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Líder golpista garante eleições gerais para 2022

O Vice-Presidente de transição no Mali, o coronel Assimi Goita, que na segunda-feira liderou o mais recente golpe de Estado no Mali anunciou, ontem, que demitiu o seu superior, o Presidente Bah Ndaw, bem como o Primeiro-Ministro, Moctar Ouané, assegurando que “o processo de transição continua o seu curso” e que haverá eleições no próximo ano.

27/05/2021  Última atualização 05H50
Chefe golpista está a ser obrigado a libertar os dirigentes detidos e a manter a ordem no país © Fotografia por: DR
Numa declaração citada pela AFP, Goita, que liderou o golpe militar de Agosto de 2020, tentou dar uma ideia de normalidade convidando o povo maliano a "continuar livremente com as suas ocupações”. O coronel insistiu no "compromisso infalível” das Forças Armadas do Mali em defender a segurança do país, mas não indicou pormenores sobre o paradeiro do Presidente e Primeiro-Ministro, detidos na segunda-feira.

Após várias horas de expectativa desde a detenção de Ndaw e Ouané, o comunicado do Vice-Presidente Goita explica que as razões desta acção resultam de uma "crise de muitos meses a nível nacional”, em referência às greves e várias manifestações convocadas no país por actores sociais e políticos e que culminaram com uma greve geral de quatro dias.
A detenção de Ndaw e Ouané ocorreu horas após o anúncio da composição de um novo Governo formado por um Primeiro-Ministro, o que, segundo várias fontes, causou desconforto entre os líderes do golpe militar pela exclusão de dois comandantes militares da ala de Goita.

Assimi Goita indicou também que "o processo de transição seguirá o seu curso normal e que as eleições planeadas se realizarão durante 2022”. O coronel Goita, chefe dos militares que derrubaram o Presidente eleito Ibrahim Boubacar Keita, a 18 de Agosto de 2020, culpou o Presidente Bah Ndaw e o Primeiro-Ministro Moctar Ouane pela formação de um novo Governo sem o consultar previamente, apesar de ser o responsável pela Defesa e Segurança, áreas cruciais no país.
"Tal   movimento demonstra um claro desejo do Presidente e do Primeiro-Ministro de violar a carta transitória, com uma clara intenção de sabotar a transição”, disse.

 A carta, redigida em grande parte pelos coronéis, é um texto de referência da transição que supostamente irá trazer os civis de volta ao poder. O coronel Goita disse que, neste contexto, foi "obrigado a agir” e a destituir das "suas prerrogativas” o Presidente, o Primeiro-Ministro e todos os envolvidos nesta situação.
Ontem, o presidente em exercício da União Africana (UA) e Chefe de Estado da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, juntou a sua voz à da restante comunidade internacional e exigiu a "libertação imediata e incondicional” das autoridades de transição detidas pelos militares no Mali.

Tshisekedi , disse "que tomou conhecimento com consternação da detenção no Mali do Presidente de transição, Bah Ndaw, e do Primeiro-Ministro, Moctar Ouané, pelos militares”, afirmou em comunicado a Presidência da RDC. O presidente em exercício da UA "exige a libertação imediata e incondicional das personalidades detidas, condena energicamente qualquer acção que busque desestabilizar o Mali e pede a moderação a todos os envolvidos”.
 
França convoca Conselho de Segurança
A França convocou na terça-feira à noite, uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) após o "golpe de Estado” no Mali, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian.

"Vamos convocar a reunião do Conselho de Segurança para ter em consideração a grave situação no Mali”, afirmou o ministro perante a Assembleia Nacional francesa, citado pela agência France Press (AFP).
Perante a Assembleia Nacional, o chefe da diplomacia francesa disse também que "a França condena nos termos mais veementes o uso da força” e "exigimos a libertação urgente das  autoridades, cuja segurança deve ser garantida, e a retoma imediata do curso normal da transição no país”, sublinhou Le Drian.

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