Cultura

Momentos memoráveis no MAAN

A Banda Ango-Jazz, formação liderada pelo pianista e director artístico Dimbo Makiesse, combina o Jazz com a música popular angolana. É composta por Roberto Zola (bateria), Benilson Gabriel (baixo), King Jaime e Amadeu (guitarra) Araújo Mix e Johnny Master (saxofone alto), Sebastião e Lukeny Sansão (trompete) e Benjamim.

31/01/2021  Última atualização 12H41
Banda AngoJazz, Kanda, Katiliana e Unekka © Fotografia por: DR
O concerto dos Ango-Jazz, em que participaram também os artistas Nadine Olavo, Dodó Miranda, Jay Lourenzo, Os Peregrinos e Tony N’guxi, contou a história da evolução da música popular angolana das décadas de 1950 a 1990, através da projecção de imagens sobre a tela. A aposta do MAAN com o Concerto AngoJazz foi fazer "musiculturalmente” uma viagem ao passado da luta pela liberdade à conquista da Independência e à paz, segundo Francisco Makiesse, administrador executivo do MAAN.

Ainda de acordo com a nossa fonte, "outra particularidade foram os temas escolhidos e a técnica usada para fazer a fusão do standard jazz com a música folclórica e popular angolana”. Ajuda a perceber o espírito do concerto, a música de abertura que casou "Night in Tunisia”, de Key e BPM e "Yambula”, de António Muanda, uma referência da música tradicional de Mbanza Kongo. Ainda na onda das fusões, "Ugly Beauty” encaixou-se em "Monangambe”, assim como "Autumn leaves” misturou-se com "Mana Zinha". Na mesma onda reuniram "Tea for Two” e "Eu vou Voltar” de Teta Lando.

Também fizeram parte da festa "Os Peregrinos”, quarteto de vozes há muito ausente do público. Brindaram o público com "Fuludiki”, numa onda blues, e "Nani wo”. Nadine Olavo não ficou de fora das fusões e encantou com "Monami”. Tony Nguxi levou ao palco a Cianda do Leste, Dodó Miranda apostou na improvisação e Jay Lourenzo recorreu a Ray Charles e Louis Armostrong pegando em "No more” e "The rose”. 

António Muanda, de nome artístico Madiata, a figura homenageada, foi professor da Escola Primária Ngoma, em Mbanza Kongo, instrumentista e compositor de música tradicional. Sabia tocar o instrumento tradicional guengelele. Figura muito respeitada em Mbanza Kongo, a sua morte aos 4 de Maio de 2020 deixou um grande vazio na cultura angolana.
Jerónimo Belo, que actuou como mestre de cerimónias, mostrou-se bastante surpreso pela qualidade jazzística dos músicos que actuaram.

Katiliana

Katiliana mexeu e tem mexido com a sensibilidade de quem assiste ao seu concerto no MAAN, patente na Internet. O conceito intimista do concerto foi determinante para pisar o palco do Memorial e, mais uma vez, apresentar o seu talento.
Katiliana preferiu este conceito mais intimista e acústico porque o foco principal foi o artista a mostrar as suas habilidades musicais, no seu caso, a performance vocal. Benny Makamzo sobressaiu nas harmonias e notas do seu teclado.  
A escolha do reportório foi norteada por motivos pessoais e patrióticos.

Depois do poema musicado de Agostinho Neto "Adeus à hora da largada” Katiliana caprichou com "Mungueno”, em homenagem a Waldemar Bastos. E, de Filipe Mukenga, cantou e encantou com "Muloge”, fazendo destacar os seus dotes vocais. Passeou pela Bossa Nova e  não deixou de cantar Aretha Franklin, Donna Summer e Patti Label, grandes senhoras da Soul, e, claro, Ella Fittzgerald em "Angels eyes”.  A artista justificou assim as suas escolhas: "elas eram grandes intérpretes e não compositoras, cantavam de forma brutal e mudavam o que lhes era dado. E digo o mesmo de Sarah Vaughan, Billy Hollyday, Tina Washington e outras autênticas divas. Vocalmente é isto que me fascina”.

Antes de emigrar aos 13 anos para Portugal Katiliana participava nas actividades da Sala Piô da RNA. Em terras lusas ganhou notoriedade em 2004 ao interpretar "Unbreak my heart”, de Tony Braxton, no concurso Operação Triunfo e mais tarde no Ídolos de Portugal. Formada em música Jazz pela Universidade de Leeds, no Reino Unido, Katiliana aposta fortemente no Blues e no Jazz, usando o improviso como sua arma de canto.  Mas não se esquece dos ritmos africanos, tendo aqui como referências Miriam Makeba, Yossouf Ndour, Luck Dube e Monique Seká. Na música angolana admira Felipe Zau, Rui e André Mingas, Filipe Mukenga,  Eduardo Paim, Elias dia Kimuezo, Carlos Burity, Lourdes Van-Dúnem e Nany.  

Unekka

No concerto Unekka, com o seu violão e o suporte Carlos Praia na guitarra e de Ricardo Cambos  no baixo, viajou pelo Jazz, Soul e Word Music. De acordo com a cantora foi um concerto de "Canções de Embalar”, como ela apelidou o evento.  
Como amante da World Music disse ter sido fácil interpretar "Blue moon”, "Another rainy day” e "Piece of Joyce”, respectivamente de Sara Vaughan, Corinne Bailey Rae e Ayo, artistas que muito admira.

Não deixou de fora Aline Frazão e Sara Tavares, já que estiveram presentes no início da sua carreira e serviram-lhe de referência na construção da identidade musical. Dos seus próprios temas "Papo furado” foi o principal cartão-de-visita.  
Unekka é Kelani Mote Mvemba, artista com uma carreira musical em ascensão. Ela almeja pisar nos principais palcos internacionais da música, como por exemplo o Cape Town Jazz Festival, e partilhar a actuação com artistas como Corinne Bailey Rai.
Natural do Sumbe, Unekka reside em Luanda, onde marca presença nas casas nocturnas desde 2015.
Professora de violão, a cantora é voluntária da Fundação Arte e Cultura, sendo formada em Gestão de Empresas.  

 Kanda

Emanuel Kanda é um jovem músico que já partilhou o palco com estrelas mundiais como Lokua Kanza, Tito Paris, Liquedeep, Jonathan Butler, Asa, Vanessa da Mata, Ismael Ló, Black Coffee, Gabriel O Pensador e Ivan Lins, dentre outros. Também já cantou com os principais nomes da música nacional, como, só para citar alguns, Filipe Mukenga, Simmons Mancini e Kizua Gourgel. A música de Kanda assenta nas raízes angolanas, mas também contém influências de outros estilos, como o Afropop e a Soul Music.  O artista fez parte da delegação angolana na Expo Xanghai e participou no Festival de Cinema Asiático de Bollywood.

Emanuel Costa José Kanda nasceu em Luanda na década de 80, no seio de uma família religiosa. Foi nos grupos corais onde começou a experimentar a música, que marcou toda a sua infância. A religião influenciou grandemente o seu gosto pela música.
Lioth Cassoma, Banda Etno Angola, Filipe Mukenga, Dino Ferraz, Ângela Ferrão e Pop Show são outras referências artísticas que desfilaram no MAAN durante e pouco antes do período de confinamento. O Banco Caixa Angola continua a ser o sponsor que garante a manutenção do projecto de concertos do MAAN.O Memorial Dr. António Agostinho Neto tem como objectivo principal perpetuar a Memória do seu patrono, bem como promover o conhecimento e a formação artística através da organização de acontecimentos culturais. 

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Cultura