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Nigerinos vão hoje a votos para eleger novo Presidente

O Níger vai escolher hoje entre dois “pesos-pesados” da sua vida política, numa votação para a segunda ronda presidencial, aquele que será o seu Chefe de Estado, noticiou a AFP.

21/02/2021  Última atualização 12H43
Mahamadou Issoufou dá exemplo ao abdicar de concorrer voluntariamente após dois mandatos © Fotografia por: DR
O Níger debate-se com uma economia pobre e com as insurgências jihadistas que se espalharam desde o Mali e da Nigéria. Apesar desses fardos esmagadores, o país está a caminho de uma transferência pacífica de poder entre Presidentes eleitos, a primeira desde a independência da França em 1960.
A decisão do Presidente cessante, Mahamadou Issoufou, de renunciar voluntariamente após dois mandatos de cinco anos foi bem recebida numa região onde muitos líderes tentam agarrar-se ao poder. "Entregar o poder em 2021 a um sucessor eleito democraticamente será a minha maior conquista”, disse recentemente Issoufou à AFP.

O seu sucessor será o seu braço direito, Mohamed Bazoum, ou Mahamane Ousmane, que se tornou o primeiro Presidente democraticamente eleito do país em 1993, apenas sendo derrubado num golpe três anos depois. Ousmane, de 71 anos, concorre à Presidência pela quinta vez.
Ambos os candidatos são baluartes da cena política do Níger, onde apenas alguns homens lutaram pelo poder na última década, forjando alianças e rompendo-as com a mesma rapidez.

Ganhar votos, por si só, nem sempre levou ao poder, num país onde houve quatro golpes militares e seis eleições desde a independência. Mas as alianças políticas podem surgir inevitavelmente, onde Bazoum aparece como favorito após ganhar com 39,3 por cento dos votos na primeira volta, em 27 de Dezembro.

O ex-ministro do Interior, de 60 anos, selou o apoio dos candidatos que ficaram em terceiro e quarto na primeira volta. "Bazoum tem uma coligação que deve vencer se as instruções de voto dos partidos que o apoiam forem respeitadas pelos seus apoiantes”, disse Ibrahim Yahya Ibrahim, membro do grupo de reflexão International Crisis Group (ICG). Mas, advertiu, está "muito longe de ser ganho”.

Ousmane conseguiu quase 17 por cento na primeira volta. Ele pode contar com o apoio de uma coligação de 18 partidos da oposição chamada Cap 20-21, bem como de Hama Amadou, que antes era considerado o candidato mais forte contra Bazoum, mas que foi impedido de concorrer devido a uma sentença de prisão por tráfico de bebés, que ele considerou ter uma motivação política.
Na altura, a oposição interpôs recurso, sem sucesso, contra o resultado da primeira volta das presidenciais, alegando a existência de "fraude”.


 Maior taxa de natalidade do mundo

Bazoum fez campanha pela continuidade do regime anterior, que prometia desenvolvimento num país que luta pela maior taxa de natalidade do mundo, com uma média de sete filhos por mulher. Apenas 7,4 milhões dos 22 milhões de habitantes do país podem votar hoje, uma vez que os restantes são menores de idade. Um imenso desafio de segurança também aguarda aquele que sair vencedor: a insurgência jihadista está a intensificar-se no Oeste do país, enquanto militantes islâmicos do movimento nigeriano Boko Haram realizam ataques incessantes no Sudeste. Como os seus vizinhos do Sahel, Mali e Burkina Faso, o Níger está cada vez mais empenhado para lidar com a situação.

Centenas de soldados foram mortos e centenas de milhares de pessoas fugiram de suas casas desde o início do ano passado.
Um alto funcionário do Ministério da Defesa disse à AFP que milhares de elementos das forças de segurança foram destacados para proteger o dia da votação, "especialmente em áreas propensas à insegurança”, enquanto as fronteiras do Níger estão fechadas por 24 horas.

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