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Mau estado da estrada limita circulação até Nambuangongo

Guimarães Silva | Bengo

O estado actual da estrada que liga a cidade de Caxito, sede da província do Bengo, ao município de Nambuangongo, tem sido das principais preocupações dos habitantes locais, particularmente camponeses e automobilistas. Os últimos enfrentam imensas dificuldades para circular na via de aproximadamente 110 quilómetros, sobretudo quando chove e clamam por uma intervenção urgente das autoridades.

14/01/2021  Última atualização 09H45
© Fotografia por: Edmundo Eucílio| Edições Novembro
Com uma extensão de cinco mil e 603 quilómetros quadrados, o município do Nambuangongo tem uma população estimada em 61 mil e 24 habitantes, maioritariamente camponesa, distribuída pelas comunas do Muxaluando, Kixico, Kincunzo, da Zala, do Gombe, Cage Ma-zumbo e Cana Cassala.Segundo apurou o Jornal de Angola, a estrada Caxito/Caiengue/Onzo/Muxaluando constitui um eixo fundamental para o escoamento dos produtos agro-pecuários do campo para a cidade, já que Nambuangongo é um município potencialmente agrícola e um dos principais produtores da banana.

A partir da cidade de Caxito, quem pretenda deslocar-se até Nambuangongo tem nos buracos a primeira contrariedade. Atendendo o período chuvoso, os cuidados devem ser redobrados em função dos riscos. O mesmo acontece próximo à ponte sobre o rio Onzo, onde os buracos também atrasam o tráfego num troço estreito da estrada que impossibilita a circulação em simultâneo de dois camiões.Entre as localidades de Balacende/Kissakala, há sensivelmente 50 minutos de viagem, um pequeno troço com o asfalto totalmente desfeito "sinaliza” outra zona crítica. Dois quilómetros de distância mais adiante, antes da localidade de Caiengue, o figurino da estrada é preenchido por um "serpenteado” que desaconselha a marcha mesmo em velocidade reduzida.

Em sentido contrário, ainda nas imediações da localidade de Caiengue, a via aparenta melhores condições, mas a escassez de sinalização em toda a extensão é uma realidade. O mesmo acontece em direcção às localidades de Águas Belas, Kilai até o Onzo, embora os últimos 11 quilómetros até Muxaluando, próximo à sede municipal de Nambuangongo, foram apelidados como pontos mais críticos de todo o trajecto. Ao longo desta zona, a estrada está desprovida de asfalto. Segundo um dos camponeses ouvidos por este jornal, trata-se de um troço cujas obras encontram-se paralisadas há cinco anos."Sempre que chove, esta via torna-se praticamente intransitável, inclusive para viaturas todo o terreno”, lamentou.
Cuidados redobrados no período nocturno

Além dos constrangimentos com os buracos, devido a escassa iluminação na estrada que liga Caxito e Nambuangongo torna-se também imprópria à circulação rodoviária no período nocturno.Quem se faz à estrada depois das 18 horas, vê-se obrigado a depender da iluminação das residências próximas à berma da estrada nem sempre presentes ao longo de todo o troço, porque a maior parte das aldeias mantém considerável distância umas das outras.

No seio dos munícipes, as queixas são constantes. Os reflectores horizontais, conforme relatam, num passado recente eram "jóia da coroa” no período nocturno. Ao incidir a sua luz de retorno ao motorista davam a ver os contornos da estrada para lá dos 100 metros, colocando de sobreaviso os condutores, que, assim, podiam dirigir as viaturas em segurança. Porém, hoje o quadro é dantesco. Os poucos reflectores que restam deixaram de ter serventia. Alguns praticamente gastos pelo tempo de uso, outros foram vandalizados e deixaram de cumprir o seu papel.Joaquim Mateus, automobilista que há anos percorre a Estrada Nacional 100 e demais que liga as várias localidades do Bengo, aconselha a circulação apenas com viaturas em bom estado técnico, iluminação dentro dos parâmetros, com faróis e presenças, sob pena da viagem ficar a meio."Aqui conduz-se para o outro e todo o cuidado é pouco para se evitar as vicissitudes muito recorrentes”, advertiu. 
Município potencialmente agrícola

Nambuangongo é definido como um município potencialmente agrícola, com inclinação para o turismo rural, sem descurar as surpreendentes crateras localizadas algures na sua zona interior.Embora a produção de produtos do campo seja diversificada, a banana encabeça a lista, seguida pela mandioca, batata-doce, milho, feijão, entre outros produtos que podem ser encontrados com alguma facilidade no Sassa, o principal mercado receptor local.Rosa de Castro, camponesa da localidade do Kitai, realçou a importância do mercado enquanto destino obrigatório para o escoamento de tudo quanto ela e demais camponeses da região produzem regularmente.

"Gasto dois mil kwanzas pela viagem de ida e não dá para fazer sempre porque a estrada está mesmo mal”, lamentou.Gomes Armando, motorista contactado pelo Jornal de Angola no mercado do Sassa, faz o "vaivém” uma vez por dia. Com tristeza, contou que o percurso que antes era feito em apenas uma hora passou a fazê-lo em três.  "O mal da estrada começa das Mabubas até Muxaluando, mas alguns troços da via estão em boas condições. Para viajar à noite temos que conhecer bem a via, um novato não deve arriscar”, aconselhou. 
Retrocesso  no desenvolvimento
A estrada que liga Caxito a Nambuangongo, que já foi das melhores vias de circulação na província do Bengo, hoje deve ser das piores, afirmou ao Jornal de Angola o administrador mu-nicipal de Nambuangongo, Manuel Lisboa Neto. 

"Um dos maiores problemas que Nambuangongo enfrenta tem a ver com a principal estrada de acesso, o que significa atraso. Aqui, a maior parte da população é camponesa e não consegue escoar os seus produtos. É um problema muito sério para o de-senvolvimento do município”, considerou.Manuel Lisboa Neto remeteu a questão da reabilitação da estrada para o Ministério das Obras Públicas e Ordenamento do Território.
"Em Abril, o senhor ministro esteve no Bengo e lançou o repto sobre o início das obras no troço Onzo-Muxaluando. Em relação ao troço Onzo-Caxito, há três ravinas a nas-cer. Aqui chove muito, e  se o volume da água das chuvas for permanente dentro em breve teremos o trânsito cortado”, disse.

Além de reconhecer o descontentamento dos munícipes pela situação das vias de acesso em Nambuangongo, Manuel Lisboa Neto referiu que é gran-de a pressão sobre a Administração Municipal."A população sente-se abandonada. É verdade que o Go-verno da Província, ali onde é possível, tem feito algum trabalho com o equipamento disponível, mas fazer manutenção numa estrada nacional requer outra qualidade de equipamento”, concluiu.

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