias à região de Tigray, algo que as autoridades etíopes têm impedido.
Desde o início do conflito no Tigray, mais de dois milhões de pessoas foram deslocadas à força dentro da região e pelo menos 75 mil fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com números oficiais.

Na sexta-feira, a Procuradoria-Geral da Etiópia anunciou que três soldados do exército etíope foram condenados por violação de direitos de civis e um deles pelo homicídio de um cidadão em Tigray, região alvo de ofensiva militar do Governo. Além disso, mais 28 soldados enfrentam julgamentos por morte de civis.

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