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Maputo rejeita intervenção externa no conflito armado

Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater os insurgentes, na região de Palma cujas acções já foram reivindicadas pelo auto-proclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.

31/03/2021  Última atualização 18H18
Presidente Nyusi quer dar prioridade à formação e à modernização das Forças Armadas © Fotografia por: DR
Organizações da sociedade civil moçambicana têm insistido em pedir ao Governo que esta aceite ajuda militar internacional para travar os rebeldes. Para agravar a situação, as agências humanitárias das Nações Unidas enfrentam falta de dinheiro para socorrer o Norte de Moçambique e de ‘stocks’ de itens essenciais, como comida e medicamentos. Os doadores ainda só cobriram 10 por cento do apelo de 254,4 milhões de dólares feito em Dezembro para apoiar Cabo Delgado, numa altura em que ainda não se contava com o agravamento decorrente do ataque a Palma, referiu fonte oficial.

A situação é crítica, acrescentou à Lusa outra fonte humanitária no terreno: em alguns casos, os itens à disposição da assistência humanitária satisfazem 30 por cento das necessidades identificadas. Algumas comunidades deslocadas já nem aceitam receber equipas técnicas para a realização de levantamentos caso não levem comida, disse uma pessoa envolvida nas operações. "Se não tem comida, não vale a pena”, disse.

A Amnistia Internacional, por seu lado, apelou a uma "investigação oficial” que permita perceber o que se passou nos últimos três anos no Norte de Moçambique, e que sejam "responsabilizados” os autores dos abusos dos direitos humanos aí cometidos.
"Até agora, todos os actores (forças armadas moçambicanas, grupos insurgentes e empresas de segurança ou paramilitares privadas) têm agido com total impunidade, mesmo antes (dos últimos episódios na vila de Palma, afirmou Pedro Neto, director executivo da AI em Portugal, em declarações à Lusa.

 
Portugal forma forças especiais

Sessenta instrutores militares portugueses partem para Moçambique, na primeira quinzena de Abril para ajudar na formação das Forças Armadas daquele país, confirmou ontem à Lusa o Ministério da Defesa. O envio deste contingente das forças especiais, é enquadrado pelo novo acordo-quadro de cooperação bilateral que está a ser ultimado pelos ministérios português e moçambicano da Defesa, disse fonte da tutela.

Em entrevista à Lusa divulgada no passado dia 17 de Fevereiro, o ministro português, João Gomes Cravinho, havia revelado que um contingente de "forças especiais” seria destacado em Moçambique, para formar e preparar o país no combate ao terrorismo. "O que vamos destacar são formadores para formar fuzileiros e comandos. São militares que têm essas valências, forças especiais”, disse na altura Gomes Cravinho, frisando que decorre o planeamento com as autoridades moçambicanas. A África do Sul anunciou, oficialmente ontem, que a sua aviação já havia evacuado cinco sul-africanos que se encontravam retidos em Pemba e não descartou a possibilidade de efectuar novas incursões para salvaguardar a integridade física dos seus cidadãos que estão na região afectada pela violência.

A operação de evacuação, realizada pela Força Aérea Sul-Africana envolveu também o repatriamento dos restos mortais de um homem sul-africano de 40 anos que morreu nos atentados, disse o Ministério das Relações Internacionais e Cooperação sul-africano. O comunicado referiu que a operação envolveu uma aeronave militar que voou de Moçambique para a província do KwaZulu-Natal, litoral do país e posteriormente para Gauteng, província envolvente a Joanesburgo.

Na terça-feira, o embaixador da África do Sul em Moçambique, Siphiwe Nyanda, estimou que há 50 cidadãos sul-africanos afectados pelos atentados terroristas no Norte do país vizinho desde quarta-feira da semana passada. Ontem, um barco com mais de mil deslocados da vila de Palma, chegou a Pemba mais tarde que o previsto devido ao mau tempo e dificuldades técnicas, disse à Lusa fonte que acompanha a operação. A viagem em alto mar está a ser dificultada pelo mau tempo no percurso de 200 a 300 quilómetros até Pemba, capital provincial, a par de dificuldades técnicas. A chegada está prevista para hoje.

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