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O Festival da Primavera e a ida à terra

A maior preocupação para muitos chineses é saber se o recente aumento no número de casos de Covid-19 e alguns pequenos surtos que levaram a duas mortes em Janeiro vão permitir aos seus familiares deslocar-se pelo Ano Novo.

12/02/2021  Última atualização 19H28
Deslocações condicionadas © Fotografia por: DR
É o caso de Wang Cuilan, que, com o marido, gere uma das bancas vizinhas da de Gong no mercado de Wuhan. Com as vendas de decorações neste ano a serem ainda piores do que as do ano passado - em 2020, o confinamento em Wuhan só foi decretado dois dias antes do Ano Novo, quando a maior parte das pessoas já tinham comprado os adereços para as festas -, a vendedora receia mesmo é que a filha de 26 anos não a possa vir visitar.

A filha de Wang trabalha na vizinha província de Hunan e, como milhões de chineses, quer aproveitar as férias para ir a casa - para muitos destes trabalhadores migrantes a única vez no ano em que voltam à terra natal.
Em 2020, as autoridades estimam que estas férias - um período identificado como Festival da Primavera, ou Chunyun, em chinês, e que vai de 28 de Janeiro até 8 de Março, para permitir longas deslocações até à terra e depois o regresso à cidade - tenha tido um papel na disseminação do vírus. Hoje, o Governo debate-se no dilema entre convencer as pessoas a ficarem em casa, sem cancelar a maior celebração anual no país.

Num ano normal, estamos a falar de cerca de três mil milhões de viagens neste período. Em 2020, com o vírus a ganhar força e o Governo a restringir já alguns movimentos, o número caiu para metade, segundo o Ministério dos Transportes. Mas neste ano, os responsáveis chineses acreditam num aumento, para perto de 1700 milhões de viagens.

E estão a preparar-se para isso: Pequim divulgou um plano para vacinar 50 milhões de pessoas - 3,5% dos 1400 milhões de chineses - antes das férias. Além disso, quem regressar às zonas rurais tem de ter um teste negativo feito nos últimos sete dias. Mesmo assim, terá de cumprir 14 dias de "observação", nos quais não está proibido de sair, mas tem de medir a temperatura duas vezes por dia e não pode participar em ajuntamentos.

  Macau

Macau também se prepara para a festa. Na região administrativa especial devolvida em 1999 por Portugal à China, mas oficialmente bilingue, "há um ano entrávamos numa pandemia que muitos julgávamos que pudesse estar resolvida no Verão, tendo como referência a SARS em 2003. Doze meses volvidos, vivemos dias ainda de apreensão, mas mais pelo panorama internacional do que pela situação local.

Macau continua desde Junho sem qualquer caso local e o único caso activo é de uma passageira que testou positivo à chegada, estando em isolamento. A forma bem-sucedida como as autoridades geriram esta crise de saúde pública coloca Macau num grupo muito restrito de jurisdições", explica José Carlos Matias. Para o director da revista "Macau Businness”, "existe um ambiente de satisfação e confiança na gestão da crise de saúde pública.

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