Coronavírus

Países africanos defendem produção local de vacinas

O Rwanda, a África do Sul e o Senegal estão entre os países da África Subsaariana que mais têm defendido a construção de fábricas de vacinas e medicamentos para evitar as actuais dificuldades de distribuição.

10/05/2021  Última atualização 08H30
© Fotografia por: DR
"A única maneira de garantir uma distribuição equitativa de vacinas é produzir mais do que as que são necessárias; enquanto a África estiver dependente de outras regiões para ter acesso a vacinas, vamos estar sempre no fim da fila cada vez que houver escassez”, disse o Presidente do Rwanda, Paul Kagame, citado pela agência de informação financeira Bloomberg.

Enquanto as nações mais desenvolvidas estão bastante avançadas no processo de distribuição de vacinas, a maioria dos países africanos estão praticamente sem stock e conseguiram apenas dar o equivalente a 2 por cento das vacinas a nível mundial, segundo os dados do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças.

No continente, há menos de dez produtores de vacinas, em países como o Egipto, Marrocos, Tunísia, Senegal e África do Sul, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, e na maior parte destas fábricas o trabalho é empacotar e etiquetar, e não propriamente fabricar as vacinas, o que faz com que o continente esteja mal preparado para fazer e administrar vacinas em tempos de crise.

A suspensão das patentes relativas às vacinas para a Covid-19 já vinha a ser defendida há várias semanas por alguns países, mas conheceu um importante desenvolvimento na semana passada, quando os Estados Unidos mudaram de posição e começaram a defender junto da Organização Mundial da Saúde a suspensão desta exclusividade de venda que serve para compensar os custos de investigação.

Quase uma centena de países, liderados pela Índia e pela África do Sul, pediram a suspensão das patentes e a partilha dos procedimentos de criação da vacina, mas outros países e as farmacêuticas opuseram-se.
A campanha "é compreensível tendo em conta a experiência passada e presente de esperar na fila para receber medicamentos e vacinas que salvam vidas”, disse a directora-geral da OMC, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, acrescentando que os membros da Organização "devem aumentar a produção das vacinas agora e também procurar resultados pragmáticos” sobre a protecção dos direitos de propriedade intelectual.

Para o presidente da Iniciativa África de Produção de Vacinas, "a pandemia de Covid-19 é uma grande oportunidade para fomentar as várias conversas e propostas sobre a produção de vacinas e transformá-las num guia de acção”.
Segundo William Ampofo, o aumento da produção de vacinas em África vai facilitar a imunização das doenças infantis e controlar os surtos de doenças altamente infecciosas.

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