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Ligação entre rebeldes e jihadistas é “muito ténue”

Analistas internacionais que observam o conflito armado em Cabo Delgado consideram ser ténue a ligação entre os rebeldes que aterrorizam a região e o grupo Estado Islâmico (EI), segundo um documento consultado, ontem, pela Lusa.

24/03/2021  Última atualização 10H15
© Fotografia por: DR
"Embora haja evidências de que o EI teve contacto com 'jihadistas' em Moçambique, não está claro o quão próximos ou significativos sejam os seus laços", refere o documento do International Crisis Group, a propósito das designações terroristas atribuídas pelos Estados Unidos a 10 de Março.

"A forma de disseminação de propaganda não sugere vínculos especialmente próximos", refere o grupo de analistas, destacando que uma das maiores conquistas dos rebeldes, a ocupação de Mocímboa da Praia em Agosto de 2020, passou ao lado dos meios do EI durante duas semanas. Por outro lado, o EI "não reivindicou qualquer ataque como seu desde Outubro".

Os analistas recordam, ainda, um relatório divulgado no ano passado por investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU) na Somália, segundo o qual Mohamed Ahmed "Qahiye", membro de um grupo dissidente do Al-Shabab ligado ao EI, viajou para Moçambique no início de 2020.

"Fontes ligadas à segurança regional dizem que ele é fabricante de bombas e instrutor, mas, embora os ataques em Cabo Delgado se tenham tornado mais sofisticados, o grupo ainda não mostrou ter capacidades acrescidas ao nível dos dispositivos explosivos", acrescentam.

O documento do International Crisis Group destaca, ainda, a prevalência de tanzanianos entre os rebeldes de Cabo Delgado. Os analistas referem que as sanções anunciadas pelos EUA dificilmente deverão afectar os insurgentes, que usam dinheiro vivo ou através de operações por telemóveis.

As medidas poderão, no entanto, afectar operações humanitárias, devido ao seu enquadramento legal, apesar de a fonte das Nações Unidas ter dito à Lusa, no dia 18, que tal não será um obstáculo.
O Internatio-nal Crisis Group sublinha, ainda, que as sanções não são de fácil compreensão e podem ser usadas por quem defende uma opção puramente militar para levar avante opções reforçadas de repressão armada do conflito.

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