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Junta liberta mais de 600 detidos desde golpe militar

Mais de 600 detidos pelos militares desde o golpe de Estado de 1 de Fevereiro em Myanmar foram ontem libertados, disse fonte prisional.

25/03/2021  Última atualização 10H49
De acordo com informações, existem no país mais de dois mil presos desde o golpe de Estado © Fotografia por: DR
"Libertámos, hoje, 360 homens e 268 mulheres da prisão de Insein” em Rangum, declarou um responsável do estabelecimento penitenciário que pediu para não ser identificado.
De acordo com a Organização Não-Governamental Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), mais de 2.800 pessoas foram detidas na sequência do golpe de Estado militar que derrubou o Governo de Aung San Suu Kyi.
Suu Kyi deveria comparecer, ontem, em tribunal, para responder às acusações de corrupção feitas pela Junta.

O acesso à Internet continua muito restrito em Myanmar, tendo o Exército ordenado o corte de ligações móveis e de várias redes wifi.
As operações militares continuam muito intensas em Mandalay (Centro do país), onde 21 civis morreram desde domingo.

Durante a madrugada, barricadas erguidas pelos manifestantes foram incendiadas, casas saqueadas e os tiros disparados em várias partes da cidade, de acordo com os meios de comunicação locais.
"A audiência pode ser muito perturbada ou nem sequer começar. O tribunal não tem wifi” neste momento, disse o advogado Khin Maung Zaw, que ainda não foi autorizado a encontrar-se com Aun Suu Kyi.

A Junta Militar justificou o golpe com alegações de fraudes maciças nas eleições legislativas de Novembro passado, ganhas pela Liga Nacional para a Democracia (NLD), partido de Aung San Suu Kyi.
A junta está também a visar os meios de Comunicação Social. Thein Zaw, um fotógrafo da agência de notícias Associated Press, acusado de "semear o medo e a espalhar falsas notícias”, foi, também, libertado.

 
ONU condena
uso excessivo de força

O Conselho dos Direitos Humanos da ONU adoptou, ontem, uma resolução a condenar o uso "desproporcionado da força” e pretende que seja criada uma representação do Alto Comissariado para os Direitos Humanos.
No passado dia 12 de Fevereiro, o Conselho já tinha adoptado uma outra resolução relativa a Myanmar, durante uma sessão extraordinária, em que condenava o golpe militar e exigia o levantamento do Estado de Emergência e a libertação imediata da chefe do Governo Aung San Suu Kyi.
A resolução, proposta então pela União Europeia e pelo Reino Unido, pedia "a libertação imediata e incondicional de todas as pessoas detidas arbitrariamente” e "o restabelecimento do Governo eleito”, sem fazer qualquer referência a sanções.
Apesar de ter reafirmado, esta semana, que se mantém determinada em "reprimir a ilegalidade”, a Junta Militar libertou, ontem, mais de 600 pessoas que estavam detidas,  incluindo um repórter fotográfico da agência norte-americana   Associated Press (AP).

A nova resolução ontem adoptada, no final da 46ª sessão do Conselho, condena novamente "nos termos mais veementes” o derrube do Governo civil birmanês e renova os apelos para a "libertação imediata e incondicional” de todas as pessoas que tenham sido arbitrariamente presas, detidas ou acusadas.

O texto exige novamente, em particular, a libertação imediata e incondicional de todos os jornalistas, defensores dos direitos humanos, líderes religiosos, membros da sociedade civil, conselheiros locais e estrangeiros, profissionais de saúde, académicos, professores e activistas que tenham sido detidos "por razões políticas”.

A resolução apela, igualmente, à protecção do direito à liberdade de opinião e de expressão em meios digitais, bem como condena "o uso desproporcionado da força por parte do Exército e da Polícia, nomeadamente o uso indiscriminado de força letal” e exorta o Exército a procurar uma solução pacífica para a actual crise.

De acordo com a Organização Não-Governamental Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), mais de 2.800 pessoas, incluindo políticos, estudantes e monges, foram detidas na sequência do golpe de Estado militar que derrubou o Governo de Aung San Suu Kyi.
A repressão policial e militar já fez, pelo menos, 261 mortos desde o início de Fevereiro, de acordo com a mesma fonte.

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