Mundo

OTAN inicia hoje retirada de forças

A OTAN começa, hoje, a retirada das suas forças do Afeganistão. É a conclusão da “Missão Apoio Resoluto”. O início da retirada foi tornado público em meados de Abril deste ano pela Casa Branca.

01/05/2021  Última atualização 15H19
A retirada das forças aliadas termina em Setembro deste ano © Fotografia por: DR
Segundo a Agência France Press, por razões de segurança, não há dados sobre as etapas de saída dos contingentes das diversas nações.

Esperam-se ataques. Haverá, por isso, um dispositivo de segurança reforçado. O Exército afegão diz estar preparado para resistir sem a presença da Aliança Atlântica. "Aprendemos algumas tácticas novas dos nossos instrutores estrangeiros. Vamos usar as tácticas de guerra nas nossas operações futuras, na época de combates da Primavera”, explica um militar afegão.

O Presidente norte-americano anunciou, em meados de Abril, que a missão tinha sido cumprida e que a conclusão da retirada estava prevista para 11 de Setembro, data simbólica, já que os Estados Unidos e a OTAN intervieram contra a al-Qaeda naquele país depois dos atentados contra as torres gémeas em 2001. A operação tornou-se, também, possível depois do acordo de Fevereiro de há um ano, sob a Presidência de Donald Trump, que previa a retirada se os talibãs cortassem ligações com grupos terroristas, participassem em negociações inter-afegãs para um cessar-fogo permanente e estabelecessem um roteiro político para o país.

Receio de novo conflito
Entretanto, o Governo afegão receia o pior, uma vez terminada a retirada das forças da Aliança. O objectivo das forças europeias, norte-americanas e da comunidade internacional era lutar contra o terrorismo global através da implementação de processos democráticos no país acompanhados por medidas de reforço da confiança a fim de derrotar a Al Qaeda e os talibãs.

Caberá, agora, ao Exército afegão controlar a situação. Os avanços democráticos são frágeis enquanto os talibãs estão mais fortes do que nunca.

"Sem flexibilidade é impossível chegar a um acordo de paz com os talibãs, mas há questões e linhas vermelhas que os afegãos não estão preparados para negociar, essas linhas vermelhas podem ser a defesa e as forças de segurança do Afeganistão, os direitos humanos, os direitos das mulheres, a liberdade de expressão e a Comunicação Social”, afirmou Mir Haider Afzaly, presidente da Comissão de Defesa do Parlamento do Afeganistão.

A União Europeia forneceu a Cabul apoio em infra-estruturas para a reconstrução da sociedade afegã incluindo as agências de segurança e a Polícia.

A estabilidade do Afeganistão ainda é relevante para a segurança da União Europeia. Por isso mesmo, Bruxelas quer introduzir as suas próprias condições.
"Trata-se da substituição da força militar por um acompanhamento político e, por isso é preciso que os europeus e os aliados coloquem as suas condições. O apoio financeiro ao Afeganistão deverá estar condicionado a essa questão”, defende a eurodeputada Maria Arena, presidente do Comité dos Direitos Europeus.

É impossível criar estabilidade no Afeganistão sem consenso e a cooperação de potências externas. Sucedem-se apelos no sentido de a União Europeia aumentar os contactos diplomáticos com países vizinhos como é o caso do Paquistão e Irão, ambos patrocinadores de facções militares agressivas. Divisões étnicas, religiosas e tribais podem regressar ao conflito e os talibãs podem capturar a capital como aconteceu em 1996.

A intervenção da OTAN custou muitas vidas entre os soldados enviados para o terreno.
A população civil viu-se apanhada no fogo cruzado. Muitos não tiveram alternativa senão fugirem.
A analista do Colégio da Europa, Shada Islam, afirmou que Bruxelas deve preparar-se para o pior.

"Infelizmente prevejo que os refugiados afegãos venham a ter que abandonar as suas casas, ocorrerá um novo fluxo de refugiados para o Irão, daí para Turquia e da Turquia para a União Europeia. Penso que a UE devia começar já a preparar campos de assentamento e a preparar auxílio humanitário”, afirma a analista.
Pelo menos, 2,7 milhões de afegãos abandonaram o país e contam-se entre os principais requerentes de asilo em muitos países europeus. Constituem igualmente a maioria dos migrantes na rota dos Balcãs e nos campos de refugiados no Mar Egeu.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Mundo