Cultura

O mundo financeiro e as criptomoedas

A transformação digital não só impactou as nossas vidas como também revolucionou e acelerou a economia digital, o processo de fazer negócio, rompendo sobremaneira com os tradicionais conceitos e estruturas económicas da intermediação e meios de pagamentos.

18/04/2021  Última atualização 06H00
© Fotografia por: DR
A economia digital tem impactos directos nas plataformas tecnológicas monetárias mais avançadas, resultando assim numa ordem concorrencial diversa. As moedas digitais, conhecidas como "criptomoedas”, foram desenvolvidas nos anos 90 pelo engenheiro informático Wei Dai, para poder realizar transacções, usando a criptografia, de forma a garantir a autenticidade das transferências e dos seus agentes. Hoje tornaram-se de uso global. Embora existam, actualmente, mais de mil criptomoedas, a mais afamada é a chamada bitcoin.

De acordo com o site bitcoin.org, as criptomoedas servem para fazer transacções do destinatário A para o B sem se precisar de uma autoridade reguladora, como acontece com o dinheiro nos bancos. As pessoas que têm as bitcoins usam plataformas digitais para as suas transações e não especificamente um banco reconhecido pelo Banco Mundial.

Por ter essa característica ágil, as bitcoins têm levantado a curiosidade de muitos, que querem investir na  compra de moeda digital para poder beneficiar-se nas transações comerciais de grande e pequeno vulto, e servir-se da mesma também como um meio de poupança para preservação do poder de compra no futuro. Sendo que nos últimos tempos, as bitcoins ganharam grande notabilidade, criando um impacto relevante no mercado financeiro. Todavia, devido à grande volatilidade dos preços, até ao momento as bitcoins ainda não conquistaram o estatuto de unidade de conta.

Apesar de muitos países fazerem o uso de bitcoins, ainda assim essa moeda não é reconhecida por uma entidade reguladora. No entanto, a sua revolução tem-se expandido silenciosamente no mundo e, particularmente, em África. A Nigéria, actualmente, é o país africano que mais transações faz com os bitcoins, seguido da África do Sul e do Quénia. Este último país está a estudar a possibilidade da implantação de um imposto digital, visto que muitas empresas se beneficiam da tecnologia para não serem tributadas.


Em Angola
No contexto angolano as bitcoins são utilizadas por um número reduzido de pessoas, talvez por incerteza da legitimidade do uso da moeda ou falta de conhecimento. José Massano, o Governador do Banco Nacional de Angola, que foi orador no webinar sobre "Inclusão Financeira e Globalização”, promovido pela Academia de Santa Catarina, deu a conhecer que existe uma equipa que está a estudar a modalidade de pagamento com dinheiro criptográfico para aferir se é aceitável para Angola (Angop 30/09/2020). Entrementes, em Angola podemos encontrar a moeda digital nacional (não regulamentada pelo BNA) denominada Yetucoin, recentemente disponibilizada pela Yetubit Exchange, empresa de direito angolano (https://yetubit.com/). A Yetucoin  serve de auxílio às empresas e entidades individuais para pagamento de serviços ou produtos adquiridos no exterior.

Existem algumas previsões que apontam para as bitcoins como o dinheiro do futuro, devido às compras milionárias de bitcoins feitas por empresas internacionais e de renome no mundo dos negócios, como foram os casos recentes, em que a empresa norte-americana Tesla comprou US$ 1,5 bilhão em bitcoins e a empresa Paypal passou a aceitar bitcoins nas suas operações. O facto de grandes empresas passarem a aceitar a bitcoin como método de pagamento transmite mais credibilidade e confiança às criptomoedas, ficando mais difícil para os governos intervirem no funcionamento da moeda. Porém, convém frisar que, como todas as previsões do tempo são incertas, igual ao clima da Inglaterra, apostar num investimento como este continua sendo um risco.

Todavia, como diz o velho provérbio, "quem não arrisca não petisca”.  Sendo assim, e de uma forma muito simples, caso o dilecto leitor tiver alguma curiosidade sobre o tema e deseje investir em bitcoins, sugiro que primeiramente se auto-capacite profundamente. E, tão logo se sinta seguro, arrisque. E, quiçá, quem sabe, irá obter o tão almejado petisco.

*Consultora de carreira e negócios

Tânia J.A Costa*

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