Mundo

Marte tinha água equivalente a metade do Oceano Atlântico

Há cerca de quatro mil milhões de anos, Marte tinha água suficiente para cobrir todo o planeta, num oceano entre 100 e 1.500 metros de profundidade, um volume aproximadamente equivalente a metade do Oceano Atlântico no planeta terra, segundo a investigação do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e do Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA (JPL).

23/03/2021  Última atualização 10H48
© Fotografia por: DR
A mesma investigação sustenta que, entre 30 e 99 por cento da água em falta em Marte está presa na crosta do planeta. Mil milhões de anos mais tarde, o planeta já estava tão seco como hoje e as teorias actuais consideram que a água escapou para o espaço, devido à baixa gravidade do planeta, uma ideia que não pode explicar, segundo o novo estudo, a maior parte dessa perda.

A equipa estudou a quantidade de água em Marte ao longo do tempo em todas as suas formas (gasoso, líquido e sólido) e a composição química da sua atmosfera e crosta actuais. Em particular, concentraram-se na relação entre dois elementos: o deutério e o hidrogénio.
A água é composta por hidrogénio e oxigénio, mas nem todos os átomos de hidrogénio são iguais. O mais leve tem uma maior facilidade em escapar à gravidade do planeta para o espaço do que o seu homólogo mais pesado.

Por esta razão, a fuga da água de um planeta, através da atmosfera superior, deixaria uma marca indicadora na proporção de deutério para hidrogénio na atmosfera do planeta.
No entanto, de acordo com a investigação, a perda de água apenas através da atmosfera não pode explicar os sinais de deutério e hidrogénio observados na atmosfera marciana.

Em vez disso, o estudo propõe que uma combinação de dois mecanismos, o aprisionamento de água em minerais na crosta do planeta e a perda de água na atmosfera, pode explicar o sinal observado na atmosfera marciana.
Quando a água interage com rochas, a intempérie química forma argilas e outros minerais que contêm água como parte da sua estrutura mineral.

A fuga atmosférica "desempenhou claramente um papel" na perda de água, mas as descobertas da última década das missões a Marte apontaram para o facto de que havia este enorme reservatório de minerais hidratados antigos, cuja formação "certamente diminuiu a disponibilidade de água ao longo do tempo", disse Bethany Ehlmann da Caltech.
Toda aquela água "ficou presa muito cedo e, depois, nunca mais saiu", acrescentou Eva Scheller, autora do estudo principal.

A investigação, baseada em dados de meteoritos, telescópios, observações de satélite e amostras analisadas por Mars rovers, ilustra a importância de ter múltiplas formas de sondar o planeta, disseram os autores.


Se o gelo da Gronelândia derreter, cidades costeiras ficam submersas

A camada de gelo, com mais de um quilómetro de espessura, que cobre a Gronelândia terá derretido por completo e ciclicamente nos períodos quentes da história do planeta Terra. A descoberta recente foi feita por um grupo de cientistas das universidades de Vermont, Columbia e de Copenhaga e põe a nu um facto preocupante: a ser assim, e face ao actual período de temperaturas extremas, provocado pela acção humana, praticamente todas as cidades costeiras do mundo estão condenadas.

Os cientistas creem que na camada de gelo da Gronelândia está contido um volume de água equivalente a uma subida do nível do mar de cerca de seis metros. O que faz do aquecimento global um problema a resolver ou mitigar ainda com maior urgência.
A descoberta, publicada da revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA (PNAS, na sigla inglesa), surgiu na sequência da análise de amostras de gelo, recolhidas a grande profundidade, na Gronelândia em 1966, que haviam ficado perdidas num congelador, de acordo com uma notícia publicada na página da Sky News.

Ao observá-las ao mi­croscópio, o cientista Andrew Christ, da Universidade de Vermont, descobriu que os sedimentos não continham apenas areia e rocha, mas também galhos e folhas de vegetação.
Para Andrew Christ e os colegas da sua equipa internacional de cientistas - liderada por Paul Bierman, da Universidade de Vermont, Joerg Schaefer da Universidade de Columbia e Dorthe Dahl-Jensen da Universidade de Copenhaga - a descoberta sugere que a camada de gelo, com mais de 1,5 quilómetros de espessura, não existia num passado geológico recente.

Em vez disso, há apenas algumas centenas de milhares de anos haveria naquela região do planeta uma paisagem com vegetação que cobria uma extensão com a dimensão do estado do Alaska.
"Por norma, as camadas de gelo pulverizam e destroem tudo o que se atravessa no seu caminho", explicou Andrew Christ. "Mas o que nós descobrimos foram plantas com estruturas delicadas, perfeitamente preservadas", continuou o cientista.

"São fósseis, mas que parecem ter morrido ontem. É uma cápsula do tempo com aquilo que costumava viver na Gronelândia e que não poderíamos encontrar em mais lado algum", concluiu Christ.
As amostras foram recolhidas em 1966, quando, em plena Guerra Fria, cientistas afectos ao exército norte-americano perfuraram a camada de gelo da Gronelândia e encheram um tubo de amostras com mais 4,5 quilómetros.

As perfurações procuravam pôr em prática um plano secreto designado por Project Iceworm (Projecto Minhoca do Gelo), que tinha por objectivo instalar 600 mísseis nucleares sob o gelo e bem perto da União Soviética. Não apenas o plano falhou, como os cientistas nada puderam aproveitar das amostras recolhidas, porque perderam o tubo algures num congelador, que só agora foi acidentalmente encontrado.

Para os cientistas, compreender de que modo derreteu a camada de gelo da Gronelândia no passado vai ajudar a perceber como esta se comportará face ao aquecimento que virá no futuro.
"O novo estudo proporciona as mais fortes provas jamais obtidas de que a Gronelândia é mais frágil e sensível às alterações climáticas do que antes se entendia - e que corre um risco sério e grave de derreter irreversivelmente", alertou Paul Bierman, geocientista e investigador principal do estudo.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Mundo