Opinião

Os fins e os meios

O jogo político, como sucede algumas vezes, esbarra na ideia do vale tudo em que os actores políticos, confrontados com a necessidade de efectivação de alguns fins, se socorrem de todos os meios.

06/04/2021  Última atualização 08H04
A política, tal como defendem muitas vozes, deve e pode ser feita também com estrito respeito pelas normas legais, por espécies de acordos ou compromissos tácitos que vinculem os actores, baseados na ética. Contrariamente ao pensamento segundo o qual a ética está dissociada da vida política, na verdade, para uma boa imagem e credibilidade dos actores políticos, bem como para o exercício pedagógico que envolve "fazer política”, há um conjunto de valores a observar neste exercício.

Todos aqueles que escolheram fazer e estar na política, uma actividade nobre independentemente das situações menos boas a elas associadas, devem fazer prova de que respeitam as regras do jogo que ela impõe, tratam com cordialidade os adversários e erguem pontes em detrimento de muros.
O recurso à difamação, injúria, calúnia, bem como o uso sistemático da mentira como ferramenta de trabalho mais do que proporcionar ganhos aos utentes, apenas acaba por expô-los e levar a audiência a retirar as ilações que se impõem.

Nos últimos tempos, temos assistido a um conjunto de procedimentos, actuações e posições públicas de figuras políticas, marcadas por excessos que precisam de reduzir na proporção directa em que nos aproximamos aos ciclos eleitorais.

Não é  digno de um político da oposição, com responsabilidades acrescidas, fazer referências à vida privada de uma homóloga, arriscando-se, sem necessidade, de ser responsabilizado civil ou criminalmente. Chamar nomes em hasta pública, incorrendo eventualmente nos chamados crimes contra a honra das pessoas, não fica bem a qualquer político, qualquer que sejam as razões. Nem fica bem do ponto de vista dos bons costumes, dos valores e tradições dos povos Bantu, activos estes que, como se espera, devem também fazer parte do exercício político em Angola.

O cenário político está a tornar-se exigente para todos os intervenientes e numa altura em que se aproxima o ciclo eleitoral não há dúvidas de que, entre outros, o mais importante é que os actores políticos cumpram com o seu papel sem recorrer ao vale tudo ou à ideia de que os fins justificam os meios, como forma de ser  e estar na política.

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