Cultura

Nguami Maka dá show por mais um aniversário

O percurso artístico do grupo Nguami Maka vai ser narrado, na primeira quinzena de Maio, com a realização de um espectáculo de música tradicional, que saúda, também, o 19º aniversário do grupo, assinalado ontem.

21/04/2021  Última atualização 12H00
Grupo está preocupado com o estado da música tradicional © Fotografia por: Paulo Mulaza| Edições Novembro
O espectáculo, sem uma data definida, acontece no campo multiusos junto à cadeia Hospital São Paulo, no bairro Nelito Soares, no Distrito Urbano do Rangel, em Luanda, informou, ontem, ao Jornal de Angola, o responsável do grupo, Jorge Mulumba.

Para saudar a data, contou, pretendiam realizar um encontro de reflexão sobre o estado da música tradicional, em parceria com outros grupos, mas foram impedidos devido à Covid-19. Actualmente sem recursos financeiros para um encontro de confraternização com os integrantes do grupo, estão simplesmente focados nos ensaios para participarem no concerto dos Kiezos, em mais uma edição do "Show do Mês”, da Nova Energia, a ter lugar sábado, em Luanda.
O legado

Apesar das dificuldades, Jorge Mulumba informou que o grupo tem procurado preservar o legado deixado por Kituxi, um dos mais importantes intérpretes do cancioneiro tradicional da região Kimbundu.
Sobrinho de Kituxi, Jorge Mulumba adiantou que é um dos herdeiros da nova geração de instrumentistas da música tradicional angolana. O percussionista e pesquisador criticou o actual retrocesso de muitos dos grupos tradicionais, que têm o compromisso de manter a matriz cultural.

"Apesar de estarmos atentos às grandes transformações, desenvolver projectos artísticos e manter contactos permanentes com outros grupos, essa é uma realidade cada vez mais preocupante”.Na música tradicional, acrescentou, existe um segmento, assente na preservação, valorização e divulgação da matriz cultural dos povos, mas que hoje, por falta de políticas internas dos próprios grupos, tem sido um dos obstáculos para a sustentabilidade deste género. "Precisamos ter uma cultura empreendedora, se quisermos sair da mendicidade e sermos capazes de nos auto-afirmar, sem estar dependentes de apoios”, alertou.

A importância dos grupos tradicionais se tornarem auto-sustentáveis é, para Jorge Mulumba, um passo fundamental à valorização e afirmação destes. "Precisamos transformar os grupos em empresas culturais lucrativas para evitarmos o desaparecimento da maioria”, apelou.Desde o surgimento da Covid-19, constatou, a situação dos grupos tradicionais do país ficou muito agravada. "Deixamos de ter espectáculos e ser convidados para actuar em cerimónias privadas, o que se tornou um problema, com repercussões maiores”, lamentou.
Próximo CD
A possibilidade do grupo Nguami Maka colocar mais um disco no mercado ainda este ano foi descartada por Jorge Mulumba. "Mas os temas, que vão fazer parte do próximo disco, já estão seleccionados”, revelou.Este ano, adiantou, está prevista, apenas, a produção do disco, que deve chegar ao mercado em 2022. "O grupo está a trabalhar em duas canções do futuro CD e uma delas vai definir o título”, disse. 
    Criado em Abril de 2002, o Nguami Maka é constituído por Jorge Mulumba (voz, hungo, puíta, lata e kissanji), João Eliseu (dikanza), Pascoal Caminha (mukindo), Paulo Venâncio (ngoma base) e Fernando Francisco (ngoma solo).Para além da lata e do kissanji, o grupo utiliza, também, nas composições outros instrumentos, como  a ngoma, que teve uma função de suma importância ao longo da história e na origem da Música Popular Angolana. 

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