Economia

Kwanza recupera face às principais divisas

Cristóvão Neto

Jornalista

Medidas de gestão de liquidez destinadas a reduzir a procura de divisas influenciaram a apreciação de 4,2 por cento do Kwanza face ao Dólar, no mercado formal, verificada entre Janeiro e a última segunda-feira, período em que a moeda angolana também se valorizou 10,5 por cento no informal.

16/04/2021  Última atualização 07H40
Kwanza é favorecido pelo comportamento favorável do preço do petróleo no mercado internacional © Fotografia por: DR

Estes números foram, ontem, obtidos de uma fonte do BNA que aponta, como resultado dos ganhos do kwanza, uma flagrante queda do diferencial cambial da moeda nacional frente ao Dólar e ao Euro nos mercados formal e paralelo.

 

Os dados mostram uma trajectória descendente do diferencial cambial do Kwanza face ao Dólar e  Kwanza que, de 16,3 e 9,3 por cento, respectivamente, em finais de Novembro do ano passado, caiu para 9,1 e 4,8 por cento a 12 de Abril.

 

A fonte declarou que a evolução favorável da taxa de câmbio da moeda nacional é devida ao controlo da liquidez excessiva no mercado, uma medida que considera ser o factor catalisador da estabilidade cambial.

 

De acordo com a fonte, "a gestão racional da liquidez no quadro de uma política monetária restritiva”, influenciou a estabilidade das taxas e a redução da procura por moeda estrangeira no mercado informal, "melhorando o diferencial das taxas de câmbio entre o mercado formal e informal”.

 

O Kwanza é, ainda, favorecido pelo comportamento favorável do preço do petróleo no mercado internacional, situado em mais de 60 dólares por barril e com tendência crescente.

 

Além disso, a moeda angolana beneficia, desde o final do ano de 2020, de medidas como a eliminação dos crónicos atrasados cambiais, a contenção da sobrevalorização da moeda que tinha impacto negativo sobre a competitividade da economia e o abrandamento das perdas acentuadas de reservas internacionais.

 

A fonte alertou, entretanto, para "factores de risco que podem reverter a tendência” de estabilidade do câmbio, com realce para uma eventual queda do preço ou da produção de petróleo bruto e uma evolução da situação da pandemia da Covid-19 no país e  no mundo que leve ao relaxamento da política monetária.

 

 

Reforma cambial

A fonte lembra, como parte da trajectória de recuperação do Kwanza, as reformas decididas pelo BNA no final de 2017, uma estratégia para o mercado cambial que passava pela liberalização gradual da taxa de câmbio de forma a que esta passasse a ser determinada pelo mercado, representando o equilíbrio entre a procura e a oferta.

 

Com este ajustamento, recorda, o BNA propôs-se atingir o objectivo directo de ter na taxa de câmbio um instrumento amortecedor de choques externos na balança de pagamentos e, de forma indirecta, criar condições para o aumento da competitividade da produção nacional.

 

A fonte enumerou as reformas introduzidas para atingir tais objectivos, apontando a liberalização das margens a aplicar pelas instituições financeiras na venda de divisas, a implementação da plataforma electrónica Bloomberg FXGO para a realização de leilões e a determinação de que as vendas das empresas petrolíferas, diamantíferas e Ministério das Finanças devem ser negociadas directamente com os bancos comerciais nessa plataforma.

 

Essas medidas incidiram, também, sobre o inicio de leilões de operações cambiais a prazo, eliminação do licenciamento da maioria das operações cambiais e a dispensa da entrega de documentos justificativos para a compra de moeda estrangeira pelos particulares nas suas operações de invisíveis correntes.

 

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