Política

Mais de 480 mil famílias beneficiam do apoio do FIDA

César Esteves

Jornalista

O apoio prestado pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) a Angola, para reduzir a fome e a pobreza, beneficia mais de 480 mil famílias em, pelo menos, dez províncias, revelou ontem, em Luanda, o Presidente da República, João Lourenço.

18/02/2021  Última atualização 08H50
João Lourenço foi convidado de honra na 44ª sessão do Conselho de Governadores do FIDA © Fotografia por: Kindala Manuel | Edições Novembro
Ao intervir, por videoconferência, na 44ª sessão do Conselho de Governadores do FIDA, realizada a partir da sede, em Roma, Itália, o Chefe de Estado ressaltou que aquela agência das Nações Unidas tem mobilizado, de forma crescente, recursos técnicos e financeiros para executar os projectos de desenvolvimento agrícola e pesqueiro.

Esta intervenção, disse, tem sido feita em domínios-chaves, como pesquisa e extensão agrária, reabilitação de infra-estruturas rurais, apoio directo aos investimentos produtivos, bem como na promoção do acesso aos mercados."Não gostaria de concluir esta minha intervenção sem mencionar, de um modo especial, à atenção e apoio moral, técnico e material do FIDA nos esforços de desenvolvimento agrícola e rural de An-gola”, destacou o Presidente João Lourenço, na 44ª sessão do Conselho de Governadores do FIDA, na qual foi convidado de honra.
Representação do FIDA

O Presidente da República salientou que os esforços em curso para a abertura da re-presentação do FIDA em Angola, bem como a criação, recente, junto do Ministério da Agricultura e Pescas, da unidade de coordenação dos projectos financiados pela instituição vai aumentar e melhorar a capacidade na-cional de implementação dos programas.

"Estamos cientes dos desafios presentes e do futuro a que temos de fazer face juntos, no sentido da modernização da agricultura angolana, de modo a torná-la cada vez mais competitiva”, realçou.Angola, prosseguiu, está a viver um período de importantes reformas em vários domínios da sua vida política, económica e social. Destacou que o foco da sua governação tem assentado na necessidade de instaurar e consolidar, no país, uma sociedade que respeite o primado da lei e, também, na construção de uma economia de mercado capaz de "diversificá-la, efectivamente”, bem como alterar, em termos definitivos, a estrutura económica do país, hoje muito dependente dos recursos do sector petrolífero.

Disse estarem a ser, por isso, tomadas medidas no sentido de combater práticas não saudáveis, nem recomendáveis para a gestão da vida pública do país e que, por serem tão reiteradas, estavam a tornar-se numa séria ameaça ao prestígio de Angola.A nível económico, destacou as várias iniciativas para a melhoria do ambiente de negócios no país, de modo a atrair, cada vez mais, investimento privado directo, nacional e estrangeiro.

Esclareceu que o objectivo é fomentar o crescimento do sector não petrolífero da economia, por ser aquele que mais postos de trabalho cria e que, por isso, está em melhores condições de contribuir para o aumento dos rendimentos e do bem-estar dos angolanos. "Por esta razão, temos prestado uma atenção especial a sectores como a agricultura, agro-indústria, pescas, indústrias extractiva e transformadora, construção, turismo e  outros sectores intensivos em mão-de-obra”, aclarou.
Investimentos na agricultura

Apesar dos constrangimentos provocados pela pandemia da Covid-19, o Presidente da República informou que têm sido desenvolvidas iniciativas para aumentar os investimentos na agricultura e, com isso, o incremento da produção nacional. Neste particular, sublinhou os programas e projectos de Extensão Rural e de financiamento concessional aos operadores rurais e do agro-negócio que têm sido desenvolvidos com taxas de juro bonificadas a empréstimos concedidos ao sector privado.

Apesar de se a registarem resultados positivos na implementação destes programas e projectos agrícolas, João Lourenço disse ser necessário fazer-se mais e melhor na criação de condições para a retoma do crescimento económico do país, em geral, e para o desenvolvimento do sector agrícola e rural, em particular.

"Julgamos importante garantir um envolvimento, cada vez mais activo, das organizações de agricultores, bem como reforçar o contributo das pequenas, médias e grandes empresas que actuam, a montante e a jusante, da produção agropecuária, tanto através do fornecimento de bens e serviços de apoio à produção, como através da aquisição, processamento e distribuição de produtos de origem local”, realçou.

O Presidente considerou que, para tornar o mundo rural mais atractivo e competitivo, é necessário intensificar e estender, ainda mais, os programas e projectos de abertura e reabilitação das vias de acesso, o aumento da oferta dos serviços de educação e saúde, abastecimento de água, electrificação rural, pesquisa e inovação."Todas estas medidas devem estar viradas para o aumento da produção e da produtividade dos produtos de origem local”, defendeu.

Produção nacional começa a ganhar espaço

O Presidente da República informou, na ocasião, que as importações de bens alimentares, registaram, no ano passado, uma redução de 24 por cento. Disse tratar-se de um sinal ilustrativo de que a produção nacional começa a ganhar espaço e a substituir os produtos antes importados."Os resultados das medidas tomadas começam a ser visíveis. Não obstante Angola ter tido, em 2020, um crescimento global negativo, o sector da agricultura teve, nesse ano, um crescimento positivo ao redor dos 5 por cento”, adiantou.

O Presidente da República disse estar a ser feito um grande esforço para revitalizar e desenvolver a agricultura em Angola, de modo a poder reduzir-se a grande dependência da importação de produtos alimentares. Enalteceu a cooperação internacional, bilateral e com organizações de desenvolvimento, por ter sido "muito importante” para o sucesso na luta do país pela reconstrução, no pós-guerra.João Lourenço disse que essa cooperação continua a ser necessária para debelar os efeitos das crises a que "temos vindo a fazer face, resultantes da queda do preço do petróleo no mercado internacional e das alterações climáticas”.

Nesse contexto, disse, os projectos de desenvolvimento agrícola, co-financiados pelo Executivo angolano e pelos parceiros externos, tais como o FIDA, o Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento, a Agência Francesa de Desenvolvimento, a União Europeia, entre outros, têm ajudado o país a aumentar a resiliência e autonomia. O Presidente da República adiantou que, fruto destas acções, o país tem conseguido atingir os objectivos da luta contra a pobreza e aumentar a segurança alimentar e nutricional, "perfeitamente alinhados com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável traçados pelas Nações Unidas".O Chefe de Estado felicitou o presidente do FIDA, o togolês Gilberto Houngbo, pela reeleição no cargo. A 44ª Sessão do Conselho de Governadores do FIDA termina hoje.
João Lourenço foi o primeiro a discursar

O Chefe de Estado angolano recebeu o convite para ser o primeiro orador da reunião do órgão directivo do FIDA, como sinal de reconhecimento à sua política de reformas em Angola, com realce para o incentivo à Agricultura e outros domínios da Economia destinados a diminuir a dependência do país à influência do petróleo.   

Nas intervenções, o Presidente João Lourenço foi seguido do Primeiro-Ministro do Paquistão, Imran Khan, e do ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Luigi di Maio.  Na sua conta oficial do Twitter, o FIDA destacou a referência feita pelo Chefe de Estado angolano, no seu discurso, ao apoio desta organização a Angola "que tem ajudado o país a aumentar a sua resiliência e autonomia, atingindo os objectivos da luta contra a pobreza e aumento da segurança alimentar e nutricional”. 

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