Desporto

Minjud vai responsabilizar presidentes de federações

Paulo Caculo

Jornalista

Os presidentes de federações que submeterem os atletas a sacrifícios de hospedagem e outros males que em nada abonem a favor da sua protecção e integridade físicas durante as competições será, doravante, responsabilizado pelo Ministério da Juventude e Desportos (Minjud), garantiu, ontem, a ministra Ana Paula do Sacramento Neto durante a reunião com representantes de todas as federações desportivas que aderiram ao processo de renovação de mandatos.

10/03/2021  Última atualização 08H56
Escassez de recursos financeiros para o desporto dominou o encontro na Galeria dos Desportos © Fotografia por: Santos Pedro| Edições Novembro
Durante o encontro realizado na Galeria dos Desportos, em Luanda, a titular da pasta que se fez acompanhar do secretário de Estado para a Política do Desporto, Carlos Almeida, e o director nacional do Desporto, Nicolau Daniel, foi categórica na abordagem sobre as competições internacionais.
"Não podemos pegar na bandeira da República, levá-la para o exterior do país e manuseá-la de qualquer maneira. Devemos ter cuidado com os símbolos nacionais. Vamos começar a responsabilizar os presidentes das federações por causa de determinados comportamentos, como é o caso de um atleta que saiu do país para dormir num aeroporto, porque a federação não teve dinheiro para pagar o hotel”, asseverou.

A governante acrescentou: "As federações recebem di-nheiro e depois o responsável acompanhante dos atletas chega ao local da competição e anuncia que não tem di-nheiro. Acontece que, depois, somos acordados de madrugada, porque a Selecção está no sítio tal, em condições tais. Não devemos olhar para essa questão de ânimo leve”.


Recursos financeiros escassos
A capacidade financeira do país para arcar com as despesas relativas às missões internacionais de delegações desportivas dominou, em absoluto, a conversa entre a entidade ministerial e as federações desportivas. O Minjud defende a tese de que doravante "não se pode levar os atletas para competições a qualquer preço”, quando "as condições financeiras e técnicas não estão preparadas” para uma participação airosa do país além-fronteiras.
"Se não estamos preparados, devemos abdicar das competições”, refere a ministra, para em seguida acrescentar que "as federações devem olhar para o orçamento que dispõem e ver o que podem fazer com a verba disponível e não assumir compromissos que depois não pode cumprir”.

Ao intervir no encontro, Pedro Godinho, vice-presidente do COA, corroborou com a tese defendida pela ministra, tendo sustentado não ser justo que a participação de selecções nacionais em competições internacionais se traduzam em resultados negativos para o país.
"Penso que, para se evitar a exposição do atleta enquanto ser humano e do nosso país, concordo que devemos participar quando e onde os nossos orçamentos permitirem”, disse.


Prioridade para selecções
que garantem títulos

Ramiro Barreira, presidente da Federação de Desportos Motorizados (FADM), outro dos intervenientes da reunião, disse ser de opinião que "o Minjud deve definir quais as modalidades que, nesta fase crucial de dificuldades financeira, podem ajudar o país a ir de encontro a disponibilidade de verbas”. E sustenta: "Deve-se ver que modalidades podem trazer algum benefício ao país e não participar por participar. Gastar dinheiro só por gastar e sem resultados não deve ser a prioridade”.
A ministra não poupou outras críticas às federações, tendo asseverado haver muitos problemas: "Às vezes, ficamos com algumas incógnitas e se, por um lado, as federações não conseguem resolver esses problemas, por outro, nós também não as conseguimos resolver e temos de nos juntar para encontrar um meio-termo”.

Ana Paula Sacramento Neto admite que "as dificuldades são imensas e de nível mundial” pelo que garante haver uma preocupação maior com os atletas, porque "são os alvos delicados” e justifica que muitas vezes não têm como esquivar a determinadas questões.
"Devemos ser nós a proteger os atletas, antes de os inscrever para uma competição. Temos de solicitar primeiro ao Governo e criar as condições, ainda que mínimas, de modo a que os atletas não passem vicissitudes”, frisou.
A reunião não contou com as presenças da Federação de Futebol (FAF) e de Boxe por não terem concluído os processos eleitorais e da Federação de Tiro por não realizar ainda as eleições.

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