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MpD e PAICV sem grandes diferenças programáticas

Os cabo-verdianos, elegem, hoje, 72 deputados, numa altura em que os presidentes do Movimento para a Democracia (MpD, no poder), e do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), defendem a promoção do crioulo para língua nacional, em paridade com o português.

18/04/2021  Última atualização 02H00
Um total de 597 candidatos de seis partidos tentam conquistar o voto de 393.166 eleitores © Fotografia por: DR
Raramente, como agora, uma campanha eleitoral em Cabo Verde tem tido tantos denominadores comuns entre os principais partidos candidatos à vitória. Um dos pontos em que as duas principais formações políticas apostaram para a captação de votos foi a cultura.
Com a sua economia depauperada pela crise no turismo, a principal indústria, o país teve uma perda de 80 por cento da sua receita em divisas, o que provocou, no ano passado, uma retracção recorde de 14,8 por cento, segundo dados do FMI. Tudo isto poderia ser tema de discussão, numa campanha que por força da pandemia realizou-se sem contacto directo com os eleitores.

O pleito será acompanhado por 65 observadores da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), de órgãos da Comunicação Social estrangeira, bem como da Embaixada dos Estados Unidos e a União Africana (UA). Na corrida está um total de 597 candidatos de seis partidos, que tentam conquistar o voto de 393.166 eleitores inscritos no arquipélago e na diáspora. Para hoje, estão previstas 1.245 mesas de voto no arquipélago e 246 para diáspora, que elege um total de seis dos 72 deputados, dois dos quais pelo círculo de África, dois pelo círculo da América e dois pelo círculo da Europa e o resto do mundo.

Ambos os líderes partidários concordam, mas não assumem compromissos para a próxima legislatura para esse efeito, mas com Janira Hopffer Almada, 42 anos, presidente do PAICV, a admitir que os próximos cinco anos serão para "trabalhar” no sentido da oficialização do crioulo como língua nacional. Na mesma linha, o presidente do MpD, Ulisses Correia e Silva, 58 anos, que tenta a reeleição como Primeiro-Ministro, também reconhece que o tempo para essa oficialização ainda não é uma certeza absoluta.

"Não assumo um compromisso taxativo, a dizer que será nesta legislatura a oficialização como língua nacional. Há toda uma construção em curso, mais do que o uso da língua, não só o uso da língua, que é natural, a sua oficialização impõe determinadas condições e exigências, nomeadamente no sistema de ensino, a bibliografia, o sistema de ensino e aprendizagem, investimentos que têm de ser feitos, a nossa ligação com o resto do mundo em termos de comunicação”, admitiu.
 
Papel da oposição
Recentemente, o Primeiro-Ministro Ulisses Correia e Silva, admitiu que a "retoma económica e social para além das medidas de protecção, exige um quadro propiciador de amplos consensos a nível político e da concertação social”.
Numa outra intervenção, Ulisses Correia e Silva, afirmou que um bom resultado nas eleições legislativas é manter a maioria absoluta, justificando que o país precisa de "estabilidade” na governação para lidar com as consequências da pandemia.

Por sua vez, Janira Hopffer Almada defende que o país precisa de um outro tipo de Governo que vá de encontro àquilo que diz serem as "preocupações do povo”, mas sem especificar concretamente aquilo que pretende fazer. Janira Hopffer Almada, que reafirma estar preparada para assumir a liderança do Governo, acha que chegou o "tempo de mudança” e prometeu uma postura "mais construtiva” se vier, como espera, a merecer a confiança dos eleitores hoje.

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