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Namibe: Apoios chegam a mais de seis mil pessoas afectadas pela fome no Virei

O Governo Provincial do Namibe e a Administração Municipal do Virei estão preocupados com a recuperação e instalação dos sistemas de água. Neste momento, está em curso um programa que visa alterar gradualmente os hábitos da população para transformá-la em comunidades mais voltadas à produção agrícola

17/01/2021  Última atualização 08H00
A vice-governadora do Namibe, Carla Maíza Tavares, ao centro, presidiu o encontro sobre estratégias para mitigar os efeitos da seca no município do Virei © Fotografia por: Rafael Tati | Edições Novembro | Namibe
As autoridades do município do Virei, na província do Namibe, têm recebido vários apoios em bens alimentares e materiais para mitigar a fome que assola mais de seis mil pessoas, em consequência da estiagem cíclica que afectou a região nos últimos nove anos, informou o administrador-adjunto da circunscrição para a área Orçamental.
 Narciso Sambo disse à imprensa que o fenómeno da seca, que assola a localidade, provocou a escassez do pasto, o que obrigou a população a fazer a transumância do gado para outras zonas onde existem condições de capim e água para salvarem os animais. Também originou a deslocação das pessoas em várias zonas.

De acordo com o responsável, tal situação causou alguma desintegração no seio familiar dos criadores de gado e disse que, como resultado, muitas dessas populações estiveram fora da rota traçada para a assistência médica e medicamentosa.
Além disso, muitas famílias saíram das zonas onde foram criadas as condições de abertura de furos de água para o abeberamento do gado e o consumo humano.

No âmbito do trabalho municipal integrado de desenvolvimento local e de combate à pobreza, houve um esforço na aquisição de imputs e insumos agrícolas, para apoiar os camponeses integrados em associações e que praticam a agricultura nas valas dos rios. Também foi adquirido sementes de milho, massango e massambala para apoiar os camponeses associados.

Pólo de desenvolvimento agrário

No município do Virei existem três pólos de desenvolvimento agrícola, nomeadamente do Mucanga, Tchacuto e Cavelocamwe que, no passado, produziam, porque o lençol freático assim o permitia.
O administrador-adjunto do Virei, Narciso Sambo,  explicou que o lençol freático dos pólos baixou e, com isso, a água escasseou e toda a cultura, que de princípio os camponeses haviam lançado na terra, acabou por ser dizimada. Sublinhou que, com base nisso, o Governo e as autoridades da província envidaram esforços no sentido de recuperar os pólos, traçando estratégias para o reassentamento das próprias populações.

O responsável disse que foi a partir desta altura que foram construídas barragens de retenção das águas e a abertura de mais furos para a irrigação dos pólos, além de terem sido edificadas valas de revestimento para a irrigação das lavras.
Acrescentou que, também, houve o desmatamento de mais espaços nos pólos e nas zonas de expansão, para facilitar a inserção de mais famílias no sector da Agricultura, para mitigar a fome.

Apontou, como estratégias do Governo da Província e da Administração Municipal do Virei, a criação dos aldeamentos rurais para facilitar o reassentamento das pessoas, sobretudo os criadores de animais, em especial para as crianças.
Na localidade, segundo o administrador-adjunto, existem projectos em carteira de criação de reserva de pastos para os criadores de gado e apontou a criação de cozinhas comunitárias em várias áreas do município, como um dos elementos fundamentais para o reassentamento da população.

"A criação de cozinhas comunitárias faz com que as populações se concentrem numa só localidade e, com isso, torna-se fácil prestar a assistência e outros serviços, como a educação,  saúde, entre outros”, precisou.


  Frutos silvestres

A vice-governadora do Namibe para o sector Social, Político e Económico, Carla Maíza Tavares, considerou  a seca uma situação cíclica  que se regista no município do Virei, que tem a ver  com as características geoclimáticas daquela região, associada aos hábitos da população local que acabam influenciando na sua resiliência.
 Falando à imprensa sobre o fenómeno da seca e da fome que assola as populações do município do Virei, afirmou que, neste momento, se regista algumas dificuldades de escassez de alimentos no seio daquela população.

"Muito recentemente fizemos uma visita ao  município do Virei, onde confirmámos que já existem algumas dificuldades . Os hábitos alimentares da população naquela região são  com base em vegetais e também  frutos silvestres”, explicou.
Carla Maíza Tavares garantiu que o Governo da Província do Namibe vai continuar a prestar  apoio àquela população, do ponto de vista de assistência humanitária, sempre que houver  possibilidade.

"É do nosso interesse prestar assistência. Contudo, é preciso reiterar que temos uma característica muito própria naquela região, relativamente aos hábitos da  população e preocupa-nos transformar tais hábitos em algo mais sustentável, do ponto de vista de resiliência dessas populações ”, sustentou.

A vice-governadora lembrou que o Governo Provincial do Namibe e a Administração Municipal do Virei estão preocupados com a recuperação e instalação de sistemas de água e disse que está a ser feito, neste momento, um estudo em função das características da região para a localização das pessoas nestas zonas.
Assegurou que várias iniciativas, que visam alterar gradualmente os hábitos da população e transformá-la em comunidades, mais voltadas para a produção, estão em curso. O Governo trabalha em parceria com as ONG internacionais.

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