A iniciativa, realizada através da direcção provincial da Cultural, Turismo, Juventude e Desportos, foi anunciada, publicamente, no Museu de Nacional de Antropologia, em Luanda. Para o director provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, Manuel Gonçalves, o objectivo do projecto é, também, incentivar a maior valorização das línguas nacionais.

Outro propósito, disse, é massificar e divulgar os instrumentos tradicionais, a partir da música e com a integração das crianças, dando a estas oportunidades de expressar sensações, sentimentos e pensamentos, como a possibilidade de ampliarem conhecimentos sobre a música tradicional e a popular.

Manuel Gonçalves acredita que seja altura de criar um programa de educação musical, capaz de promover a formação dos futuros talentos criadores, através da construção da cidadania e também do aumento da habilidades socioeducativas. "É preciso, ainda, prestar maior atenção ao resgate da identidade cultural angolana, por meio da cultura, e incitar a descoberta de novos talentos, dispostos a usar a arte como um processo de integração”, reforçou.

A Direcção Provincial da Cultural, Turismo, Juventude e Desportos, destacou, pretende ainda incentivar a in-clusão social da criança e dos adolescentes, tornando as escolas pública num espaço de educação integral em prol do desenvolvimento da sensibilidade e criatividade, por meio da linguagem artística. "Queremos criar artistas capazes de contribuir activamente, com mudanças socioculturais necessárias, na construção de uma sociedade mais ética e digna”.

A inserção de práticas culturais e artísticas nas escolas é, para o director, dos melhores métodos para promover acções que visam valorizar a cultura e as figuras históricas de Angola, assim como a criação de núcleos culturais nestes espaços, de forma a promover o gosto pela arte.

A realização de festivais de arte e cultura nas escolas, continuou, ajudaria muito a conhecer instrumentos como a dikanza e o valor destes para a música nacional, em particular a tradicional, que aos poucos está a ser perdida. "A nova geração precisa saber mais sobre a variedade de manifestações musicais de Angola”.

O projecto, esclareceu, é destinado aos alunos das escolas públicas do ensino primário, incluindo a 6ª classe, e do I ciclo, da 7 a 9ª, dos municípios e distritos urbanos de Luanda. A iniciativa inclui, ainda, a criação do Clube da Dikanza, um espaço para divulgar o instrumento. 

Nas escolas públicas, descreveu, o projecto vai ser desenvolvido através da criação de núcleos para o ensino da dikanza, que depois passa para os municípios e bairros de Luanda. "Porém, é preciso começarmos a pensar na construção de uma fábrica de dikanza e em palestras, assim como criar um registos em disco-áudio e documentar em livro”, pediu.


Precursores 

A Direcção Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos informou, decidiu, dentro do projecto, homenagear os exímios executores da dikanza, com destaque para Raul Tolinga, Zé Fininho e Didi da Mãe Preta.  A homenagem, explicou Manuel Gonçalves, vai ser feita com o auxílio da União Nacional dos Artista e Compositores (UNAC-SA).  Os homenageados, que assistiram a gala de lançamento do projecto, agradeceram o gesto e esperam um reconhecimento a altura.

Para Raul Tolinga, a dikanza é um instrumento muito valioso para a música angolana tradicional. "Tenho passado o legado sobre este instrumento aos mais jovens a custo zero e os ensino a darem maior valor a dikanza, por dar outra sonoridade rítmica a música”.

Zé Fininho, outro tocador de dikanza, disse que também tem ensinado os jovens, de forma a darem continuidade de todo um legado em torno deste instrumento. 

O mentor do projecto, o músico Jorge Mulumba, considerou uma honrar ver a dikanza, tocada por muitos músicos, receber o real valor no seu país de origem.