Mundo

Kremlin refuta acusação da França sobre ataques

As autoridades russas consideraram, ontem, "absurda" a acusação de que a Rússia possa ser culpada de intrusões informáticas em várias empresas e instituições francesas que foram afectadas nos últimos anos.

17/02/2021  Última atualização 18H45
Porta-voz d9o Kremlin deplora as acusações feitas por Paris © Fotografia por: DR
"A Rússia nunca teve, não tem e não pode ter qualquer conexão com o crime cibernético", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos jornalistas após as últimas revelações de que os russos terão estado por de trás dos ataques informáticos, cujo "modus operandi" é geralmente atribuído aos serviços secretos militares russos.

"Essa formulação é um pouco absurda. Não podemos dizer que a Rússia está implicada", sublinhou Peskov. Na Segunda-feira, a Agência Nacional de Segurança dos Sistemas de Informação (ANSSI) da França declarou que várias empresas francesas foram, entre o final de 2017 e 2020, alvo de um ataque cibernético, cujos contornos coincidem com as operações do grupo de piratas russos Sandworm.

O ataque, segundo as suas conclusões, "apresenta numerosas similitudes com campanhas anteriores" da Sandworm, um grupo de ciberespiões, ligados aos serviços de informações militares russos, que já aproveitou uma vulnerabilidade da Windows para aceder a sistemas da OTAN, do Governo ucraniano e de algumas empresas de energia e telecomunicações europeias.
A campanha foi dirigida contra o programa informático de controlo Centreon, ferramenta desenvolvida pela empresa homónima que permite supervisionar aplicações, redes e sistemas e que podia ser usada também pelo sistema operativo Linux, de acordo com um relatório daquela organização.

"Se entendi bem, os franceses não acusaram a Rússia, mas certos grupos de 'hackers' que, como dizem, podem ter relação com a Rússia", acrescentou, insistindo na forma "um pouco absurda" da acusação. "O modus operandi Sandworm é conhecido por organizar grandes campanhas e escolher vítimas entre as mais estratégicas. As intrusões observadas pela ANSSI ajustam-se a este comportamento", sublinhou a organização.

Os primeiros incidentes identificados no último caso pela ANSSI remontam a finais de 2017, mas continuaram até ao ano passado.
Entre os potenciais alvos estão clientes da Centreon, como o Ministério da Justiça e grandes empresas. A duração do ataque, antes de ser descoberto, deixa antever "hackers" atacantes "extremamente discretos, conhecidos por estarem nas lógicas de roubo de dados e informações".

Utilizado por empresas como a Airbus, Air France, Bolloré, EDF, Orange, Total e pelo Ministério da Justiça, o programa informático Centreon permite controlar aplicações e redes informáticas.
"Esta campanha afectou principalmente prestadores de serviços informáticos, em particular alojamento de sítios na Internet", especificou a ANSSI. O caso faz lembrar o vasto ataque cibernético, atribuído à Federação Russa, que visou os EUA em 2020, quando os piratas informáticos aproveitaram a actualização de um programa deste tipo desenvolvido por uma empresa do Texas, a SolarWinds, utilizado por milhares de empresas e governos no mundo.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Mundo