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Jacob Zuma declara-se inocente no caso de corrupção pública

O ex-Presidente da África do Sul Jacob Zuma e a companhia de armamento francesa Thales declararam-se ontem inocentes das acusações de fraude, extorsão, corrupção, evasão fiscal e lavagem de dinheiro, num tribunal sul-africano.

27/05/2021  Última atualização 05H20
Ex-Presidente sul-africano é culpado de vários crimes © Fotografia por: DR
O julgamento começou ontem, na capital da província do KwaZulu-Natal, litoral do país, após vários recursos do ex-Presidente sul-africano, e refere-se a um caso de corrupção pública de aquisição de armamento com mais de 20 anos e que envolve o grupo francês Thales.

O procurador do Ministério Público, o advogado Billy Downer, referiu que o Estado "não seria capaz" de responder, ontem, em tribunal, ao apelo especial apresentado pela defesa de Jacob Zuma, considerando "volumoso" o fundamento de mais de mil páginas.
A defesa do ex-Chefe de Estado sul-africano concordou que o Ministério Público deveria ter "tempo" para apresentar as declarações de resposta ao apelo especial apresentado por Jacob Zuma e, por isso, será ouvido no dia 19 de Julho de 2021, anunciou, ontem, o juiz Piet Koen, adiando o caso.

Jacob Zuma solicitou a remoção do caso do advogado Billy Downer, procurador do Ministério Público, questionando a "imparcialidade" e "independência" do advogado do Estado sul-africano.
Ao regressar, ontem, ao banco dos réus no tribunal superior de Pietermaritzburg, Jacob Zuma, representado pelo advogado Dali Mpofu, insistiu ainda que houve "interferência política" no caso de corrupção de que é acusado.

Na sua intervenção, o Ministério Público sul-africano disse que "não parece haver urgência" da parte do ex-Presidente em finalizar o caso de corrupção que se arrasta há 20 anos na Justiça sul-africana.
O Ministério Público disse estar apto a prosseguir com o julgamento de Zuma e da  Thales sobre uma série de acusações criminais decorrentes da aquisição de armamento na década de 1990 pelo Governo do Congresso Nacional Africano, no poder desde 1994 no país.

Todavia, o Ministério Público sul-africano manifestou preocupação com a possibilidade de novos atrasos no julgamento do caso devido à recente tentativa de Zuma em forçar a saída do procurador Billy Downer do caso.
Na sua intervenção, o advogado do Ministério Público apresentou, também, ontem, 18 acusações, complementando a principal acusação de corrupção contra o ex-Chefe de Estado sul-africano.

De acordo com a acusação do Ministério Público, Jacob Zuma recebeu 791 transacções financeiras entre 25 de Outubro de 1995 e 7 de Junho de 2004, totalizando 4.121.604.88 rands.
Os pagamentos foram efectuados por Schabir Shaik, sócio de Zuma, que integrou a direcção de empresas do grupo de armamento francês Thales, criadas, em 1996, na África do Sul, segundo o documento do Ministério Público sul-africano, consultado pela Lusa.

O caso de alegada corrupção na aquisição de armamento pelo Estado sul-africano foi o maior escândalo de corrupção pública nos primeiros cinco anos de democracia na África do Sul, após o escândalo de corrupção em torno da peça teatral Sarafina, em 1996, no mandato do ex-Presidente Nelson Mandela. No poder entre 2009 e 2018, Zuma foi forçado a demitir-se após uma série de escândalos.

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