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Matadouros ilegais com dias contados

Weza Pascoal | Menongue

Jornalista

Uma micro-operação para acabar com os locais clandestinos de abate de animais para o consumo humano e responsabilizar criminalmente os seus autores é realizada em breve na cidade de Menongue, província do Cuando Cubango, segundo o chefe de Departamento Provincial dos Serviços Veterinários.

02/03/2021  Última atualização 10H36
Foram indicados pontos de abate e venda, que são supervisionados por técnicos de veterinária © Fotografia por: Nicolau Vasco | Edições Novembro
Benedito Isaac garantiu que a operação vai contar com o apoio da Polícia Nacional.
Em Menongue, acrescentou, tem sido notória, de algum tempo a esta parte, a presença de homens e mulheres com carros de mão ou banheiras repletas de carne de vaca, ca-brito, porco ou de caça, de proveniência desconhecida, a ser comercializada nas ruas e ruelas da cidade.

O chefe de Departamento Provincial dos Serviços Veterinários disse que o mais grave no meio disso tudo é olhar a população, incluindo pessoas com um certo nível de escolaridade, a comprarem carne em plena via pública, sem se importarem com as condições higiénicas de conservação do produto, o que constitui um verdadeiro atentado à saúde pública.

Com uma população estimada em cerca de 350 mil habitantes, a cidade de Menongue não possui qualquer matadouro oficial e para colmatar esta deficiência foram indicados quatro pontos de abate e venda, que são supervisionados por técnicos de veterinária, com o propósito de garantirem a comercialização de carne saudável, mas, de acordo com Benedito Isaac, os referidos espaços são insuficientes para atender a demanda.

 Disse que os projectos do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) eram uma oportunidade ímpar que levaria à construção de matadouros e locais de venda de carne em todas as localidades da província, mas nenhum dos administradores se lembrou destas importantes infra-estruturas e tudo indica que o problema de consumo de carne sem condições mínimas de saúde não tem fim à vista.

Explicou que um grupo empresarial italiano pretendia, em 2015, construir um matadouro no Cuangar e outro no Missombo, com capacidade de abater entre 400 e 500 cabeças de gado por dia e que já tinham sido seleccionados os 60 jovens que seguiriam para aquele país da Europa, para formação técnica e cuidados com os animais, mas, seis anos depois, ninguém fala sobre o assunto.
Benedito Isaac deu a co-nhecer que os Serviços Veterinários estão a trabalhar em estreita cooperação com as igrejas, autoridades tradicionais e outros estratos da sociedade civil na sensibilização das comunidades sobre os perigos do consumo de carne de caça ou de gado de origem desconhecida.

Actualmente, disse, existe um foco de febre aftosa na região sul do Cuando Cuban-go, que fornece mais de 90 por cento do gado para os mercados de Menongue, Huambo e Bié, apesar do Ministério da Agricultura ter proibido já a circulação de animais entre a zona afectada e o resto da província.

Outra preocupação dos médicos veterinários prende-se com o gado proveniente da província da Huíla, através dos Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes (CFM), muitos dos quais chegam completamente debilitados e, depois da descarga, são abatidos em locais sem higiene, como o situado junto à estação principal de Menongue, onde funciona um mercado de carne a céu aberto.

Os Serviços Veterinários no Cuando Cubango contam com 21 trabalhadores, entre pessoal administrativo e técnicos. Para o pleno funcionamento da instituição seria necessário o recrutamento de pelo menos mais 27 técnicos.
Benedito Isaac apontou como principais dificuldades a falta de infra-estruturas próprias, viaturas a todo-o- terreno, meios técnicos para conservação de vacinas e especialistas de veterinária.

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