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Moçambique está a viver a pior crise humanitária

O director da Organização Não-Governamental Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) alertou, ontem, que Cabo Delgado vive a pior crise humanitária das últimas décadas, situação agravada pela “actuação violenta” das forças governamentais.

09/03/2021  Última atualização 12H45
Dezenas de milhares de pessoas precisam de ajuda de todo o tipo no Centro e Sul do país © Fotografia por: DR
"Cabo Delgado vive hoje a pior crise humanitária das últimas décadas com cerca de 600 mil pessoas deslocadas a precisarem de todo o tipo de assistência”, referiu Adriano Nuvunga, durante um ‘webinar’ de lançamento do relatório da Amnistia Internacional (AI) intitulado "O que Vi foi a Morte: Crimes de Guerra no Cabo Esquecido de Moçambique”.
Segundo o activista, citado pela Lusa, o Governo moçambicano "minimizou” o fenómeno e abordou os primeiros sinais do conflito levianamente, o que levou a província a tornar-se num "palco” de violação de direitos humanos.

"A crise humanitária e o sentimento de insegurança foram agravados pela actuação violenta das próprias Forças de Defesa e Segurança”, declarou Nuvunga, considerando que o conflito ganhou proporções alarmantes em 2020. Para o activista, o Estado mo-çambicano deve investigar "seriamente” as violações de direitos humanos que têm sido denunciadas e produzir um relatório "robusto”, a mostrar exactamente as circunstâncias e os factos para que haja responsabilização.
O relatório da ONG de defesa dos direitos humanos é baseado em entrevistas com 79 deslocados de 15 comunidades afectadas pelo conflito desde Março do ano passado, período em que os rebeldes protagonizaram um grande ataque à sede da vila de Mo-címboa da Praia.

A violência armada em Cabo Delgado, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 670 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos. A violência surgiu em 2017, algumas das incursões foram reivindicadas pelo grupo  Estado Islâmico depois de 2019, mas a origem dos ataques continua sob debate.

 
Beira mais resiliente
às calamidades
O novo presidente do município da cidade da Beira, no Centro de Moçambique, Al-bano Cariz, sucessor de Daviz Simango, morto vítima de doença, disse, ontem, que quer construir uma cidade cada vez mais resiliente às mudanças climáticas.
Um dos projectos consiste em "trazer um saneamento cada vez mais próximo ao munícipe, contribuindo assim na edificação de uma Beira cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, declarou o novo autarca, durante o acto da tomada de posse em Sofala, no Centro de Moçambique, revelou a Lusa.

Albano Cariz, que substitui o falecido autarca Daviz Simango, ocupava a função de vereador para a área de Construção e Urbanização e estava na terceira posição na lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) às eleições autárquicas de 2018. "É para mim uma grande honra assumir os destinos da cidade da Beira. Na nossa go-vernação pretendemos fazer maravilhas. Vamos continuar a trabalhar para o bem do município”, disse Albano Cariz.

O novo presidente pretende "fazer de tudo para mitigar os efeitos das calamidades naturais” na cidade da Beira, em Sofala, província que foi assolada, em 2019, pelo ciclone Idai e mais recentemente pelo ciclone Eloise e pela tempestade Chalane. Segundo o autarca, dos vários projectos por materializar, consta também a reabilitação de valas de drenagem, além da criação de mecanismos de protecção costeira, acções que, segundo Albano, são continuidade do trabalho desenvolvido por Daviz Simango. Daviz Si-mango, 57 anos, sofreu uma paragem cardíaca que lhe provocou a morte na madrugada do dia 22 de Fevereiro, depois de estar internado numa unidade de saúde sul-africana para onde foi transportado devido à doença súbita em 13 de Fevereiro.

Cerca de 90 por cento da cidade da Beira, capital de Sofala, foi destruída pelo ciclone Idai em Março de 2019, que fez 604 mortos e mais de 1,8 milhões de pessoas afectadas.
 O país atravessa a época chuvosa e ciclónica, entre os meses de Outubro e Abril, com ventos oriundos do Índico e cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.
Os desastres naturais dos últimos meses afectaram profundamente o Centro e Sul de Moçambique, nas províncias de Sofala, Manica, parte Sul da Zambézia, Inhambane e Gaza. Os mais graves foram a tempestade Chalane, no final de 2020, e o ciclone Eloise, em Janeiro, que afectaram o Centro de Moçambique, com um balanço oficial total de 19 mortos. Relatos de autoridades locais apontam para o dobro.

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