Economia

Investimento privado centraliza as prioridades

A ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, disse, ontem, que a primeira prioridade para o financiamento dos projectos no país é recorrer ao investimento privado, e só depois usar o financiamento das instituições financeiras multilaterais internacionais.

03/03/2021  Última atualização 07H25
Ministra Vera Daves abordou sobre as estratégias do Governo © Fotografia por: Vigas da Purificação | Edições Novembro
"Temos de ser conservadores, estamos a olhar para o financiamento concessional e semiconcessional, mas esta é a segunda opção, a primeira opção é o investimento privado, fazer com que os investidores privados estrangeiros invistam em Angola, e com isso vamos fazer crescer a economia, criar empregos e aumentar a receita fiscal”, disse Vera Daves de Sousa.
A governante angolana falava no primeiro painel do Fórum Orçamental Africano, que decorre hoje e quarta-feira a partir de Washington em formato virtual.

No painel com a presença, entre outros, da directora executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, do comissário do Comércio da União Africana, Albert Muchanga, e da comissária da União Europeia para as Parceiras Internacionais, Jutta Urpilainen, a ministra angolana disse que "o financiamento público servirá para as infra-estruturas, para os projectos que tiverem mais impacto social e para aqueles com menor rentabilidade, que o Governo fará por si próprio”.

Aumento da base fiscal
Durante as intervenções, Vera Daves salientou que "o sector privado vai ter um papel importante para a economia crescer e assim aumentar a base fiscal que permitirá avançar para os investimentos públicos que diminuam as desigualdades”, que todos os interveniente reconheceram que aumentaram devido aos efeitos da pandemia de Covid-19.
Questionada sobre o impacto da descida dos preços do petróleo e das medidas de confinamento na economia de Angola, o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana, Vera Daves relembrou as medidas que tomou para suster o crescimento do rácio da dívida sobre o Produto Interno Bruto (PIB) e vincou que, para além da reestruturação de vários empréstimos de credores oficiais e bilaterais, "os credores privados estão abertos a negociar” e a "dar mais es-paço de manobra”.

As reformas económicas lançadas nos últimos anos, acrescentou a governante, estão já a apresentar sinais de sucesso, destacando a protecção das reservas internacionais e os investimentos feitos dentro do país, nomeadamente na agricultura.
"Conseguimos proteger as nossas reservas internacionais, e também dar um sinal ao mercado de que a produção nacional é uma boa opção de investimento. Estamos a ver os resultados, há investidores locais a pôr dinheiro na agricultura e nas pequenas indústrias, porque percebem que o regime livre da taxa cambial cria um incentivo e sabem que o Estado não está a subsidiar as importações como era feito no regime cambial anterior”, argumentou.

Para além da taxa de câmbio, em termos de política monetária a segunda prioridade vai para a taxa de inflação, que estando acima de 20% actualmente é um pesado encargo para o rendimento das famílias.
"Também estamos empenhados na taxa de inflação, que é muito dura para a população porque atinge directamente o número de bens que a população pode comprar com o salário, mas não é um equilíbrio fácil, daí ser tão importante aumentar a base tributária e ter um aumento da receita para ficarmos menos dependentes do financiamento internacional e darmos espaço aos bancos comerciais para financiarem as actividades privadas”, concluiu a ministra.
A conferência de hoje à tarde teve como tema de debate as reformas económicas ‘corajosas’., cujas iniciais em inglês da palavra ‘brave’ foram usadas como guião para as prioridades das reformas: ousadas, baseadas na receita, ancoradas, compatíveis com vacinação e equitativas.

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