Política

Namibe acolhe hoje acto central do Dia dos Mártires

A província do Namibe acolhe, hoje, o acto central do Dia dos Mártires da Repressão Colonial, sob o lema "Memória da resistência angolana contra o colonialismo".

04/01/2021  Última atualização 08H12
Camponeses eram obrigados a vender algodão a preços baixos © Fotografia por: Arquivo
As homenagens, abertas no dia 22 de Dezembro, estão a cargo do Ministério da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria. O acto central vai ser orientado pelo titular da pasta, João Ernesto dos Santos "Liberdade”.
A efeméride visa homenagear os camponeses da região da Baixa de Cassanje, em Malanje, massacrados pelo exército colonial português, a 4 de Janeiro de 1961, por reivindicarem melhores condições de trabalho e de remuneração.

As comemorações incluem actividades culturais e desportivas, com o objectivo de saudar os mártires da repressão colonial e reconhecer a bravura e sentido patriótico dos nacionalistas angolanos que contribuíram para a conquista e preservação da Independência Nacional.
Na abertura das comemorações, o director nacional do Legado Histórico Militar, general João Pereira Massano, disse que as jornadas incluem, igualmente, a comemoração do Dia do Antigo Combatente e Veteranos da Pátria, que se assinala a 15 de Janeiro e cujo acto de-corre na cidade do Uíge.

Sobre o 4 de Janeiro de 1961, o general João Pereira Massano referiu que nesta data teve início aquele que foi considerado o primeiro movimento de contestação ao domínio colonial.
A revolta, explicou, foi protagonizada por antigos trabalhadores da empresa Cotonang, em Malanje, que recebeu das autoridades coloniais a resposta mais violenta de todos os tempos.

Segundo o responsável, as actividades programadas em todo o país visam, também, fazer uma reflexão sobre a actual condição do antigo combatente e familiares, bem como transmitir à sociedade e à juventude, em particular, conhecimentos sobre os factos e feitos históricos  ocorridos nestas datas.

Início da revolta

Segundo historiadores, a revolta da Baixa de Cassanje começou em Outubro de 1960, quando os camponeses recusaram receber sementes para plantarem em Janeiro.
Os encarregados da Cotonang aperceberam-se do movimento grevista porque, anos antes, as autoridades coloniais tinham subido o Imposto Geral Mínimo de 250 para 350 escudos e o quilo do algodão era adquirido a um escudo.
Um camponês, para pagar o Imposto Geral Mínimo, tinha de vender dez sacos de 50 quilos de algodão ou contrair dívidas para pagar na próxima colheita.

Nos primeiros dias de Janeiro de 1961 começam a ser ensaiadas várias movimentações para enfrentar a máquina da repressão colonial.
A 4 de Janeiro tem lugar a Revolta da Baixa de Cassanje (Malanje), onde se dá o levantamento popular de milhares de trabalhadores dos campos de algodão da companhia luso-belga Cotonang.

As duras condições de trabalho e de vida e a constante repressão, aliada à influência da independência do Congo Kinshasa (actual República Democrática do Congo), em Junho de 1960 (na região de Cassanje viviam  povos bakongo que tinham origens comuns com povos do Congo), foram os principais factores que deram origem à sublevação.

Os trabalhadores decidiram fazer greve e armaram-se de catanas e canhangulos (espingardas artesanais).
Em resposta, a força aérea portuguesa lançou bombas incendiárias provocando milhares de mortos.

  MPLA: Revolta é um dos marcos da consciência patriótica

A revolta protagonizada a 4 de Janeiro de 1961 pelos mártires da Baixa de Cassanje é um dos marcos importantes da consciência patriótica e nacionalista do povo angolano, considerou o MPLA, numa declaração por ocasião do Dia dos Mártires da Repressão Colonial, que se assinala hoje.

Na declaração, o Bureau Político do Comité Central do MPLA manifesta perene sentido de tributo e reconhecimento aos percursores da luta de libertação nacional, que culminou com a proclamação da Independência Nacional, a 11 de Novembro de 1975, e a afirmação de Angola no contexto das Nações.

"O MPLA considera que a melhor forma de honrar e dignificar todos quantos sacrificaram as suas vidas em prol de Angola e dos angolanos radica no comprometimento profundo de todas as forças vivas da Nação com a estabilidade política e consolidação da Reconciliação e Unidade Nacional", refere o documento.

Acrescenta que a aposta na melhoria das condições de vida e de trabalho dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, a implementação de projectos integrados de reconhecimento de figuras e locais histórico-culturais como os da Baixa de Cassanje, bem como a educação cívica e patriótica das novas gerações no sentido do respeito pelos valores e tradições do povo afiguram-se, também, como medidas prioritárias com vista a manter viva a chama dos ideais revolucionários do povo angolano.

O MPLA regozija-se pelo facto de o 60º aniversário do Dia dos Mártires da Repressão Colonial decorrer num ano bastante desafiante em que terão lugar eventos importantes para o desenvolvimento económico, político, social e cultural do país, com realce para o VIII Congresso Ordinário do partido e do VII Congresso Ordinário da Organização da Mulher Angolana (OMA).
O BP encoraja o Executivo a continuar a impulsionar medidas de política com vista a edificação de uma Angola mais desenvolvida, democrática e inclusiva.

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