Política

Multinacional do Dubai gere Terminal Multiusos

A multinacional Dubai Ports World (DP World), vencedora do concurso internacional para gerir o Terminal Multiusos (TMU) do Porto de Luanda, já tem luz verde para começar a operar no país.

26/01/2021  Última atualização 07H54
Contrato de concessão para a exploração foi assinado ontem entre o Governo e a DP World © Fotografia por: DR
O contrato de concessão para a exploração do terminal foi assinado ontem, em Luanda, entre o Governo de Angola e a liderança da em-presa. A parte angolana esteve encabeçada pelo ministro de Estado para a Coordena-ção Económica, Manuel Nunes Júnior, e o ministro dos Transportes, Ricardo Viegas de Abreu.

A multinacional vai investir cerca de 190 milhões de dólares para o desenvolvimento do Porto de Luanda. Este investimento vai passar por uma gestão anual de cerca de 700 mil contentores. Após a assinatura do contrato de concessão para a exploração do TMU do Porto de Luanda, o Presidente do Conselho de Administração da DP World, Sultan Ahmed Bin Sulayem, foi recebido, em audiência, na Cidade Alta, pelo Presidente da República, João Lourenço.

No final da audiência, o PCA da DP World revelou à imprensa que o encontro serviu para agradecer ao Presidente da República pela confiança e missão depositada à sua empresa para gerir o TMU do Porto de Luanda. "Estamos prontos para fazer um investimento de grande dimensão e de grande escala naquele Porto”, garantiu, tendo acrescentado que os fundamentos económicos de Angola são bastante fortes e dão sinais de esperança.

Referiu que a DP World é uma empresa com vasta experiência no ramo, estando, por isso, neste momento, presente em mais de 60 países. "Operamos em mais de 90 terminais a nível do mundo e temos grande implantação a nível de África”, destacou.
Garantiu estarem implantados desde a Austrália à América Latina. Disse terem capacidade, pontos fortes, habilidades e competências que lhes permite ser, também, operadores logísticos, "de tal forma que temos os nossos próprios comboios, navios e gerimos parques industriais de zonas francas”.

Sultan Ahmed Bin Sulayem ressaltou serem, actualmente, o segundo maior operador de comboios na Índia, Austrália, Peru e Chile. Prometeu trazer ao país as capacidades e valências adquiridas a nível do mundo para alavancar a actividade do Porto de Luanda. "Vamos utilizar, também, as nossas conexões a nível do mundo para que possamos trazer mais investimentos para Angola”, realçou.       

O concurso que habilita a empresa a executar a empreitada foi lançado em Dezembro de 2019. A proposta da em-presa foi considerada, entre as outras, a melhor, por servir o interesse público.
A proposta da DP World  apresenta como vantagem, em relação a outros concorrentes, pagamentos que, ao longo do período de concessão, vão representar um valor superior a mil milhões de dólares, dos quais 150 milhões serão entregues agora na sequência da assinatura do contrato.

Outras características da proposta é um valor actual de pagamentos à concedente, superior a 400 milhões de dólares com referência do ano de 2020 e a execução de um plano de investimentos num valor acima de 190 milhões de dólares.
O investimento deve realizar-se ao longo dos 20 anos de concessão, dos quais mais de 70 por cento serão efectuados com recurso à incorporação nacional.

O  plano de investimento prevê ainda a reabilitação da infra-estrutura física do cais do TMU, a realização de obras civis necessárias para implementar um novo plano de planta, sendo ainda uma vantagem a manutenção de postos de trabalho do pessoal afecto ao terminal.
Consta ainda das vantagens dessa proposta a reabilitação e aquisição de equipamentos que permitirão a transição da operação do TMU para uma operação alicerçada em grua RTG em linha com as melhores práticas internacionais.
Faz, igualmente, das metas a criação de uma plataforma logística externa, para permitir atingir um volume de tráfego objectivo de 700 mil contentores por ano, suportado por um moderno sistema de gestão portuário.

Ministro dos Transportes

O ministro dos Transportes, Ricardo Viegas de Abreu, esclareceu que o concurso público internacional foi autorizado pelo Presidente da República em Dezembro de 2019. Teve nove entidades diferentes, das quais apenas cinco apresentaram propostas para análise da Comissão de Avaliação. Na fase final, disse, a vitória recaiu sobre a DP World.
Ricardo Viegas de Abreu salientou que o processo estava previsto para terminar no ano passado, mas, devido à pandemia da Covid-19, tiveram que se fazer alguns adiamentos, "mas no final do ano conseguiu-se produzir o relatório final e outorgar à DP World o Terminal Multiusos de Luanda”.

Disse tratar-se de um grande operador logístico internacional, que vai ajudar o país no processo de melhoria da capacidade logística.
O ministro dos Transportes acrescentou que a presença da multinacional no país vai permitir atrair mais investimento privado. "Penso que estamos muito satisfeitos por ter aqui um parceiro dessa envergadura”, aclarou.

Referiu que o contrato contempla formação aos quadros nacionais, além de outros benefícios indirectos.
Ricardo Viegas de Abreu disse que grande parte desse investimento terá um nível de incorporação local elevado na ordem dos 70 por cento. "Significa que esses recursos vão ser usados dentro da nossa economia”, garantiu.
O ministro dos Transportes assegurou que a DP World vai desenvolver outras actividades conexas que vão permitir a criação de mais postos de trabalho, que se juntarão aos mais de mil colaboradores actuais a operar no terminal.  

Histórico da DP World

Dubai Ports World é uma multinacional de logística com sede no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. É especializada em logística de cargas, operações de terminais portuários, serviços marítimos e zonas francas.
Formada em 2005 pela fusão da Dubai Ports Authority e Dubai Ports International (DPI), a DP World lida com 70 milhões de contentores que são transportados por cerca de 70 mil navios anualmente.

Isso equivale a cerca de 10 por cento do tráfego global de contentores, representado por 82 terminais marítimos e terrestres, presentes em mais de 40 países. Até 2016, a DP World era principalmente uma operadora portuária global e, desde então, adquiriu outras empresas na cadeia de valor.  O seu primeiro projecto foi em Jeddah, na Arábia Saudita, colaborando com um parceiro local na gestão e operação do Terminal de Contentores. A DPI passou a desenvolver operações nos portos de Djibouti em 2000, Vizag, Índia, em 2002, e Constanta, Roménia, em 2003.

Em Janeiro de 2005, a DPI adquiriu o CSX World Terminals (CSX WT). Foi, mais tarde, em Setembro de 2005, que a Dubai Ports International se fundiu oficialmente com a Dubai Ports Authority para formar a DP World. A rápida expansão por meio de aquisições continuou em Março de 2006, quando a DP World adquiriu a quarta maior operadora de portos do mundo, a P&O.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Política